Por dentro do jogo Inter 2 x 1 Athletico PR Vitória, força aérea ofensiva e sufoco

O jogo
A partida iniciou com o Inter tentando ser agressivo nas ações. Marcando alto, pressão, tentando acelerar quando recuperava a bola. Já com a posse, iniciando a jogada, a construção colorada continua precisando de ajustes. Mesmo sem tanta fluidez tática, cedo o Inter encontrou seu primeiro gol. Heitor (em grande fase) nem precisou ir até a linha de fundo para dar assistência. De um escanteio curto, fez um excelente cruzamento da intermediária, que encontrou o bom posicionamento de Galhardo. De outro cruzamento da Intermediária, surgiu outro gol de cabeça, dessa vez de Abel. Pelo chão, o time demonstrava muitas dificuldades para criar. O meio-campo sem muita movimentação, não aproximava-se de Galhardo e Abel. Patrick fez um bom jogo, dominando o setor esquerdo e usando de sua jogada habitual, a condução pelo corredor. Porém, Praxedes e Marcos Guilherme não conseguiram acompanhá-lo, ficando muito abaixo tecnicamente. A dupla errou muitos passes e com pouca inspiração, deixaram o time sem trabalho de bola. Existia somente aquela já conhecida troca de passes na linha defensiva, que até esteve menos lenta, mas longe de ser a ideal. Ainda que sem muita inspiração e coletividade para atacar, a intensidade para defender fazia com que ao menos controlássemos o jogo. Novamente em um erro de saída, tomamos um gol. Na segunda etapa Coudet conseguiu piorar a equipe com suas substituições. Musto e Lindoso juntos, destruíram a pouca dinâmica que existia no meio campo, deixando o time lento e burocrático, pois são carimbadores de bola, com excessivos passes laterais. Com a entrada de Pottker perdemos ainda mais o contra ataque, e o Athletico veio pra cima. Pós substituições, o Inter inexistiu ofensivamente, algo que até melhorou com a entrada de D’Alessandro e Yuri, mas nessa altura o Inter já tinha baixado as linhas em demasia. Não fossem as defesas de Lomba no final, não teríamos vencido.

Imagens: Ricardo Duarte / Sport Club Internacional

Ação ofensiva
A construção colorada anda muito previsível. Aquela movimentação da linha de 3 meias que já foi algo a ser elogiado, ontem foi burocrática. Patrick “arrasta” o jogo pelo lado esquerdo e ficamos refém de que alguma bola chegue em Galhardo em condições de finalização. Não houve combinação de jogadas, ultrapassagens, infiltrações. Moisés é peça nula ofensivamente. Heitor, crescendo tecnicamente, consegue ser boa opção de ataque. Mas poderia crescer ainda mais, se taticamente o time estivesse mais encaixado, com laterais tendo liberdade para serem pontas, dando amplitude e profundidade pelos lados, algo que Coudet não abria mão em seu esquema. Se repararmos, os cruzamentos de Heitor são da intermediária, muito mais virtude técnica sua, do que jogada trabalhada. Marcos Guilherme não consegue entregar qualidade. No meio de campo não basta só ter intensidade. Transpiração sem inspiração não resolve os problemas do meio campo colorado. Praxedes jogou na sua, centralizado, mas não repetiu algumas boas atuações que já teve. Perdido e errando muitos passes, não conseguiu contribuir. Abel e Galhardo cumpriram seu papel. Tentaram segurar a bola no ataque, na maioria das vezes recebendo a bola de costas e pelo ar. Chama a atenção, a força aérea colorada: os últimos 4 gols marcados de cabeça. A bola aérea deve ser uma alternativa de ataque, porém vem se tornando nossa única forma contundente de atacar, o que deixa claro que o time ainda precisa evoluir muito no jogo pelo chão, com triangulações e jogadas combinadas no terço final.

Ação defensiva
A intensidade, aos poucos, vem retornando, o perde-pressiona tem sido mais agressivo nos últimos jogos. Porém, aquela retomada de bola no campo ofensivo não aconteceu ontem. Talvez por ter feito um gol cedo, o time baixou as linhas e preferiu esperar, administrar. Mas a postura defensiva era o que justamente nos chamava a atenção na pré-pandemia. Continuar marcando alto, pressão, mesmo ganhando o jogo, é o comportamento que esperávamos ver. Um time agressivo, que busca a bola em todo momento para jogar. Ontem, novamente, Coudet foi contra sua própria linha de pensamento. Tirou a intensidade da equipe no segundo tempo, baixando as linhas, tornando-se um time reativo. Marcação passiva e, ainda quando retomávamos a bola, o time não tinha força e velocidade para transição ofensiva. Musto e Lindoso juntos, não são garantia de segurança defensiva. Pelo contrário, dois jogadores lentos e faltosos podem agravar o perigo com a bola rondando nossa área. Sem saída veloz, o time sempre acaba encaixotado pelos adversários. Ontem, se não fosse Lomba, teríamos tido sorte pior.

Ficha técnica:

Internacional (2): Marcelo Lomba; Heitor (Rodinei), Zé Gabriel, Victor Cuesta e Moisés; Rodrigo Lindoso, Marcos Guilherme, Praxedes (Musto) e Patrick (Pottker); Thiago Galhardo (Yuri Alberto) e Abel Hernández (D’Alessandro). Técnico: Eduardo Coudet.

Athletico-PR (1): Jandrei; Jonathan (Walter), Pedro Henrique, Thiago Heleno e Abner; Richard (Alvarado), Erick (Ravanelli), Christian e Léo Cittadini (Pedrinho); Carlos Eduardo (Fabinho) e Renato Kayzer. Técnico: Eduardo Barros.

Gols: Thiago Galhardo, aos 6min do primeiro tempo, e Abel Hernández, aos 36 minutos do primeiro tempo (I). Renato Kayzer, aos 41 minutos do primeiro tempo (A).

Cartões amarelos: Heitor e D’Alessandro (I).

Estádio: Beira-Rio.

spot_img

LEIA MAIS

- Conteúdo Pago -spot_img