A notícia sobre o recurso do ex-presidente Bolsonaro ao STF é bem interessante e levanta vários pontos para reflexão. O que a defesa do parlamentar está alegando, basicamente, é que houve falhas no julgamento que o condenou pelos atos de 8 de janeiro. Eles mencionam “cerceamento de defesa”, que seria como não ter tido a chance de se defender plenamente, e questionam a delação do tenente-coronel Mauro Cid, dizendo que ela foi “viciada e contraditória”. Além disso, apontam um erro jurídico na aplicação das penas.
É importante entender o que são esses embargos de declaração. Pelo que entendi, é um tipo de recurso que a defesa usa para solicitar esclarecimentos sobre a decisão ou para corrigir alguma coisa que eles consideram que não ficou clara ou que foi mal aplicada na decisão. Geralmente, eles não costumam mudar muito a dimensão da pena, mas permitem limpar a decisão. A pena que a defesa quer reduzir é de 27 anos e 3 meses. Isso é um tempo considerável, e a busca por essa redução é natural em qualquer processo.
Objetivo de diminuir o tempo de pena
Em setembro, o STF, o Supremo Tribunal Federal, condenou o ex-presidente Bolsonaro por cinco crimes: golpe de Estado, tentativa de abolir a democracia, organização criminosa, dano e deterioração de patrimônio. A maioria dos ministros decidiu que ele liderou um grupo para tentar se manter no poder após perder as eleições.
Essa notícia mostra que o processo judicial é complicado, com várias fases e chances de recorrer. Agora, vamos acompanhar o que o STF vai decidir sobre os recursos apresentados e quais serão os próximos passos. A defesa de Bolsonaro está levantando um ponto importante: eles acham que os crimes de tentativa de abolir a democracia e golpe de Estado são, na verdade, a mesma coisa no caso dele.
A ideia é que, se o objetivo final era dar um golpe para ficar no poder, então a tentativa de acabar com a democracia foi somente um jeito de fazer isso. Pois a defesa lembra que até a decisão do tribunal reconheceu que houve um plano único e uma sequência de ações. Por isso, eles acham que não faz sentido punir por cada um desses atos separadamente. É como se a defesa dissesse: Vocês já o condenaram pelo plano maior do golpe, então não podem punir de novo pela tentativa de bagunçar a democracia, porque isso já estava incluído no golpe.
Essa argumentação permite evitar que ele seja punido duas vezes pelos mesmos atos. É uma tática comum em recursos, onde a defesa tenta mostrar que a condenação original foi exagerada, tratando como crimes separados o que, na verdade, faz parte de um único crime maior. Vamos ver como o STF vai analisar essa questão. Se eles concordarem que os atos são interdependentes e não crimes independentes, esse argumento pode ser muito importante.
Evolução da situação
Os próximos passos são importantes, pois o STF não tem um prazo fixo para julgar esses recursos, mas eles geralmente passam pelo relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes. O ministro pode solicitar a opinião da Procuradoria-Geral da República antes de decidir. A expectativa é que Moraes encaminhe para que o julgamento desses questionamentos seja marcado, possivelmente com o presidente da Primeira Turma, ministro Flávio Dino.
E o que é mais relevante é o que pode acontecer depois: se esses embargos forem considerados “protelatórios”, ou seja, que a defesa está somente tentando ganhar tempo, o STF pode decidir que a pena já pode começar a ser executada, o que significaria a prisão. A expectativa geral é que esses recursos sejam julgados ainda este ano, abrindo caminho para o início do cumprimento da pena.
Foto: Divulgação



