spot_img

A arbitragem no Gauchão está virando um mercado de influência?

O futebol gaúcho vive um de seus momentos mais conturbados, mas, ao invés de se discutir a qualidade técnica das equipes, a grande pauta parece ser a arbitragem. Clubes, dirigentes e até torcedores estão mais focados em supostos erros e influências externas do que no desempenho dentro das quatro linhas. Mas será que essa polêmica esconde algo maior?

A nova tendência: Condicionar a arbitragem

O que antes era um recurso ocasional parece ter virado uma estratégia de bastidor. Se um clube se sente prejudicado, logo há uma movimentação para expor, criticar e, de certa forma, pressionar a arbitragem. Esse tipo de “condicionamento” serve para encobrir falhas internas? É apenas um jogo psicológico para futuras partidas?

A recente declaração de Edson Berwanger, diretor das categorias de base do Grêmio, alegando que “o Gauchão 2025 está sob suspeição”, reflete esse cenário. Dias antes, D’Alessandro havia feito críticas à arbitragem e foi duramente contestado por dirigentes gremistas. Agora, as posições se invertem, e a polêmica continua.

Mas, no fim das contas, essa postura apenas reforça uma verdade inconveniente: os clubes estão mais preocupados em esconder seus desempenhos abaixo do esperado do que em apresentar um futebol de qualidade.

A crise do Gauchão: Estruturas precárias e pouca competitividade

Outro ponto que deve ser discutido é a real necessidade do Campeonato Gaúcho nos moldes atuais. Se a dupla Grenal e a dupla Caju (Juventude e Caxias) dominam a competição e sempre chegam às fases finais, qual o sentido de um torneio que parece ter um destino previsível?

Além disso, muitos times do interior enfrentam dificuldades estruturais sérias. Como podemos cobrar um nível técnico mais alto se alguns clubes não possuem sequer condições adequadas para receber a imprensa, muito menos para desenvolver um futebol competitivo? A FGF trabalha como “funcionário” da dupla Grenal ou como uma Federação séria que se preocupa com o futebol no Estado?

Se a ideia é fortalecer o futebol do estado, por que não criar alternativas? Talvez um formato diferente, que incentive os times do interior e ao mesmo tempo permita que os grandes clubes usem suas categorias de base sem desvalorizar a competição, aliás, Grêmio e Inter deveriam utilizar o sub-15 para jogar esta competição que só gera lesões, estresse, desgaste físico e mental.

Arbitragem sempre erra – e sempre errará

Outro ponto central da discussão é a arbitragem. O erro faz parte do jogo, mas a falta de profissionalização no Brasil agrava a situação. Os árbitros não têm estrutura, não são full-time e, muitas vezes, não recebem a qualificação necessária para apitar partidas de alto nível.

Se a CBF e as federações estaduais querem um futebol mais justo e com menos polêmicas, a profissionalização da arbitragem deveria ser uma prioridade. Enquanto isso não acontece, a discussão seguirá sendo a mesma: clubes reclamando, dirigentes apontando falhas e torcedores alimentando a rivalidade além das quatro linhas.

No fim das contas, a pergunta que precisa ser feita é: o Gauchão realmente vale tanto assim para a dupla Grenal e a dupla Caju? Se a arbitragem sempre será um problema, qual a real solução?

O futebol precisa voltar a ser decidido dentro de campo, com técnica, tática e inteligência. Dirigentes devem parar de esconder falhas e buscar soluções reais, ao invés de condicionar a arbitragem para justificar desempenhos fracos.

A arbitragem erra? Sim. O futebol gaúcho está cada vez mais mercantilizado? Talvez. Mas, no fim, quem deve fazer a diferença são os jogadores – e não a arbitragem.

 

spot_img
Wagner Andrade
Wagner Andradehttps://realnews.com.br/
CEO | Jornalista | Comunicador | Narrador | Te ajudo a fortalecer a marca da sua empresa através da comunicação
- Conteúdo Pago -spot_img