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O Novo Tenentismo

                Na coluna desta semana convido ao leitor a refletir se de fato estamos em um momento crítico à nossa Democracia , entendo que existe forte movimentação para um ápice patriótico que há muito não se via, será que de fato essa diferença entre Poderes irá trazer o risco da perda de alguns direitos fundamentais ?

          Tenho em meu pensamento que tropas militares nas ruas não são sinal de tranquilidade, ordem e lógico de momentos de liberdade, assim explico, entendam que em qualquer lugar do mundo, soldados são treinados para dominar e ímpor uma ordem aos interesses de seu Comandante, seja para mantença da autonomia e segurança de um governo ou para retirar um, pois, o que importa é a soberania a qualquer custo.

               Os fatos atuais muito me lembram o quase centenário início do Tenentismo (1922),mas desta vez com significado de apoio ao governo, me imagino se os caminhoneiros e demais simpatizantes do Governo são as novas Colunas do Tenentismo (Prestes , Morte e Fênix) .

           Como não deixar de mencionar sobre Levante do Forte de Copacabana , onde 18 corajosos resistiram até o final dentro dos 3000 revoltosos no país. Este evento histórico foi liderada pelo tenente-coronel Euclides Hermes da Fonseca, filho do Marechal Hermes da Fonseca, que não cedeu aos costumes da Velha República, este grupo de tenentistas possuíam ideais positivistas, estavam ligados às forças armadas, lutavam por uma política democrática de forma que se posicionavam contra o governo e o sistema oligárquico vigente que era um poder concentrado nas mãos das elites agrárias tradicionais.

             As revoluções de 1924, que representavam a continuidade e o amadurecimento do levante de 1922, formaram um complexo de movimentos armados, insurreições e tentativas de golpe, frouxamente articulados em termos organizacionais, mas unificados ideologicamente e liderados pelos tenentes.

           No passado os combatentes das Colunas acreditavam que precisavam derrotar o presidente Artur Bernardes, que, para eles, representava todos os males. Lutar contra o Bernardes era lutar por liberdade, fizeram essa façanha com o maior heroísmo, desmentindo essa história de que o brasileiro não é de luta, mostrou que os setores mais simples, pobres e do povo brasileiro lutam com muita garra quando acreditam na causa pela que estão lutando e encontram lideranças nas quais eles acreditam e confiam.

            Curiosamente no passado , na pauta dos tenentes não mais falavam em nome do Exército, como em 1922. Supunham representar os “interesses nacionais” e propunham o seguinte programa político: voto secreto, combate à corrupção administrativa e à fraude eleitoral, verdadeira representação política, liberdade de imprensa e pensamento, limitação das atribuições do Poder Executivo e restabelecimento do equilíbrio entre os três poderes, ampliação da autonomia do Poder Judiciário, moralização do Poder Legislativo, centralização do Estado e correção dos excessos da descentralização federativa. Problemas do passado parecidos com os atuais mas em outro prisma e direcionamento.

                Mas e agora quem é o inimigo da Democracia? Será um poder específico, uma pessoa, um grupo, uma idéia ou um ato atentório ? Para responder isso com certeza muitos que lerem indicarão algo que lhe venham a mente de cada um, se querem saber a minha resposta eu não a farei mas deixarei um curto comentário que pode ser cruel e decepcionante – o inimigo somos nós mesmos .

             Vejo que a falta de interesse no passado , que agora somente surge como a culpada disso, porque todos tem algo a perder e dar valor , temos medo principalmente da nova liberdade num mundo tão dinâmico, pois bem, quantos de nós fomos antipatriotas e entregamos para qualquer um apenas para cumprir uma obrigação de votar ?, quantos de nós exigimos direitos mas não cumprimos nossos deveres ? Quantos de nós teve o hábito de respeitar nossos símbolos nacionais e amar de fato o nosso país ? .Misturamos culturas de outros países que acreditávamos serem exemplos e assim perdemos a nossa identidade, valores e costumes.

          Num mundo de aparências, falsos moralismos, valores distorcidos, regressamos ao passado para resgatar conceitos esquecidos. Ser conservador, liberal, progressista, direita, esquerda, comunista enfim o nome que quiser dar na ideologia que entende ser boa para você. ENTENDA !!!!!! Que a Democracia não é a vontade absoluta e sim uma união de vontades com objetivos comuns, onde todos tem a possibilidade de serem acolhidos.

              Concluo dizendo que a Democracia não é o período legislativo de um Governo ,é algo intocável por qualquer governante ou autoridade, é o bem maior que nos faz existir como Brasileiro, em nossos costumes e opiniões, em nossa liberdade de trabalho, expressão e qualquer manifestação dentro da legalidade da ordem existente. Assim como no passado e igualmente aos Tenentistas é preciso ter a coragem e virtudes para lutar pela justiça, liberdade e condições dignas que formam um povo livre.

Sobre o Autor : Advogado , Jornalista e Observador Político

Sobre : Eduardo na Política – Coluna voltada a reflexão política,definição de termos políticos e história política

Instagram : @eduardonapolitica

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Eduardo Maluhy
Eduardo Maluhyhttps://realnews.com.br/
Advogado em Porto Alegre , Jornalista e Observador Político

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