Sucessivos aumentos de preço na gasolina, diesel e gás de cozinha vêm sendo anunciados pelo governo federal. Após o último reajuste, no dia 01 de março, a gasolina e o diesel já acumulam alta de, respectivamente, 41,5% e 34,1% em 2021. O principal motivo para isso é o modelo de cálculo para definir os preços dos combustíveis praticados nas refinarias da estatal, adotado em 2016, denominado Preço de Paridade de Importação (PPI). Com base na variação internacional do barril de petróleo, nas oscilações do dólar e nos custos logísticos de importação, o PPI foi diretamente responsável pelo aumento nos combustíveis, fretes, alimentos e, consequentemente, a inflação.
Embora o presidente Jair Bolsonaro tenha anunciado a troca na presidência da Petrobras, substituindo Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna, as consequências dessa ação ainda são incertas sobre os rumos da Petrobras.
O Sindicato dos Petroleiros do RS (Sindipetro-RS) defende o fim da Política de Paridade de Importação (PPI) no preço dos derivados. Além disso, tendo em vista que o país é produtor de petróleo e tem refinarias que atendem à quase totalidade da demanda interna, entendemos que o fortalecimento de uma Petrobras integrada, nos diversos segmentos do petróleo – como acontece nas grandes petrolíferas mundiais – mantendo a cadeia produtiva do “poço ao posto”, garantiria autossuficiência nacional na produção de combustíveis e, com isso, a independência do país em relação aos preços internacionais. Entretanto, o governo caminha no sentido oposto ao manter a produção do parque de refino nacional ociosa, além de colocar à venda oito refinarias da estatal, uma delas a Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), em Canoas.
Privatizar não é a solução
Com a venda de ativos importantes para o negócio da Petrobras, como a BR Distribuidora, a Liquigás, campos de petróleo e gás natural, transportadoras de gás natural, como a TAG, termelétricas e usinas eólicas, além do anúncio de venda das refinarias, a gestão da Petrobras vem transformando a estatal numa mera produtora e exportadora de petróleo, reduzindo seu valor no longo prazo e seu papel na economia nacional. O mais recente desastre econômico e financeiro cometido por Castello Branco foi a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, para o Fundo Mubadala, de Abu Dhabi, anunciada no início de fevereiro. A venda integra um programa de desinvestimento da empresa que abre mão de sua liderança no refino brasileiro alegando a criação de uma concorrência – o que é falacioso.
O Sindipetro-RS e a Federação Única dos Petroleiros (FUP) esperam que a Petrobras retome seu protagonismo na economia brasileira, sobretudo diante da incompetência do governo federal de adotar medidas justas e socialmente responsáveis para a retomada econômica do país em um momento tão grave quando o da pandemia de Covid-19.