Era um sábado de sol, dia lindo para sair, talvez até ir a praia. Mas para todos os gremistas a única coisa que interessava era o jogo contra o Náutico, no estádio aonde o nome seria ideal para aquela ocasião, o Estádio do Aflitos.
Em ano para muitos que começou horrível e que foi duro durante os 12 meses. Um clube totalmente sem dinheiro, sem forncedora de material esportivo no início da temporada, afundado em dívidas e que teve de amargurar uma série B. Os primeiros jogos tendo que jogar com portões fechados e no estádio do rival, esse foi o Gremio de 2005.
O time treinado por Mano Menezes se classificou em 4 lugar no campeonato, aonde os 8 primeiro passavam para a próxima fase e seriam divididos em dois grupos com 4 equipes. Nessa segunda fase o Grêmio se classificou em segundo do grupo A, junto com o Santa Cruz em primeiro. No outro grupo Náutico e Portuguesa se juntariam na fase final da competição. Nesta última fase, o tricolor obteve 3 vitórias e 3 empates e uma das vitórias mais incríveis da história gloriosa do Grêmio.
Nos Aflitos o clima já era uma guerra, vestiário fechado, o cheiro de tinta fresca nas paredes, seguranças não permitindo que a equipe fosse fazer o aquecimento no gramado. O Grêmio entrava em campa classificado com um empate, 10 pontos era o que bastava, independentemente do resultado no Arruda, aonde jogavam Santa Cruz e Portuguesa. O Náutico jogava em casa e pressionava, porém o Grêmio chegava ameaçando nos ataques, mas aos 31 minutos o primeiro drama, pênalti de Domingos em Paulo Matos, a esperança era o jovem goleiro Galatto. O goleiro até foi no canto certo e os deuses do futebol pareciam querer ajudar o Grêmio. Bruno Carvalho acertou a trave da meta defendida pelo jovem gremista. Depois do pênalti, o resto do primeiro tempo ficou por conta do Náutico. Enquanto isso, no Arruda, o Santa Cruz ia vencendo a Portuguesa por 2×1 e se tornando campeão da Série B. O Grêmio ainda estava subindo para a Série A, o empate bastava. Aos 16 do segundo tempo, a entrada do jovem que era o destaque na temporada, craque nas seleções de base da seleção, Anderson entra pra dar mais velocidade e melhorar o time. Eram aproximadamente 26 da segunda etapa, Kuki recebeu sozinho e chutou por sobre o gol. Os deuses já haviam mandado o recado.
“NÃO HAVERÁ GOL CONTRA O GRÊMIO HOJE”.
A primeira expulsão do jogo veio por conta de Escalona. O chileno colocou o braço na bola e acabou expulso. Logo após isso, Galatto sai errado e comete pênalti em Miltinho, nesse lance, o árbitro não marcou falta alguma. E isso fez com que a arbitragem se perdesse mais ainda.
Aos 34 minutos, logos após o lance com Miltinho, o Grêmio foi ao inferno pela segunda vez. O chute pegou no braço de Nunes que estava junto ao corpo e o árbitro Djalma Beltrame dessa vez marcou o penalidade. Parecia que tudo estava indo por água abaixo. Nunes, Patrício e Domingos expulsos, um pênalti contra, o Grêmio estava no inferno e parecia não sair. Foram 25 minutos de brigas, expulsões, invasão de campo e tudo parecia ter acabado para o Grêmio, naquela altura, o time tinha 3 jovens garotos e uma situação infernal. Passado o tumulto, Ademar foi o encarregado a bater a penalidade. Mais uma vez Galatto era a salvação e não é que o espírito do imortal Eurico Lara baixou no jovem gremista. Ademar cobra e com as pernas Rodrigo José Galatto faz a defesa, nisso a euforia tomava conta dos gremistas, mas como jogar com apenas 7 jogadores na linha? O jeito era apenas se defender e contar com Anderson para os contra-ataques e foi isso que aconteceu. Mas enquanto o Grêmio sofria, a torcida do Santa Cruz e a equipe festejavam como se o título fosse deles. Mas os deuses reservavam coisas boas para o Grêmio, e já haviam dito “não haverá gol no Grêmio”. 71 segundos após o pênalti, Anderson puxa o contra-ataque, toca a bola pra Marcelo Costa que devolve para o garoto gremista, ele estica a bola na corrida e Batata comete a falta e é expulso. O 17 gremista, que vestia a camisa 17, fica no chão o máximo de tempo que pode. A cobrança então é feito rápida, Anderson ou Andershow, entra dentro da área tira dois marcadores da jogada, na saída do goleiro, ele toca para o fundo das redes, Náutico 0 x 1 Grêmio. Um gol do jovem criado na base, cria do Grêmio que levava o time de volta para a elite. Naquele dia o time jogou com: Galatto, Patrício, Domingos, Pereira, Escalona;Nunes, Sandro Goiano, Marcelo Costa, Marcel(Anderson), Ricardinho(Lucas Leiva), Lipatin(Marcelo Oliveira)
Tricolor ia saindo do inferno e indo para o céu. Num dia 26 de novembro, 15 anos atrás.
O Grêmio mais uma vez entrava para a história, mais uma vez cravava o nome no mundo do futebol. Dia 26 de novembro de 2005, dia do INACREDITÁVEL.