Os personagens de hoje são anjos adultos azuis. O autismo não deve ser lembrado apenas no dia 2 de abril — sempre que possível, o tema precisa ser debatido. Um dos primeiros profissionais encontrados foi Bruno Webber, autista, coach e fisiculturista. Ele relata que seu sócio, Tiago Guedes, também é autista e atua como nutricionista.
Juntos, eles criaram a clínica WG, com o objetivo de auxiliar outras pessoas autistas, especialmente no cuidado com a saúde física.
Bruno explica como funciona o processo de avaliação: inicialmente, é realizada uma avaliação física completa, considerando não apenas o condicionamento corporal, mas também aspectos da rotina e do psicológico do paciente. A partir disso, é montada toda a estrutura de treino e orientada a prática de atividade física. Em seguida, o paciente passa pela avaliação de Tiago Guedes, responsável por estruturar o plano nutricional, com base em exames, rotina e necessidades específicas, incluindo alimentação, suplementação e manipulados.
Questionado se atua como psicólogo, Bruno esclarece que não. Segundo ele, o trabalho consiste em fornecer ferramentas que permitam uma atuação integrada com outros profissionais, como psicólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.
A proposta da clínica é oferecer acompanhamento especializado e qualificado a crianças, adolescentes e adultos dentro do espectro autista. Bruno também destaca que segue em constante formação para ampliar ainda mais o suporte oferecido às pessoas autistas.
Por que pessoas autistas evitam pedir ajuda?
Muitas pessoas autistas evitam pedir ajuda não por falta de coragem, mas por medo de incomodar, atrapalhar ou parecer “demais”. Antes mesmo do pedido virar palavra, ele já foi analisado inúmeras vezes — o tom da outra pessoa, a possível reação, o risco de rejeição. E então, o pedido morre em silêncio.
A ciência explica: o cérebro autista tende a ativar mais áreas relacionadas à antecipação de erro e à rejeição social. Ao pensar em pedir ajuda, o cérebro interpreta a situação como uma possível ameaça. Não é drama, é neurobiologia.
No treino físico, isso pode pesar ainda mais. Chamar um professor para ajudar com a barra, pedir apoio ou orientação vira um verdadeiro campo minado interno. Cada microexpressão é sentida como julgamento. Cada segundo de espera parece confirmação de um erro.
Nunca é falta de vontade.
É excesso de consciência.
Compreender isso é essencial para criar ambientes mais acessíveis, acolhedores e humanos.
Mais informações:
Instagram: @clinica.wg
Onde fica a clínica:
📍 Rua Tomé de Souza, 359, Nossa Senhora das Graças – Canoas/RS



