O futebol brasileiro vive um novo conto do interior paulista. Assim como o São Caetano nos anos 2000, o Mirassol Futebol Clube surge como a nova sensação nacional. Em cinco anos, o clube saiu da Série D para a elite do Brasileirão e, em sua temporada de estreia, já figura entre os primeiros colocados, mostrando força, organização e competência raras no cenário atual.
O caso do Mirassol faz lembrar o fenômeno do São Caetano, que entre 2000 e 2006 encantou o país com campanhas memoráveis — foi vice-campeão brasileiro em 2000 e 2001, finalista da Libertadores em 2002, ficando com o vice-campeonato e campeão paulista em 2004. O Azulão virou símbolo de superação, mas acabou sucumbindo a más gestões e hoje não disputa divisões nacionais.
O Mirassol, por outro lado, parece trilhar um caminho mais sólido. Com títulos da Série D (2020) e Série C (2022), além do vice da Série B em 2024, o clube estruturou-se com um CT moderno e uma categoria de base organizada. O resultado aparece dentro de campo: após 29 rodadas do Brasileirão, o time ocupa a 4ª colocação, com 52 pontos e 88% de chances de ir à Libertadores de 2026, segundo apuração do GE.
Com a 5ª melhor defesa, o 3º melhor ataque e uma invencibilidade de 15 jogos em casa, o Mirassol é o melhor estreante da era dos pontos corridos. O elenco equilibrado, entre jovens e experientes, mostra um futebol eficiente e competitivo.
Assim como o São Caetano no início do século, o Mirassol chegou desacreditado, apontado como candidato ao rebaixamento. Mas o que se vê é exatamente o oposto: um clube do interior desafiando os gigantes e mostrando que é possível competir com os grandes através de planejamento e profissionalismo.
Se o futuro repetirá o destino do Azulão ou consolidará o Leão como uma nova força nacional, só o tempo dirá. Mas uma coisa já é certa: o Mirassol devolveu ao futebol brasileiro a magia das grandes surpresas — e, com ela, a esperança de que o sonho ainda é possível fora dos grandes centros.
Foto: JP Pinheiro/Agência Mirassol