Sinais discretos como agressividade, perda de apetite e isolamento social podem indicar que algo está errado na vida de uma criança ou adolescente. Essa é a afirmação de Carol Cianni, pedagoga e diretora de uma escola em Brasília.
O aumento alarmante de crimes de abuso sexual no Brasil é uma das causas desses comportamentos. Apenas nos três primeiros meses deste ano, o Disque 100 registrou 17.500 casos de violência sexual contra crianças ou adolescentes. Esses dados, fornecidos pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, representam um aumento de quase 70% em relação ao mesmo período de 2022.
No Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, que ocorre em 17 de maio, o governo federal está promovendo diversas campanhas de conscientização sobre o assunto.
Como podemos identificar quando uma criança ou adolescente está sofrendo algum tipo de violência sexual? Mais importante do que isso, é saber como orientar os jovens sobre como se protegerem dessa situação.
Prevenção
Carol Cianni enfatiza que a família e a escola desempenham um papel fundamental na prevenção. Para ela, abordar o tema de maneira suave e assertiva na sala de aula, explicando que o corpo é algo íntimo e sagrado, ajuda os alunos a entenderem. Ela também ressalta a importância de a escola estar atenta a qualquer mudança no comportamento dos alunos, para intervir rapidamente.
“Na escola, os professores observam tudo: como a criança brinca, como ela se alimenta, como ela se deita para relaxar na hora do descanso e como ela se relaciona com os colegas. Portanto, prestamos atenção a todos os detalhes do comportamento da criança, para que possamos ajudá-la. Isso ocorre porque os pedidos de socorro das crianças são muito sutis”, explica.
Alerta
A psicóloga Caroline Brilhante afirma que a maioria dos abusos contra crianças e adolescentes é cometida por pessoas próximas à vítima e em ambientes familiares conhecidos. Por isso, é importante estar sempre alerta.
Ela destaca que monitorar e limitar o acesso à internet pode evitar que a criança se exponha a situações de risco.
“Uma forma de prevenção é limitar o tempo que a criança passa online e até mesmo o tempo do adolescente. Implementar filtros para restringir o acesso a conteúdos inadequados para a idade. Prestar atenção ao comportamento da criança ou do jovem em relação ao sexo, pois o interesse repentino no assunto pode indicar algum problema”, ressalta.
As denúncias de abuso sexual ou qualquer outro crime contra os direitos humanos podem ser feitas anonimamente e gratuitamente através do Disque 100.
