No último artigo que escrevi, intitulado “Prefeitura de Gravataí firma contrato de R$ 4 milhões com empresa para abastecer frota de veículos“, mencionei e expus a suposta farra do combustível que ocorre no município.
Hoje, fiquei surpreso quando o vereador Bombeiro Batista trouxe à tona essa questão e dois outros vereadores criticaram fortemente seu colega.
O vereador Dila subiu à tribuna e começou sua fala dizendo: “Cada vez mais, os órgãos públicos estão utilizando ferramentas para melhor gerenciar os recursos públicos“.
Vou parar por aqui. Somente esse início de fala do vereador mostra total desconhecimento sobre o assunto que está discutindo. Defender o governo, eu entendo, faz parte do jogo, mas dizer que firmar um contrato de R$ 4 milhões com uma empresa para gerenciar combustível é “melhor gerenciar os recursos públicos” é totalmente sem sentido. E vou explicar o porquê.
Primeiramente, o vereador precisa entender o que é gerenciar recurso público. Para isso, vou citar cinco exemplos para informá-lo de como gerir bem o recurso público:
- Planejamento estratégico: A elaboração de um planejamento estratégico detalhado é essencial para a gestão responsável dos recursos públicos. O planejamento deve ser realista e coerente com a capacidade financeira da instituição, levando em consideração as necessidades e prioridades da população.
- Transparência e prestação de contas: É importante que a gestão pública seja transparente e responsável em relação à utilização dos recursos públicos. A prestação de contas regular e a divulgação de informações sobre a execução do orçamento são fundamentais para garantir a transparência e a responsabilidade da gestão.
- Controle interno: A implementação de um sistema de controle interno efetivo é um meio essencial para garantir a gestão responsável dos recursos públicos. O controle interno do município pode incluir a criação de procedimentos de avaliação de desempenho, a revisão de documentos contábeis e a auditoria interna.
- Participação cidadã: A participação cidadã é fundamental para garantir a gestão responsável dos recursos públicos. Os cidadãos devem ser incentivados a participar de processos de consulta pública e de orçamento participativo, para que possam dar sua opinião sobre as prioridades e necessidades da comunidade.
- Investimentos estratégicos: A gestão responsável dos recursos públicos também envolve a realização de investimentos estratégicos que possam gerar benefícios duradouros para a população. Esses investimentos podem incluir a melhoria da infraestrutura, a criação de programas sociais efetivos e a promoção do desenvolvimento econômico.
Esses cinco exemplos foram tirados apenas de um breve exercício de raciocínio lógico. Não precisa nem ser formado em gestão pública para racionalizar isso. Mas sigamos.
Como o vereador acha que uma “ferramenta”, como ele disse, que seria a contratação de uma empresa que lucra para gerenciar o abastecimento da frota é gerir melhor os recursos públicos, sendo que há um valor exorbitante disponível para isso?
Com tantos CCs na prefeitura municipal de Gravataí, não há pessoas capacitadas para gerir isso?
Não há ninguém, absolutamente ninguém, capaz de gerenciar este serviço, assim como é feito em outros municípios?
De fato, o edil com essa fala dá um atestado de incompetência à gestão do prefeito Zaffalon.
A modernização dos serviços deve passar por um rigoroso processo de planejamento estratégico de gestão para que as coisas funcionem bem na cidade e, com toda certeza, não é firmando um contrato de R$ 4 milhões com uma empresa terceirizada que o sistema irá fluir. Bem pelo contrário, é mais gasto, é mais uma empresa para fiscalizar algo que o próprio município poderia fazer.
O vereador Evandro Coruja também entrou na onda e elogiou a empresa, quiçá, a mesma que presta serviços para a PF. Não questiono a capacidade da empresa, nem os métodos, ainda não, e não é essa a questão, mas entendo que o vereador apenas “puxou o assado para o seu lado”. A propósito, o vereador participará das sessões presenciais quando? Tenho notado que todos os vereadores voltaram e o mesmo continua de forma híbrida. Há algo a temer ou esconder? Creio que não, a praticidade do mundo online proporciona benefícios, mas o Legislativo é a casa do povo e o vereador não está sendo pago para que toda sessão esteja de forma remota.
Por fim, cabe ressaltar que com essas falas, recebemos elogios por termos levantado a situação e estarmos realizando um trabalho de “pente fino” e olhando os contratos da gestão.
Mas recebemos o relato de um leitor que estava assistindo à sessão e disse:
“Sobre a fala do Vereador Dila: “após assistir via YouTube, chega ser constrangedor ouvir o vereador Dila tentar fazer a defesa do governo, rebatendo a fala do vereador Bombeiro Batista, que está realizando o seu papel de fiscalizador das contas públicas. Afim foi eleito pra isso mesmo. E por sinal é um dos poucos. O dinheiro nos cofres da prefeitura não é do prefeito e nem desse ou daquele partido, é dinheiro público e deve ser fiscalizado sim. No início da sua desatinada fala, ataca seu colega dizendo “se estudar um pouquinho vai chegar ao porque da Prime ser contratada”. Pois bem, o mesmo conselho serve ao douto vereador. Se ele estudasse um pouquinho o contrato, não falaria tanto asneira quando afirma que pré fixação do valor do preço de combustível. O contrato não refere tal situação. Por favor vereador Dilamar em vez de atacar seu colega, vá estudar um pouquinho! Respeito em primeiro lugar! E não esqueça o papel do vereador é fiscalizar em nome das pessoas que votaram no senhor e não ficar puxando o saco do prefeito e ex prefeito”!
Isso é a opinião de um leitor que democraticamente pediu espaço.
Outra coisa que me chama a atenção é que o presidente da casa libera os últimos espaços de fala para a base de governo. É como se estivesse dizendo: “Fale por último porque assim ninguém rebate“. Pelo menos é a impressão que dá. A casa do povo está cada vez menos do povo e mais ao serviço dos interesses dos “coronéis” da cidade.
Prezamos pela democracia e o espaço é de todos para todos, quem quiser falar é só pedir!