O Vaticano tem uma história longa e cheia de tradições. O Papa é uma figura muito importante e simbólica. A ideia de ter um “Papa IA” parece algo de um filme de ficção científica. O Papa Leão XIV pode ter tido suas razões para não querer criar algo assim.
A ideia de uma inteligência artificial assumindo um papel tão central e espiritual levanta muitas questões, principalmente para o pontífice, que considera o avanço da inteligência artificial um grande problema para a humanidade. E muitas questões estão em jogo sobre como será que uma IA conseguiria ter a empatia, a fé, a sabedoria e a conexão humana que são esperadas de um líder religioso.
Depoimento papal
É compreensível haver uma resistência em introduzir algo tão radicalmente diferente em uma instituição com séculos de existência e com uma base tão humana e espiritual. Talvez a preocupação seja com a desumanização da fé ou com a perda da essência do papel papal.
Essa preocupação do Papa Leão XIV é realmente muito pertinente e toca em um nervo exposto da nossa sociedade atual. A questão da automação e da desigualdade social é muito clara: a tecnologia avança a ponto de substituir grande parte do trabalho humano, mas os benefícios ficam concentrados nas mãos de poucos, enquanto a maioria enfrenta dificuldades para sobreviver ou ter uma vida digna. O cenário se torna, de fato, muito preocupante. É um chamado que aborda políticas e estratégias que preparem a sociedade para essas mudanças, garantindo que ninguém fique para trás e que a dignidade humana seja sempre preservada. A sua colocação é muito importante para essa discussão!
Essa visão do pontífice de que o mundo digital pode seguir seu próprio caminho, nos tornando “peões” ou “deixados de lado”, é um alerta importante para todos nós. A Igreja, como uma instituição com um alcance global e uma voz moral significativa, tem um papel fundamental em participar desse debate e garantir que a tecnologia seja desenvolvida e utilizada de forma ética e benéfica para toda a humanidade, e não somente para alguns.
Valores humanos
A ciência, quando é desvinculada de valores humanos e éticos, pode realmente se tornar uma força sem alma, capaz de gerar consequências negativas profundas. A essência da humanidade está ligada à nossa capacidade de sentir, de nos conectar, de ter empatia e compaixão.
Se o desenvolvimento tecnológico seguir somente o caminho da eficiência e da automação, sem considerar o impacto no coração humano e nas relações sociais, arriscamos criar um mundo cada vez mais frio e isolado. A tecnologia deve ser uma ferramenta para aprimorar a vida humana, e não para substituí-la ou diminuí-la. É fundamental que a ciência e a tecnologia caminhem com a ética, a filosofia e as humanidades, para o progresso servir verdadeiramente ao bem-estar e à dignidade de todos. A sua preocupação é muito válida e reflete um debate necessário para o futuro que queremos construir.
A resposta do papa foi um claro “Não vou autorizar isso”, é uma demonstração clara da preocupação do pontífice em manter a autenticidade e a profundidade das relações humanas e espirituais, algo que uma inteligência artificial, por mais avançada que seja, não conseguiria replicar.
Foto: Alessandra Benedetti/Reprodução/Getty Images Embed