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Um dia sem internet?

Responda rápido, o que você faria em um dia sem internet? sem nenhum acesso às redes sociais e aplicativos de mensagens (sobretudo whatsapp). O desafio é meramente provocativo, isso porque para pessoas incluídas em um sistema social “organizado” ficar fora das redes e sem acesso a internet é quase impossível e inimaginável. Levando em conta que praticamente tudo de nossa vida moderna passa pelos dados digitais e processadores das redes. 

Há anos, ainda no início do ensino médio, minha geração, atualmente com 40 anos, era aterrorizada com as inúmeras profecias do final do milênio, mas uma em especial ainda faz parte do imaginário de muitas pessoas. A fatídica lenda urbana dos chips e o 666, quem lembra dessa! Era simples, se você não tivesse um chip na mão e o 666/www na testa não faria parte da sociedade, não se alimentaria nem mesmo compraria nada (…), é mais um série de citações envolvendo ocultismo, lendas Maias e religiosas, que faziam sentido para muitas pessoas. 

 

Imagem Web – Uma das relações para embasar a dita previsão apocalíptica era o chip do celular e o reflexo dos computadores nos rostos das pessoas – tudo fazia sentido!

 

Brincadeiras ou lendas urbanas a parte (contém ironia!), que de fato sem acesso a internet hoje em dia, está praticamente impossível ter uma vida em sociedade, o celular tornou-se uma extensão de nossos corpos, o acesso a rede uma item de primeira necessidade nas casas da maioria da pessoas, afinal estamos em um país onde pessoas gastam reservas de anos para comprar um aparelho  – aquele da maçã – mesmo sem nenhuma condições financeira pra isso. Prova disto é o fato de um Brasil de tamanha desigualdade social, tem 92,9% da população tendo acesso à internet contra apenas 66,1% com saneamento básico, segundo dados do IBGE de 2024, faz sentido isso? 

Há anos o alvo de furtos e roubos, por exemplo, eram a carteira e mesmo vale transportes, atualmente o alvo é o celular, o aparelho de nossas vidas, consequências de nossa evolução social de um país ligeiramente emergente, afinal o crime continua o mesmo, muda-se é o objeto. 

Mas e a questão do primeiro parágrafo? O que você faria fora das redes, independente de sua resposta, nesta conversa, quero abordar a ideia de focar o olhar para realidade do mundo real, sem os efeitos e mentiras plastificadas do  mundo digital, sem a perfeição de corpos, vida social e riquezas alugadas para convencer terceiros a virar um fiel “seguidor”, aliás o vampirismo do século atual está nos seguidores, que iludidos com a beleza e facilidade da vida digital acreditam realmente que “seguir alguém” os levarão a mesma posição de luxo, riquezas e perfeição. 

O que se nota na prática é uma isolamento social cada vez maior, pessoas fragilizadas e influenciáveis, que não conseguem lidar com as dificuldades real diária, negação ou decepções comum, uma geração de vítimas/ovelhas/zumbis, sobretudo os jovens, que no auge de sua soberba e certezas de tudo, conseguem ser vítimas influenciadas por histórias incríveis, facilidades  e aparências vendidas nas redes sociais. 

O resultado é uma geração com incríveis oportunidades de acesso a avanços tecnológicos que o mundo digital oferece, mas por outro lado um número cada vez maior de futilidades, depressão, medo e necessidades de acompanhamentos psicossociais, nem mesmo rebeldia característica da juventude assistimos mais, ao contrário o que se observa é uma geração acadêmica pacata e que aceita de bom grado as citações de CtrlC/CtrlV, sem nenhuma conhecimento prático ou empírico, somente frases de efeitos e repetições de ideias escoradas em cursos e graduações cada vez mais rápidos e rasas. 

Um dia fora das redes, conhecido como mundo real, faria pessoas conhecer seus filhos, companheiros(as) e família, talvez lembrasse de limpar os vidros de suas janelas – citação do clássico (…), ou mesmo algumas horas para ler livros ao invés de ver vídeos curtos. A vida sem acesso a internet é realmente difícil para quem vive em centros urbanos, mas não é impossível, e quem sabe um dia poderemos equilibrar a praticidade e evolução tecnológica,  com um mundo real saudável e com mais empatia e crescimento horizontal. 

 

Brasil e suas eleições permanente? 

Imagem Web – As eleições de 2022 criou uma divisão social onde todos tem razão e ninguém está certo.

O Brasil vive uma polarização? Quem me conhece sabe que não comungo dessa afirmativa, pois acredito que o Brasil pós 1988 não teve oportunidade de debater política ou sociedade de forma ampla e democrática, afinal passamos praticamente 20 anos anestesiados pelo sistema com seus entretenimentos banais, cultura direcionada através de novelas, futebol e músicas pseudointelectuais fabricados por programas de TV que dominaram a hegemonia cultural do país até pouco tempo atrás. 

Durante muito tempo acreditou-se que todo artista ou ator/atriz eram os intelectuais do Brasil e estes detinham a cultura que deveria ser seguida ou citadas como “cool”, soma-se isso a uma geração política que acompanhou e simulou uma constituinte para se manter no poder e principalmente manipulá-lo com outro figurino, temos um país de com povo de “águas mansas”.

Mas nada dura para sempre! Fora da curva, surge a classe média emergente, que em pequenas porções consegue expandir seu universo, principalmente através de seus filhos, que ganham o mundo e acompanham uma tendência liberal, economicamente falando, dessa tendência que surge (ou se resgata) a “direita” brasileira, incentivado ou despertado pelo efeito Bolsonaro, tornando o país um cenário de discussão e debate político contínuo. O que é praxe em países mais desenvolvidos, o posicionamento político ideológico, aqui no Brasil tornou-se novidade nos últimos anos. Não há polarização, e sim um despertar crítico, onde antes não se discutia (quem não lembra do mantra citado em novelas e programas “política, religião e futebol não se discute”), fazendo as pessoas desligar a TV em debates e propagandas politicas.

Superamos a etapa do posicionamento, alguns deixaram a ilusão de uma poesia ideológica do socialismo e comunismo, pregado a jovens apaixonadas e adultos imaturos (frustrados), à realidade de um mundo mercantil e meritocrático pregado por capitalistas através do liberalismo econômico, nesse ínterim, temos as eleições, tendenciosas ou não temos o escrutínio que possibilita às pessoas ter a ilusão da escolha (…), em nosso país o debate tem sido abordado de forma permanente, uma nova etapa para uma sociedade que despertou recentemente o seu senso crítico e que ainda precisa evoluir muito nessa matéria, mas é sempre um bom começo. 

 

Canoas

A cidade Matrix, tem no mundo digital uma vida planificada e organizada, desconectado e fora do tiktok, a realidade nua e crua pode ser vista nos corredores de hospitais e UPAS, nos choros e desesperos de cidadãos que não conseguem viver somente no mundo digital da prefeitura. Esperamos ansiosamente as mudanças prometidas na saúde para servidores, trabalhadores e usuários do mundo real.

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Rodrigo S. de Souza
Rodrigo S. de Souzahttps://realnews.com.br/
Comentarista, Bel. Direito, Advogado, Sociólogo e Político.
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