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Um desabafo

Hoje, não é sobre futebol. Hoje, não é sobre o Grêmio. Hoje, não é de pré – jogo e nem sobre opinião sobre os últimos resultados, escalações, vitórias ou derrotas. Hoje, é sobre a vida e como ela é inusitada e única. Turbulenta também, mas única.

Sou morador de Canoas há 34 anos, portanto, desde que me conheço por gente. Residente da rua Pelotas, no bairro Mathias Velho, ao longo deste mesmo período e nunca, sob hipótese alguma, me imaginei passando por um momento como este que eu, minha família, meus vizinhos, amigos e demais moradores do bairro e da cidade estamos passando.

Como todos sabem, desde o último dia 3 de maio, o Rio Grande do Sul e, mais precisamente, a cidade de Canoas lidam com os transtornos causados pela enchente, proveniente das fortes chuvas e cheias dos rios. Em 48 horas choveu o equivalente à 90 dias, ou seja, a chuva de todo o inverno veio a partir da sexta – feira, dia 2. Alertas foram emitidos, circularam pedidos de atenção com a iminente catástrofe, mas, mesmo com tudo isso, fomos pegos de surpresa, pois, assim como é de praxe do ser humano, duvidamos de que algo tão fora do comum fosse acontecer.

Eu, minha esposa, minha filha e meus familiares fomos resgatados de barco, tal qual, a maioria dos moradores do bairro. Resgatados por bombeiros, socorristas e, principalmente, por voluntários. Pessoas que não sabiam e talvez ainda nem saibam quem nós somos de fato, mas que se sensibilizaram e colocaram o seu barco e os seus corpos em uma água suja, contaminada e cheia de riscos para salvar as vidas de seus semelhantes. Graças a Deus, independentemente da religião que você seja praticamente ou simpatizante, ainda existem pessoas que pensam e se preocupam com o próximo e em salvar a vida do próximo.

A última enchente que atingiu Canoas, nos anos 1960 (não lembro exatamente), minha mãe era pequena e disse que foi horrível. Ela estava coberta de razão, é horrível. E no caso dela, pior ainda, pois é a segunda enchente que ela enfrenta e, pela segunda vez, “perde tudo”. Por sorte, ou por talvez não ser a hora, nenhum dos filhos perdeu a vida neste episódio, bem como lá atrás, também não houve tragédia maior.

A natureza mostra que, quando quiser e bem entender, pode fazer com que a soberba do Homem e suas tecnologias avançadas de nada adiantem, pois ela está apenas cobrando o seu espaço e lugar de direito no mundo.

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