Na última segunda-feira (09), houve uma manifestação de alunos da UFSM-RS, referente a manifestação de uma aluna, que em seu status se manifestou com textos com palavras de natureza racista e discriminatória. No texto a estudante descreve sua rotina e aponta colegas afrodescendente, referindo-se a esses com termos pejorativos e depreciativos.
Sem nenhuma surpresa, as manifestações racistas e discriminatória demonstram claramente que a doença do racismo permanece viva em nossas rotinas, a situação é mais gravosa por se tratar de uma pessoa jovem, que manifestando tal opinião eivada de ódio e preconceito alimenta ainda mais o preconceito e discriminação que tanto se repudia, entre novas gerações. O cenário também chama atenção, discurso de ódio em um “espaço acadêmico que deveria ser de excelência”, que irá formar e moldar nossas futuras lideranças. Estranho!
Aliás as universidades federais cada vez mais perde seu prestígio de outrora, uma vez que se tornou um centro de debate político partidário ou ideológico, onde teses e teorias fora da realidade dominam os espaços da humanas, criando uma geração de pseudos-intelectuais que não conseguem debater e dialogar sem frases prontas e conteúdos vazios ou protestos embalados por atitudes e manifestações baderneiras. Frases de efeito, repetidas inúmeras vezes em discursos inflamados e apaixonados por determinados segmentos político-ideológicos, tanto de um lado quanto de outro (referindo-se a o que entendemos por direita e esquerda no Brasil), mas predominantemente de matriz da chamada Esquerda. Naturalmente o pensamento e filosofia de esquerda, atrai mentes menos desenvolvidas – no sentido de formação e experiência – aptas a paixão e modismo, influenciadas pelo momento e com pouca ou nenhuma disposição para pesquisa e diálogo.
Há necessidade de entender que a maioria dos jovens nos últimos vinte anos, fazem parte de uma geração que adquiriu o seu conhecimento sobretudo através de “resenhas e cliques no google”, que a pauta sobre debate racial no Brasil tornou-se uma “mi, mi, mi”(Sic.), em maioria, jovens, vítimas de uma educação tendenciosa e defasada com métodos questionáveis, que não estimulam o debate de pontos de vista diferentes, ao contrário podem ser influenciados pelo posicionamento dos seus professores e mestres.
No melhor estilo “Antonio Gramsci, influenciar um adulto é difícil, mas os jovens são acessíveis e uma tela em branco”. Gramsci, ensinou que a revolução e a expansão do pensamento do marxismo cultural estava no sucesso da influência da geração anterior – nos jovens – afirmava que: “É mais fácil formar um exército do que formar capitães“, mas o que isso tem haver com a manifestação racista? Respondo! A influência política ideológica que invadiu as universidades nos últimos anos, tornou algumas debates de abrangência e interesses de todos, uma bandeira de classe ou de certos segmentos políticos, fazendo com que as pessoas atacassem pessoas, não os problemas, quando jovens estudantes, assimilam um pauta como racismo, em uma assunto banalizado pela euforia política, na onda Direita contra Esquerda que tomou conta do Brasil, fez com que pessoas se posicionasse de forma mais ríspida em suas manifestações, há ódio por ambos o lados, e a gurizada está caindo nessa. Sabemos que a politica não serve a interesses de grupos e sim de todos, mas entramos de vez nos conflitos do “nós contra eles”, alimentando discriminação e preconceitos, como o visto na UFSM.
Resultado disso é uma solução fictícia para problemas que são reais, o racismo institucional é algo que a comunidade afrodescendente convive diariamente, junto ao racismo velado ou Estatal – quando por parte das forças policiais (maus policiais) por exemplo – A geração que faz citações racistas e preconceituosas é a mesma que insiste em manifestações vazias, que não gera resultados positivos, ao contrário criam mais divisões, pautas segmentadas e narrativas que estendem conflitos e não a resolvem nada objetivamente.
O racismo no Brasil é crime, mas a legislação é branda, não há punição de fato para pessoas que ofendem e humilham, somente quando há repercussão pública e com a morte de seres humanos. São essas as questões que devem ser atacadas com vigor, exigir uma legislação eficiente e que garanta a punição de infratores, incentivar e elevar referências afrodescendentes, valorizar a contribuição histórica, não estigmatizar o povo negro/preto de formas negativas (como a midia insiste em demonstrar).
Episódios como o ocorrido na UFSM é mais um dos milhares de atos e manifestações preconceituosas que ocorrem diariamente no Brasil. A estudante se manifestou com a sua “liberdade de expressão e opinião”, mas esqueceu do politicamente correto, das limitações das máscaras, talvez por imaturidade, mas situações como essa demonstram o que as pessoas pensam de verdade (…), quando podem se manifestar abertamente. Há poucos meses trouxe aqui no espaço da RealNews um breve relato de uma experiência pessoal, de quando era criança, sobre o racismo em um espaço de ensino. O que se nota é que o tempo passa mas as atitudes das pessoas são as mesmas, só mudou a idade e o nível de educação, prova que estamos abordando a situação de forma ineficaz.