O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, encontrou-se nesta quinta-feira, em Brasília, com o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar. A reunião, realizada no edifício do ministério, não constava na agenda oficial e ocorreu um dia após a entrada em vigor da tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre parte das exportações brasileiras.
Embora nem a pasta nem a representação diplomática norte-americana tenham revelado detalhes do encontro, o ministério informou que o diálogo tratou das relações bilaterais entre os dois países. Ao comentar a reunião, Alckmin afirmou que apresentou dados para contextualizar o comércio com os Estados Unidos. “De cada dez dos nossos principais produtos exportados, oito têm alíquota zero. A tarifa média é de 2,7%”, observou.
O vice-presidente indicou ainda a disposição para ampliar a pauta das negociações. Segundo ele, além de discutir questões tarifárias, é possível abordar temas como regulação de big techs, data centers e exploração de minerais estratégicos. “Se há problema não tarifário, vamos sentar, conversar e resolver. Se existe uma pauta – data centers, big techs, minerais estratégicos –, então construir uma agenda de entendimento para superar esse problema. Nós não criamos, mas vamos trabalhar para resolver”, afirmou.
Alckmin acrescentou que o plano de contingência do governo para atenuar os efeitos do tarifaço já foi apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e deve ser publicado até 12 de agosto. O documento conterá medidas voltadas a apoiar os setores mais impactados, entre eles produtores de carne e café, que passaram a enfrentar a tarifa máxima de 50%.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, a medida norte-americana atinge diretamente 35,9% das exportações brasileiras ao país, enquanto 44,6% permanecem sob tarifas de 10% por estarem na lista de exceções. Produtos como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e itens energéticos não sofreram aumento tributário.
Gabriel Escobar, atual principal interlocutor dos EUA no Brasil, assumiu a representação diplomática interinamente após a saída da embaixadora Elizabeth Bagley, em janeiro. Até o momento, o governo norte-americano não designou substituto para o posto. Antes de se reunir com Alckmin, Escobar encontrou-se com o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores, e posteriormente participou de compromissos na Câmara dos Deputados.
