A Guiné Equatorial, na África Central, confirmou seu primeiro surto do vírus de Marburg, da mesma família do Ebola. A Organização Mundial de Saúde (OMS) na África informou que nove mortes foram confirmadas e 16 casos são investigados como suspeitos. A doença de Marburg causa febre hemorrágica, com taxa de letalidade de até 88%, de acordo com a OMS, o que faz dele um dos vírus mais mortais do mundo.
O vírus Marburg é transmitido aos humanos por morcegos frugívoros e se espalha entre os humanos por meio do contato direto com os fluidos corporais de pessoas, superfícies e materiais infectados. Por ora, não há vacinas ou tratamentos antivirais, mas cuidados de suporte, como a reidratação com fluidos orais ou intravenosos, e tratamento de sintomas específicos podem melhorar a sobrevida do paciente.
O quadro da doença começa abruptamente, com febre alta, dor de cabeça e mal-estar intensos. Muitos pacientes desenvolvem sintomas hemorrágicos graves dentro de sete dias. A gravidade do quadro é explicada pelo “órgão-alvo” do vírus, que afeta principalmente as células do sistema circulatório endotelial, prejudicando a permeabilidade dos vasos das células que revestem o sistema circulatório, causando hemorragia.
Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica que a confirmação do surto no país africano não é uma surpresa, uma vez que, na região, há reservatórios animal do vírus. Alguns animais silvestres, principalmente morcegos, são hospedeiros naturais dessa família de filovírus. Portanto, eventualmente, morcegos contaminando seres humanos ocorre, e a transmissão inter-humana acaba acontecendo.
Desde 1967, quando a doença foi detectada pela primeira vez, com surtos simultâneos nas cidades alemãs de Marburg e Frankfurt, e em Belgrado, na Sérvia, já causou surtos em vários momentos. Embora tenham causado muitas mortes, em geral, não ultrapassaram as fronteiras nacionais.
Em 2004, um surto do vírus na Angola matou 90% dos 252 infectados. No ano passado, houve duas mortes relatadas pelo Marburg, em Gana.
Embora a Guiné Equatorial tenha tomado medidas para conter a propagação do vírus, é importante que outros países da região fiquem atentos e preparados para uma possível propagação. Isso inclui investir em treinamento para profissionais de saúde, aumentar a vigilância epidemiológica, estabelecer medidas preventivas e adquirir suprimentos médicos adequados.
Os viajantes que visitarem a região devem tomar precauções para evitar a exposição ao vírus, como evitar o contato com animais selvagens e seus fluidos corporais, evitar o contato com pessoas doentes, e lavar as mãos com frequência. O uso de equipamentos de proteção individual, como luvas e máscaras, também é recomendado.
Doença pode se espalhar pelo mundo e chegar ao Brasil?
Recentemente, foi confirmado um surto do vírus Marburg, um parente próximo do vírus Ebola, na Guiné. A notícia chamou a atenção do mundo, já que estamos há cerca de três anos lutando contra a pandemia da Covid-19. Mas a dúvida que fica é: essa doença pode se espalhar pelo mundo e chegar ao Brasil?
Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, a disseminação do Marburg em nível global é pouco provável. Apesar de ser altamente infeccioso, o vírus tem uma letalidade elevada, o que impede que o paciente chegue a outros países antes de evoluir para um quadro grave e de óbito. Além disso, as autoridades da Guiné Equatorial agiram rápido na confirmação do surto, permitindo que a resposta de emergência fosse rápida para salvar vidas e deter o vírus o mais rápido possível.
O Marburg é transmitido por contato direto com fluidos corporais infectados, como sangue, urina, fezes, saliva, vômito, suor, lágrimas, leite materno e sêmen, e os sintomas incluem febre, dor de cabeça, dor muscular, náusea, vômito, diarreia, dor abdominal e hemorragias. A manifestação desses sintomas é tão rápida que o paciente evolui para um quadro grave e de óbito antes de chegar em outro país.
Os especialistas afirmam que a chave para conter a disseminação do Marburg está na vigilância e acompanhamento do quadro epidemiológico. É importante que os profissionais de saúde estejam em estado de alerta nesse momento em função de casos diagnosticados de síndromes hemorrágicas não identificáveis por outro agente etiológico. Felizmente, casos assintomáticos são raros, o que facilita o controle do surto.
A OMS entrou rapidamente no auxílio com relação a esse enfrentamento a esse surto que aconteceu, o que faz com que as fronteiras sejam mais facilmente controladas, evitando a disseminação. Quando se consegue implementar medidas de vigilância epidemiológica e controle ali naquele surto identificado, consegue-se conter a doença, evitando a dispersão viral como aconteceu com o SARS-CoV, o vírus causador da Covid-19.
Em resumo, apesar do surto de Marburg na Guiné ser um motivo de preocupação, é pouco provável que a doença se espalhe pelo mundo e chegue ao Brasil. É importante que os profissionais de saúde estejam em alerta, e que as autoridades tomem as medidas necessárias para evitar a disseminação do vírus. A vigilância epidemiológica e o controle dos surtos são fundamentais para evitar que doenças como o Marburg se tornem uma pandemia global.