A discussão sobre o salário de Cristaldo no Grêmio é um reflexo claro da falta de compreensão do que realmente acontece dentro de campo. Aqueles que defendem que o argentino não merece um aumento certamente não têm uma visão detalhada do jogo ou são simples “cornetinhas” que opinam sem perceber as reais contribuições dos jogadores.
Embora seja verdade que Cristaldo tenha mostrado algumas oscilações em sua performance, isso não apaga o fato de que, em termos de números ofensivos, ninguém no elenco se compara a ele. Em 2024, o jogador foi de longe o jogador com maior participação direta em gols pelo Grêmio, o que o coloca em uma posição de destaque na equipe, mesmo em um ano de altos e baixos.
É importante destacar que a equipe de Renato Portaluppi, quando contava com Cristaldo em campo, apresentava um estilo de jogo com transição e fluidez ofensiva. Por outro lado, nos jogos em que ele estava ausente, o Grêmio recorreu ao famoso “chutão” para tentar encontrar Soteldo, o que comprometia a qualidade do jogo coletivo. Esses detalhes são evidentes para quem observa os jogos sem o filtro da paixão exacerbada de torcedor, e não podem ser ignorados quando se analisa a importância do jogador.
Cristaldo não é apenas um bom jogador; ele é a peça-chave na construção do jogo ofensivo do Grêmio. Isso deve ser reconhecido, e ele merece receber o que seu staff está pedindo. Compará-lo com Villasanti, por exemplo, é uma falácia. O ciclo de Villasanti no Grêmio parece ter se encerrado, e o valor de Cristaldo para o time é inegável.
A direção do clube pagava mais de R$ 1 milhão a JP Galvão, um jogador que, na prática, não rendeu nada. No entanto, resistem em pagar a um atleta que tem mostrado muito mais potencial e consistência, ainda que com oscilações naturais. Essa resistência a valorizar Cristaldo é um erro grave, frequentemente motivado por questões que vão além do futebol. Trata-se de um reflexo das negociações difíceis que alguns dirigentes não estão dispostos a encarar, especialmente quando o lucro imediato não está garantido.
Essa postura reflete um sistema arcaico que ainda sobrevive no Grêmio e em outros clubes brasileiros, onde a política interna muitas vezes sobrepõe a análise técnica. Caso a direção do Grêmio não seja capaz de manter Cristaldo, o clube deveria repensar sua estrutura e considerar a transformação em uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF). Caso contrário, a saída do jogador seria uma verdadeira “SAFadeza”, um erro irreparável para o futuro do time.
O Grêmio precisa ser mais inteligente ao lidar com seus ativos. Cristaldo, com seus altos e baixos, ainda é o jogador mais capaz de contribuir com a equipe em termos de jogo ofensivo. Ignorar isso seria um erro que a história do clube cobraria.
Foto: Lucas Uebel