Situação da Arena complica muito

Apesar de parecer bom adiar eventual leilão da Arena por dívidas da Metha (antiga OAS), a compra de parte da dívida por investidores deixa claro que eventual compra definitiva da Arena pelo Grêmio vai ficar muito mais difícil.

Bancos se interessam apenas em dinheiro, não possuem interesse em desenvolver qualquer projeto na Arena.

Com os investidores, o propósito não é ajudar o Grêmio, mas lucrar com a Arena.

Os investidores compraram parte da dívida pela construção da Arena do Grêmio e provavelmente vão endurecer ainda mais a cobrança, sendo que já possuem crédito para ser tornarem arrematantes preferenciais.

Ao contrário do que afirma a grande mídia, a aquisição não ameniza risco de o estádio ser leiloado de forma alguma, teremos apenas mais credores querendo lucrar sobre a Arena e montar projetos próprios.

Não se sabe exatamente por quanto os Investidores estão comprando, mas é certo que por um valor muito menor, parte da dívida de R$ 226,39 milhões que a OAS tem com bancos financiadores pela construção de parte do estádio.

Isso evidencia o despreparo jurídico e administrativo do Grêmio, que não teve a mesma habilidade para conseguir uma boa negociação visando os interesses do clube com os bancos.

O Santander e o Banco do Brasil decidiram aceitar a proposta da SDG II Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Não Padronizados.

O fundo de investimentos agora é credor de R$ 150,9 milhões da dívida, junto com o Banrisul, que tem a receber aproximadamente R$ 75,46 milhões.

O Banrisul não quis vender o seu crédito, ou seja, não nos livramos dos Bancos e ainda temos um grupo investidor de olho na Arena.

A SDG tem como administradora a paulista Reag.

Essa empresa já investiu no Cais Mauá, antes de o contrato ser rescindido pelo governo do Estado.

Os três bancos já haviam recusado proposta de investidores de sessenta milhões, o que nos faz acreditar que a proposta deve ter sido melhor para ser aceita agora e o que nos faz crer que o interesse pela Arena apenas aumentou.

A grande mídia tenta vender a ilusão que a compra possa dar fim ao processo de execução, o que não é verdade.

Primeiro, porque mesmo que não fosse interesse dos investidores dar andamento na execução, os créditos do Banrisul seguem intactos.

Segundo, os investidores jamais vão investir sem um projeto que os beneficie e, para isso, a execução deve prosseguir.

Fato é que a Metha precisará seguir arcando com os valores devidos.

A Justiça de São Paulo já foi informada sobre a negociação. Dos R$ 210 milhões financiados para a OAS para a construção do estádio, R$ 66 milhões já foram pagos.

Essa aquisição não mexe na estruturação do negócio envolvendo o Grêmio. Nada muda com relação à gestão do estádio, que continua sob responsabilidade da Arena Porto Alegrense e o contrato com a empresa vale até 2032.

Lamentavelmente a direção do Grêmio não faz parte dessa negociação e alega, com razão, que não deve nada.

Porém, uma dívida de 210 milhões sobre um patrimônio que vale aproximadamente setecentos milhões, parece uma verdadeira pechincha.

Desde 2016 todos os valores arrecadados pela Arena Porto Alegrense que não forem usados na manutenção, devem ser repassados aos bancos credores, porém não sabemos se está realmente sendo obedecida a ordem judicial, tampouco o quanto da dívida já foi abatida do montante geral.

Com todo este enredo, o que temos de fato é a aquisição da Arena cada vez mais longe do nosso clube e um Olímpico demolido.

Passou da hora dos dirigentes do Grêmio e do jurídico do clube buscarem soluções com investidores parceiros com um bom projeto, para garantir que um clube da grandeza do Grêmio não fique sem casa, correndo riscos desnecessários no Judiciário com investidores que buscam apenas o próprio lucro com projetos desalinhados aos interesses do Grêmio.

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Rodrigo Schmitt
Rodrigo Schmitthttp://realnews.com.br
Advogado criminalista há 25 anos, jornalista e gremista de coração

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