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Se é “NOVO”, por que parece tão velho? Os motivos para cassar os vereadores do NOVO em Porto Alegre

Porto Alegre acordou com mais uma pérola da “nova política”. O Partido NOVO, aquele que se diz avesso a velhos vícios, aparece em uma denúncia protocolada pedindo nada menos que a cassação de dois vereadores — Ramiro Rosário e Tiago Albrecht — por manterem, sob a asa da bancada, um assessor de dedicação exclusiva que, vejam só, teria vida empresarial ativa e rotina instagramável em Madrid, tudo enquanto embolsa mais de R$ 15 mil líquidos por mês dos cofres públicos. É o NOVO que soa VELHO: discurso em caps lock, prática em letra miúda. Segundo a denúncia, o servidor Antonio Luis Olinto Gornatti, lotado como Assessor de Bancada do NOVO, aparece como sócio de empresas ativas e com postagens geolocalizadas na Espanha — um coquetel perfeito de incompatibilidades. A cereja do bolo? O tal regime de dedicação exclusiva. Moralismo de camarim, com figurino de “gestão eficiente”. (A publicização do caso foi parar na imprensa e detalha o salário e as postagens em Madrid.)

A denúncia, devidamente assinada e protocolada, não é fofoca de corredor: invoca Código de Ética, Regimento Interno e Lei Orgânica para sustentar que há indícios de quebra de decoro e uso indevido da estrutura legislativa. Traduzindo do juridiquês: quando a bancada nomeia e mantém um assessor em condições supostamente incompatíveis com o cargo, quem responde politicamente são os vereadores que seguram a caneta. Se é “time da eficiência”, por que a contabilidade ética patina? Se é “gestão enxuta”, como explicar a gordura de um contracheque público coexistindo com rotina empresarial e vida no exterior? (O caso virou assunto público justamente porque há indícios acessíveis em registros e redes, repercutidos pela imprensa.)

O NOVO jura ser diferente. Mas aqui o enredo é padrão: prega-se a virtude no púlpito e, nos bastidores, dá-se um jeitinho de cabide. É o bom e velho moralismo de cueca: levanta-se a bandeira da austeridade enquanto se abre exceção para o camarada certo, no lugar certo, com o contracheque certo — e o CEP, ao que tudo indica, em Madrid. O contraste entre o sermão e a prática é tão gritante que a legenda devia trocar o slogan: menos “nova política”, mais “mofo gerencial”. (A narrativa pública menciona exatamente isso: assessor recebendo em Porto Alegre e publicando vida na Espanha desde pelo menos abril de 2025.) Terra

Os pedidos são cirúrgicos: instauração de processo disciplinar, afastamento cautelar se necessário, cassação por quebra de decoro e remessa ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas para apurar improbidade e eventual ressarcimento. É o roteiro institucional mínimo quando o parlamento é confrontado com sinais tão claros de incompatibilidade funcional — ainda mais sob a batuta de quem se vende como guardião da eficiência e da moralidade. Se o caso é “fake” como alguns querem insinuar nas redes, ótimo: abram os dados, apresentem provas de efetivo exercício e refutem ponto a ponto. O que não dá é varrer para baixo do tapete enquanto a cidade paga a conta. (A repercussão já gerou defesa e bate-boca nas redes; mais um motivo para a Câmara esclarecer oficialmente.)

E aqui vai o ponto que separa marketing de caráter público: transparência não é press release, é processo verificável. O Portal da Transparência, a folha de pagamento, o registro funcional, a rotina de trabalho e o tal “dedicação exclusiva” precisam casar com a realidade dos fatos. Se não casam, não é “narrativa”, é descompasso com a lei — e com o respeito ao cidadão que financia a peça. Quando a casa é do povo, a fachada não basta. (A matéria cita salário líquido superior a R$ 15 mil e a suposta residência no exterior como elementos públicos de interesse.)

Porto Alegre não precisa de vereadores com discurso de LinkedIn e prática de porão. Precisa de gente que apareça para trabalhar — aqui, não no Velho Mundo — e que não confunda gabinete com incubadora de negócios privados. O caso é didático: o NOVO só será novo quando romper com a cultura do privilégio, inclusive dentro de casa. Até lá, fica assim: pregam eficiência, entregam exceção; denunciam os outros, tolhem quando é com os seus; posam de fiscais, tropeçam no próprio decoro.

Direito de resposta e presunção de inocência: os citados têm o direito de se manifestar e apresentar documentação que comprovaria regularidade do vínculo, efetivo exercício e compatibilidade com o regime funcional. Que o façam à luz do dia e com dados auditáveis. Enquanto isso, a Câmara tem o dever de instaurar, apurar e decidir — sem gambiarra, sem corporativismo, sem espuma de rede social. Porque, no fim, o que separa o NOVO do VELHO não é o discurso. É a coerência.

CLIQUE AQUI E VEJA A DENÚNCIA COM PROVAS CONCRETAS PARA A CASSAÇÃO

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Wagner Andrade
Wagner Andradehttps://realnews.com.br/
Eu falo o que não querem ouvir. Política, futebol e intensidade. Se é pra sentir, segue. Se é pra fugir, cala.
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