A criança de hoje pode ser o empreendedor de amanhã. Pesquisa liderada pela investidora britânica Sarah Willingham sinaliza que 32% das crianças locais querem ter seu próprio negócio quando se tornarem adultas. No Reino Unido, pelo menos metade delas iniciam pequenos empreendimentos visando sua independência financeira, mesmo ganhando mesada dos pais. A mentalidade do empreendedorismo infantil, no entanto, parece distante da realidade brasileira. Mas pode ser mudada e conta com o apoio de educadores, como Micha Gamerman. É dele o projeto de videoaulas para o Youtube, com acesso gratuito, que visa ensinar crianças a darem mais valor e a terem mais responsabilidade com o dinheiro.
Professor de centenas de crianças da Comunidade Judaica em São Paulo, o rabino, mais conhecido por Moré Micha (Moré, em hebraico, significa professor ou instrutor), já fez o piloto do projeto que tem parceria do INNA, agência israelita de inovação e tecnologia. “Serão vídeos curtos e dinâmicos, com a presença do personagem Baron Del Bigodon e do especialista em finanças Marcos Zekcer. O objetivo é levar conteúdo de qualidade e formar uma nova geração de gestores e empreendedores no nosso mercado”.
Para Moré Micha, o perfil do empreendedor infantil passa pelas seguintes habilidades: “Fazer bom uso do seu dinheirinho (mesadas), comprar com consciência e poupar para quando começar a fase adulta”.
Nada que, segundo ele, não possa ser estimulado ao longo da vida. “Cada vez mais as competências do empreendedor infantil vão se aprimorando e acredito que, quanto antes trabalharmos estas habilidades, teremos resultados mais satisfatórios já em seu início de carreira”.
Sendo orientada desde pequena, Micha Gamerman acredita em um futuro brilhante para a garotada: “Com certeza a criança terá uma carreira mais sólida e próspera”.
Dicas para colocar em prática
Mas enquanto o projeto está sendo finalizado, que tal seguir as dicas do instrutor Moré Micha e estimular o lado empreendedor das crianças?
Controle as mesadas
Os pais devem avaliar e pensar em oferecer valores que estejam à altura de sua realidade financeira, bem como analisar se a mesada impactará positivamente a vida dos filhos. Não se deve dar mesadas exorbitantes, para não acharem que podem comprar o que quiserem, nem valores extremamente baixos, para não desvalorizarem o dinheiro. A mesada precisa ser na medida certa para entenderem que se pouparem, poderão ter benefícios;
Estimule a guardarem o dinheiro
Pais devem ficar atentos a reações de impulsividade por parte de seus filhos. Quando a intuição paternal, pautada de bom senso, percebe que a criança quer algo desnecessário deve-se usar a inteligência e explicar isso da maneira correta;
Compartilhe um pouco do seu dia a dia com a criança
Fale sobre assuntos que ela possa entender. Os pais podem compartilhar, de maneira superficial, seus cotidianos de trabalho, desafios e dúvidas financeiras. A atitude une a família, proporciona autoestima à criança, e mostra que os pais querem ouvi-la além de estimular o seu lado empresarial;
Não subestime a criança
Às vezes achamos que determinados assuntos não são cabíveis para as crianças, quando, na verdade, há total condição de compreensão e compartilhamento de ideias. Questione os filhos o que fariam no seu lugar. Exemplo: Se tivesse uma quantia para investir na empresa, no que investiriam? Em um equipamento? Em um profissional? No Marketing? Essas perguntas estimulam a criança a entrar no mundo empresarial;
Seja um exemplo
A criança também aprende vendo os adultos, ou seja, devemos mostrar que somos conscientes e responsáveis com nosso dinheiro, que gastamos com total ciência e não abusamos de impulsos. A criança que vivencia isso no seu lar tende a compreender melhor o valor do dinheiro.
