Irene e Ênio Unfer moram em Linha dos Pomeranos, em Agudo, a 243 kM de Porto Alegre. A família sempre plantou fumo, mas em 2005 os filhos do casal, Renato e Ana Paula resolveram diversificar, quando ganharam mudas de caqui, na casa familiar, onde estudavam. “Lá nós ganhamos mudas de caqui, para plantar, cuidar fazer o aprendizado de quem estudava lá. Plantamos os caquis brancos, cuidávamo mas não tinha muito comércio”.
Irene conta que levavam os caquis para a cidade para trocar nos mercados por mercadorias. “Era difícil receber dinheiro. Tinhamos que trocar. Nós trocavamos para não deixar se perder os caquis e por precisar da mercadoria. Uma época atrás paramos um pouco de plantar fumo e fizemos estufa de tomates. Não deu muito certo, pois era muito tomate para pouco consumo. Naquela época, Agudo tinha aproximadamente 30 estufas de tomate. Foi uma loucura o desperdício total. Nós não sabiamos mais onde levar. Não era igual hoje, que não tem o suficiente.”
A família voltou para o plantio do fumo na mesma luta, mas com a esperança de dias melhores. Sempre diversificando a propriedade, a família tentou se reinventar, pois o trabalho com o fumo é um trabalho árduo, bastante dificil, e de muito cuidado. “Era uma decepção quando iamos vender. As vezes tinhamos fumo bonito e mesmo assim, vendiamos mal. Nós não sabiamos mais o que fazer, foi desanimando e foi aí, que nosso filho Renato, decidiu parar de plantar fumo, pois estava vendo que não estava dando certo”.
Um funcionário da Emater os aconselhou a plantar morangos em estufas e foi alí que nova oportunidade de mudança surgiu. “Eu sempre torci para mudar, para termos um trabalho melhor, mais gratificante e, aos poucos, fomos diminuindo o plantio do fumo. Já estava desanimada com tanto caqui e sem ter mercado. Pensei em não correr mais atrás. Foi quando a Inês, da Emater me ligou e perguntou se nós queriamos vender caqui, pois eles precisavam de 500kg para o programa da merenda escolar”, disse a agricultora.
Naquele momento, Irene viu as portas se abrirem para um novo comercio de seus caquis, porém, a plantação foi atingida por uma praga e tiveram que acabar com a plantação dos caquis. A família então continuou com bergamota, laranja, goiaba e pêssego, que também eram vendidas para a merenda escolar.
A família já havia participado de um programa do Governo Federal, onde vendiam frutas para as cestas que o governo distribuia para famílias carentes. Eram 100 famílias beneficiadas. Vendiam também para o hospital, APAE e abrigos.
Depois, com a pandemia, acabaram-se as vendas para a merenda escolar e acabara-se também para o programa do Governo Federal. Mas a família comemora a parada de plantio fumo, em 2017. “Foi muito boa. Fumo da dinheiro, mas da gastos. Trabalhar nessa época na colheita, com esse calor, não é fácil.”
Irene ressalta que não incentiva as pessoas a pararem de plantar fumo, porém, ela recomenda que, antes do plantio, os produtores já tenham clientes, invistam em marketing, pois isso é necessário para evitar o desgaste e o desperdício do plantio.
A família hoje planta aproximadamente 9 hectares, com milho, feijão, batata, mandioca, moranga, repolho, beterraba, brócolis, couve flor, cenoura, melancia e melão. “Fizemos feira toda quarta-feira, em Agudo. Produzir alimentos e receber elogios pela qualidade do produto, é muito gratificante. Da trabalho também, mas amamos o que estamos fazendo. Existe uma falta de produtos da agricultura. Acredito que é um bom negócio. Participo de reuniões, corro atrás para que o negócio de certo, isso é muito importante”, finaliza a agricultora.