A poeira recém baixou. Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou por larga vantagem a proposta conhecida como PEC da Blindagem e isso foi um verdadeiro show de horrores. As ratazanas saíram dos bueiros disfarçadas de hamsters domésticos.
O que vimos nos dias seguintes foi uma reação popular negativa, que culminou na rejeição da proposta pela CCJ do Senado, menos de 10 dias depois da aprovação na Câmara. Essa proposição não é nova, já tinha entrado em pauta em 2021 com grande apoio de Arthur Lira. Batizada na época de PEC da Impunidade, não foi pra frente por falta de acordo entre líderes.
Os parlamentares petistas se refestelam na lambança do bolsonarismo. E pagaram de moralistas, de defensores da ética na política. Vejam só que presente para a popularidade dos mesmos às vésperas de uma eleição. Pois bem, vale frisar que a PEC da blindagem não deixa de ser oportuna, mas não para políticos.
Os mesmos parlamentares gaúchos que arriscaram suas imagens tentando blindar a si, mesmos às custas da impunidade de bandidos, poderiam votar favoráveis à blindagem de professores agredidos por alunos, — aos moldes do que defende o deputado Kim Kataguiri ao penalizar com a perda do Bolsa Família por um ano o Menor que agredir o Professor — ou para policiais perseguidos pelo crime organizado, e até mesmo no caso de juízes e desembargadores com carreira “punitivista”, que se aposentam sem segurança.
Dos 31 deputados gaúchos, 17 foram favoráveis a PEC da Blindagem. Isso inclui os deputados da oposição, que se uniram ao centrão no voto. Como se colocariam se o cenário fosse diferente? Se a blindagem não fosse para eles?
Mesmo que a proposta tenha sido enterrada por unanimidade e o legislativo tenha percebido que esta é uma pauta extremamente impopular, o ocorrido é um alerta bem-vindo ao eleitor gaúcho.
A tentativa de blindagem do legislativo, defendida quase que em uníssono pelos seus membros, nos traz duas lições importantes: a desconexão e oportunismo dos nossos deputados e a força que a pressão popular ainda tem. Essa é a chance que os gaúchos têm para rever em quem votarão no ano que vem, de modo a tirar os oportunistas que lá estão e evitar que novos sejam eleitos.