O ex-prefeito de Porto Alegre e candidato em 2022 a deputado federal pelo União Brasil, José Fortunati, decidiu expor um grave problema envolvendo a direção estadual do partido no Rio Grande do Sul, comandada por Luiz Carlos Busato e Germano Dalla Valentina. A denúncia destaca não apenas a ausência de repasses do fundo eleitoral prometido, mas também os desdobramentos financeiros que deixaram Fortunati e outros candidatos endividados após a campanha de 2022.
Promessas não cumpridas e dívidas milionárias
Fortunati revela que, antes de aceitar a candidatura, recebeu garantias diretas de Busato e Germano de que sua campanha contaria com recursos compatíveis aos do próprio presidente do partido no RS. Apesar disso, enquanto Busato recebeu R$ 1,76 milhão do fundo eleitoral, Fortunati teve acesso a apenas R$ 505 mil — um valor insuficiente para sustentar a estrutura montada e os compromissos assumidos.
Conforme Fortunati, ao final da campanha, ele foi obrigado a recorrer a empréstimos pessoais para cobrir os gastos e evitar inadimplência com fornecedores e equipes. Mesmo com um reconhecimento formal da dívida por parte da direção do partido e decisão judicial favorável, o montante de R$ 798 mil segue pendente há mais de dois anos.
Paralelos com o escândalo do Gamp
As denúncias ganham ainda mais gravidade ao serem contextualizadas com os antecedentes de Busato, envolvido em escândalos de corrupção. Áudios revelados pela Real News e imprensa nacional, expuseram negociações de propinas milionárias entre Busato e o Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (Gamp), que administrava serviços de saúde em Canoas. Na época, as denúncias indicavam pagamentos ilícitos e desvios de recursos públicos.
A conexão entre a má gestão partidária e os casos de corrupção levanta questões sobre o destino dos recursos eleitorais recebidos pelo União Brasil. Afinal, o partido foi o maior beneficiado pelo fundo eleitoral em 2022, recebendo R$ 776 milhões — uma soma que deveria garantir apoio amplo às campanhas de seus candidatos. Porém, a realidade apontada por Fortunati e outros candidatos revela práticas de concentração de recursos e possíveis desvios.
Ai me atrevo a levantar alguns questionamentos:
- Onde estão os recursos do fundo eleitoral que deveriam ter sido distribuídos equitativamente?
- Por que candidatos como Fortunati foram deixados à própria sorte enquanto Busato recebia tratamento diferenciado?
- Houve uso indevido do fundo eleitoral para outros fins, como nos escândalos de propinas já associados a Busato?
Além disso, há relatos de que o partido sequer está honrando obrigações trabalhistas, aprofundando a crise financeira e ética que envolve sua gestão estadual.
Uma situação recorrente?
Em 2024, surgem novas acusações de candidatos de cidades da região metropolitana, exceto Canoas, enfrentando dificuldades semelhantes. Isso gera especulações sobre possíveis esquemas de favorecimento localizados. Afinal, Canoas foi o epicentro dos escândalos de corrupção envolvendo Busato no passado, o que reforça dúvidas sobre o manejo de recursos e a transparência na condução partidária.
A crise do União Brasil no RS
As denúncias de Fortunati vão além de uma questão pessoal. Elas revelam uma crise estrutural na gestão do União Brasil no Rio Grande do Sul, sob a liderança de figuras já implicadas em práticas questionáveis. Com conexões diretas a escândalos de corrupção, como o caso Gamp, e a falta de transparência na distribuição de recursos, o partido enfrenta não apenas cobranças judiciais, mas também uma crise de credibilidade.
Enquanto isso, candidatos que acreditaram na promessa de apoio financeiro, como Fortunati, continuam amargando dívidas e lutando para responsabilizar os verdadeiros gestores do fundo eleitoral. O caso exige apuração detalhada e respostas urgentes sobre o destino dos milhões que deveriam ter sido usados de forma democrática e transparente.
Veja abaixo a documentação da dívida: