Quando temos limitações em relação à cultura, educação e ensino, viramos vítimas do sistema corrupto e opressor, essa afirmação pretensiosa faz parte de uma das muitas certezas mortas que temos no Brasil.
A verdade sempre está na nossa frente, mas nossa crença na esperança em salvadores, transfere a responsabilidade da mudança social para alguém, que não existe e ficamos aguardando um dia surgir um Winston Churchill, Tony Blair, Margaret Thatcher ou Roosevelt, no Brasil – não por seus dogmas ou ideologia política, mas pelo liderança significativas que foram – aqui na terra do carnaval, onde o importante é ser feliz mesmo na miséria, não se cria líderes, não temos ou preservamos heróis históricos, não conhecemos nossa história ou personagens, pelo contrário, nos últimos anos alguma coisa obscura ocorreu para que apagassem exemplos positivos para novas gerações, na cultura, música, arte e ensino, nossas referências foram aos poucos se esvaindo, deixando um cenário cultural brasileiro no mínimo vulgar e sem conteúdo, falando da música popular brasileira, por exemplo.
Fazendo uma reflexão, sobre o porquê um país tão rico, é tão pobre assim? A resposta é o óbvio, “educação e ensino”, ou falta deles.
Antes de seguir nessa linha é importante lembrar que a afirmativa de que “a chave do bom futuro é a educação” – sim, é um clichê! – sempre foi usado como referência para tudo que está errado no Brasil, é cultural dizer “que o problema é a educação”, é comum nas academias e pseudointelectuais citar a precariedade da educação e faltas de investimentos como fator dos problemas sociais e desigualdade. E é aqui que explico, com auxílio de uma experiência de vida empírica, ok!.
Primeiro precisamos definir que erroneamente confundem educação com ensino, a educação, deve ser um conjunto de valores e conhecimento baseado nos pilares adquiridos na família, o velho “educação vem de casa”, o que forma a conduta, os princípios do indivíduo devem ser os valores familiares, é através da “educação” se forma primeiro um homem ou uma mulher, em futuro cidadão probo.
Já o Ensino, esse deve ser ofertado pelo estado, capacitando o indivíduo para a vida social, profissional, histórica e desenvolver o seu raciocínio, o Ensino é a missão de nossos professores (heróis), e deve ter como ambiente principal as escolas.
A verdade é que a educação tem sido há anos usada como frase de efeito dos políticos e pensadores, de forma muitas vezes maliciosa, um dos problemas é que o investimento na educação até existe e legalmente previsto na constituição cidadã (CF/1988), contudo o investimento é tendencioso, direcionado para que as coisas permaneçam como estão, investem em coisas sem sentido as vezes, ou que não tenham benefícios diretamente ao educador ou ao ensino, exemplo disso é a luta de décadas dos professores, que em seus protestos só pedem a valorização e condições de trabalho, “não há como investir em educação e ensino sem começar pelos professores”.
A frase “precisamos investir em educação”, é ouvida pelos brasileiros há muito tempo, em Outubro desse ano, ano eleitoral, vamos ouvir isso a cada 10 minutos, isso porque o esquema é esse, dizer o que precisa ser feito, mas fazer de forma limitada, porque um povo educado e com ensino adequado forma um cidadão questionador e atencioso, coisa que o sistema luta para não ocorrer.
A pobreza é negócio e a falta de educação, cultura e ensino, em países como Brasil fazem da pobreza uma grande fonte de poder, acabar com essa fonte de poder é difícil. “O poder sobre o povo, decorre da ignorância dele, da falta de união e cidadania”, exatamente o que vivenciamos hoje, um individualismo, falta de noção sobre cidadania, idolatria de políticos sabidamente corruptos e gananciosos, falta de cultura e distanciamento de nossa própria história.
Poderíamos falar de cada uma dessas questões (e futuramente vamos), mas focamos nos agentes dos caos, os políticos, que estão no topo da pirâmide que nós mesmos construímos para eles, com nossos corpos e trabalho como base para sustentá-los. Isso porque é comum ver indivíduos que fazem parte de determinados governos/gestão, defendendo políticos corruptos, criminosos ou mesmo participando do sistema de alguma forma, até agradecer um prefeito, vereador, governador ou presidente por cumprir seu trabalho, é uma coisa que só acontece no Brasil, isso é obrigação desses agentes públicos, que deveriam ser exemplos de cidadania e não são, e seguem a cartilha de negar seus crimes quando descobertos, pois sabem que existem seus dependentes que irão validar sua inocência de forma fervorosa, lamentável.
Ainda assim, estamos passando por mudanças, as pessoas estão mais atentas, fazem melhores autocríticas, já enxergam com clareza os problemas e as soluções. Vejamos o exemplo da Revolução Francesa, um ciclo revolucionário de grandes proporções que aconteceu entre 1789 e 1799, foi motivada pela situação de crise que a França vivia no final do século XVIII, a histórica revolução francesa, mudou a face do mundo ocidental e criou reflexos até hoje, em seu legado a França ensinou sobretudo a força e união de um povo, uma das herança também francesa é o filosofia utópica que carregamos na bandeira gaúcha, Liberdade, igualdade e Fraternidade (…). No Brasil um movimento nesse sentido seria praticamente impossível, por vários motivos, não temos essa noção de união, aos poucos fomos sendo separados uns dos outros, cada um cuidando da sua vida – no seu quadrado – nossos líderes são na verdade nossos carrascos e feitores, nossa história não é valorizada, nossa cultura está sendo internacionalizada aos poucos, em suma perdendo a identidade como povo e tudo isso tem como base a educação e o ensino.
Por esses motivos, o investimento na educação é tendencioso, mas sempre falada, para simular um esforço que é aplaudido por alguns que não percebem ser vítima dos atuais políticos – em todas as esferas, federal, estadual e municipal, falando em municipal aqui na terra do Xis a coisa tá feia né – Então qual a solução ?
Pretensiosamente, ouso dizer que a resposta para essa questão está no despertar da cidadania, entender a sociedade e cuidar da educação dos filhos, sendo um suporte para os professores cumprirem com a missão do bom ensino. Não podemos usar apenas frases de efeito, para sanar problemas que são reais e se arrastam há quase meio século no Brasil, essas frases prontas e discursos nos mostram escancaradamente a solução dos problemas, porém deixamos para que um terceiro resolva, ou esperamos que um político/gestor faça, o que jamais irá fazer, porque os políticos no Brasil são os mesmos há 50 anos, só mudam de partidos, trocam de roupas, tiram a barba ou bigode, mas são os mesmos gananciosos pelo poder, possuem uma rol de frases prontas e discursos de efeito, sempre aguardando pela idolatria do povo que os elegem por trocas de favores ou cargos, deixando a solução dos problemas na teoria e na esperança de que um dia tudo vai melhorar. Por que “educação para todos é tudo”.
A solução está em criar uma geração melhor, missão nossa como pais e responsáveis, criar uma geração, que saiba que não podem jamais ser vítima de seus governantes, uma geração que aprenda o que é arte, musica decente, artistas que respeitam a história de seu povo, apresentar a poesia da música de Renato Russo, Noel Rosa – por exemplo – resgatar o respeito e admiração aos bons professores, valorizar nossa história, incentivar a busca pela prosperidade e não se contentar com pouco ou achar a pobreza algo normal, a solução está na nossa frente, não nas frases de efeito, mas na esperança de grandes líderes, que podemos ser e que podemos formar dentro de nossas casas hoje mesmo.