Aparentemente, o tabagismo na adolescência pode causar alterações epigenéticas, nosso DNA é como o manual de instruções do nosso corpo. Ele contém os genes que determinam muitas das nossas características. A epigenética é como um conjunto de “marcadores” ou “interruptores” que ficam em cima do DNA. Esses marcadores não mudam o código do DNA em si, mas influenciam quais genes são ligados ou desligados, e com que intensidade. É como se a epigenética controlasse quais partes do manual de instruções serão lidas e usadas.
O que o estudo aponta é que o fumo na adolescência pode alterar esses marcadores epigenéticos. E o mais surpreendente é que essas alterações podem ser transmitidas para os descendentes, ou seja, os filhos podem herdar essas instruções alteradas, o que pode levar a um envelhecimento celular mais rápido e a um maior risco de desenvolver doenças relacionadas à idade mais cedo.
O dano não fica apenas com quem fuma
Os filhos de pais que fumaram na adolescência podem ter uma predisposição a envelhecer mais rápido, ter uma pele com menos elasticidade, maior propensão a doenças cardiovasculares, respiratórias e até mesmo alguns tipos de câncer mais cedo na vida. A importância da intervenção Precoce reforça a urgência de campanhas de prevenção ao tabagismo entre adolescentes, não somente pelos riscos imediatos para eles, mas também pelos efeitos de longo prazo.
A ciência continua evoluindo de maneira fascinante, descobrindo novas conexões, e essa pesquisa adiciona mais um motivo para parar de fumar e para evitar que os jovens comecem. É uma informação que realmente nos faz pensar sobre as consequências das nossas escolhas, mesmo aquelas feitas quando éramos jovens e talvez não tivéssemos plena consciência do impacto a longo prazo.
Essa pesquisa é um alerta gravíssimo sobre a importância de campanhas de saúde pública focadas em adolescentes, ressaltando que os hábitos de hoje podem ter consequências profundas e duradouras, não só para a pessoa que fuma, mas para toda a sua descendência. É um lembrete poderoso de que a saúde é um legado que passa de geração em geração.
Dados da pesquisa norueguesa
Essa pesquisa da Universidade de Bergen é realmente um marco na compreensão dos efeitos do tabagismo, e ela traz um dado muito concreto e preocupante. O envelhecimento biológico cronológico é o tempo que passou desde o seu nascimento, ou seja, a sua idade “oficial”, refere-se ao estado real do seu corpo em termos de desgaste celular, funcionamento dos órgãos e resistência a doenças. Uma pessoa pode ter 50 anos cronológicos, mas um corpo biologicamente mais jovem ou mais velho.
O Impacto específico da adolescência aponta que estudos destacam que o início do tabagismo por volta dos 15 anos foi o fator associado a esse envelhecimento acelerado nos filhos. Isso sugere que a adolescência é um período particularmente crítico para o desenvolvimento, onde o corpo está em formação e mais suscetível a danos que podem ter repercussões a longo prazo e serem transmitidos. O tabagismo pode desregular esses mecanismos nos espermatozoides no caso de pais homens, e essas instruções alteradas são passadas para os filhos. Essas alterações podem afetar como os genes relacionados ao envelhecimento e à reparação celular funcionam, levando a um desgaste mais rápido do organismo.
Saúde Pública
A prevenção primária reforça a necessidade de investir massivamente em programas de prevenção ao tabagismo voltados para adolescentes. A mensagem precisa ser clara: fumar não prejudica somente a sua saúde imediata, mas pode comprometer a saúde e o futuro dos seus filhos. E a
conscientização é fundamental que pais e futuros pais tenham conhecimento desses riscos. Informar sobre o impacto transgeracional do tabagismo pode ser um forte motivador para parar de fumar ou para nunca começar.
Esse tipo de estudo abre portas para novas pesquisas, buscando entender ainda mais os mecanismos exatos e quais outros hábitos podem ter efeitos semelhantes. Em resumo, a pesquisa norueguesa nos dá uma evidência científica forte de que as escolhas feitas na adolescência podem ter um legado biológico complexo e prejudicial para as gerações futuras. É um alerta que vai além do indivíduo, impactando a saúde familiar e populacional.
Prevenção
O reforço dos cientistas sobre a importância de políticas públicas para evitar o início do tabagismo na adolescência é fundamental. Quando falamos sobre políticas públicas, estamos pensando em um grupo de ações que vai além da conscientização de cada pessoa. Essas ações incluem principalmente regras sobre a venda e o acesso a produtos. Elas consistem em leis mais severas sobre a venda de cigarros para quem é menor de idade. Também envolvem um controle melhor e o aumento dos impostos sobre produtos de tabaco. Isso ajuda a deixar esses produtos mais caros e, assim, menos fáceis de comprar para os jovens.
Campanhas de Prevenção Massivas tipo campanhas educativas contínuas, com linguagem adequada para adolescentes, que mostrem não somente os riscos imediatos como problemas respiratórios, mau hálito, mas também os impactos de longo prazo e, crucialmente, os danos intergeracionais que vimos nas pesquisas. Os programas nas escolas são uma implementação de programas de prevenção ao tabagismo, com abordagens interativas e que promovam o desenvolvimento de habilidades de recusa e pensamento crítico.
Ambientes Livres de Fumo, que inclui o fortalecimento e ampliação de leis que proíbem fumar em locais públicos, proibindo o ato e reduz a exposição de não fumantes à fumaça. Oferecer recursos e apoio para jovens que já começaram a fumar e desejam parar, pois a grande sacada aqui é que essas políticas públicas visam uma dupla proteção.
Evitar que os jovens comecem a fumar significa protegê-los dos inúmeros problemas de saúde associados ao tabagismo, desde dependência até doenças graves.
Como as pesquisas demonstram, impedir que os adolescentes fumem é também uma forma de proteger a saúde e o bem-estar de seus futuros filhos e netos, minimizando a transmissão de danos genéticos e epigenéticos.
É um investimento na saúde de longo prazo da população, que gera economia em saúde pública e melhora a qualidade de vida abrangente mente. A ciência está nos dando as informações, e cabe às políticas públicas transformarem esse conhecimento em ações concretas para um futuro mais saudável.
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