A Polícia Federal (PF) está prestes a lançar uma nova investigação em relação a uma possível associação criminosa com o intuito de comprometer a segurança das urnas eletrônicas. A denúncia partiu de Walter Delgatti Neto, mais conhecido como o hacker por trás do caso Vaza Jato. A suspeita recai sobre um plano que teria sido discutido durante uma reunião com assessores de campanha de Jair Bolsonaro, onde Delgatti alega ter sido aconselhado a desenvolver um “código-fonte” falso, insinuando a vulnerabilidade e a possibilidade de fraude das urnas eletrônicas.
O ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, poderá ser convocado a prestar depoimento neste contexto. Isso se deve ao fato de que Delgatti relatou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Golpistas que teve um encontro com assessores da campanha de Bolsonaro, onde teria recebido tais orientações. O objetivo seria minar a confiança no sistema eleitoral. Entre os presentes nesse encontro estava o então titular da pasta, o coronel do Exército Eduardo Gomes da Silva, bem como outros funcionários. As alegações foram corroboradas pelo advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, em entrevista concedida ao Estúdio no início deste mês. O hacker afirma ter participado de um total de cinco reuniões com membros das Forças Armadas ligados à Defesa. A proposta do “código-fonte” teria surgido do marqueteiro Duda Lima, durante um encontro que também contou com a presença do presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e outros indivíduos ligados à parlamentar.
Delgatti declarou: “A segunda ideia era no dia 7 de setembro, eles pegarem uma urna emprestada da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), eu acredito. E que eu colocasse um aplicativo meu lá e mostrasse à população que é possível apertar um voto e sair outro.” Paulo Sérgio Nogueira atuou como ministro da Defesa entre 1º de abril de 2022 e o término do governo Bolsonaro.
Cabe ressaltar que o atual ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou em entrevista ao blog que solicitou à Polícia Federal os nomes de servidores – sejam civis ou militares – que tiveram encontros com Delgatti nas dependências do Ministério da Defesa durante a gestão Bolsonaro.
Relatório sobre as Urnas Durante seu depoimento, Delgatti também revelou ter instruído técnicos do Ministério da Defesa a elaborar um relatório oficial sobre as urnas eletrônicas. Esse relatório foi entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em novembro de 2022. Embora o relatório não tenha apontado qualquer indício de fraude nas eleições, ele sugeria “ajustes” no sistema eleitoral que haviam sido previamente rejeitados por entidades fiscalizadoras. Além disso, o documento expressava a impossibilidade de atestar a “isenção” das urnas.



