A investigação da Polícia Federal (PF) acerca dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 trouxe à tona diálogos comprometedores no WhatsApp, indicando que militares e um agente da própria PF teriam articulado ações para subverter a democracia. Nesta terça-feira (19), quatro oficiais e um agente foram presos, sob determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Confira abaixo o papel atribuído a cada um dos investigados, com base nos documentos da PF, da Procuradoria-Geral da República (PGR) e despachos do STF.
1. Mário Fernandes – O General Radical e o Plano Terrorista
- Cargo: General de Brigada (reservista) e ex-chefe substituto da Secretaria-Geral da Presidência na gestão Bolsonaro.
- Ações: Apontado como idealizador do plano “Punhal Verde Amarelo”, que incluía a execução do ministro Alexandre de Moraes e de políticos eleitos da chapa vencedora.
- Envolvimento: Atuou no planejamento e coordenação de atos antidemocráticos e teria mantido relações diretas com manifestantes no QG do Exército. É acusado de criar uma minuta de “gabinete de crise” para gerir os impactos do golpe.
- Citação Importante: Em mensagens interceptadas, reclamou da “falta de coragem moral” de Bolsonaro para executar o golpe.
2. Hélio Ferreira Lima – Estratégia Militar e Alvos Definidos
- Cargo: Tenente-coronel do Exército.
- Ações: Participou de reuniões de planejamento na casa do general Braga Netto. Elaborou estratégias para neutralizar a atuação de Alexandre de Moraes, o que, segundo a PF, significava planejar seu assassinato.
- Atuação: Fez levantamentos dos hábitos de Moraes em parceria com o major Rafael Martins de Oliveira.
3. Rafael Martins de Oliveira – O Executor em Potencial
- Cargo: Major do Exército, codinome “Japão”.
- Ações: Integrante do grupo de WhatsApp “Copa 2022”, formado por militares golpistas. É acusado de planejar a prisão e possível execução de Moraes e de organizar a logística para concentrar “forças” em Brasília.
- Mensagem Reveladora: Estimou gastos de R$ 100 mil para mobilizar seus colegas, conhecidos como “kids pretos”, para um golpe militar.
4. Rodrigo Bezerra Azevedo – Propaganda e Psicologia de Guerra
- Cargo: Major do Exército, codinome “Brasil”.
- Ações: Especialista em ações psicológicas, teria usado propaganda estratégica para instigar manifestações antidemocráticas. É acusado de disseminar fake news sobre fraudes eleitorais e fomentar o clima de insatisfação pública.
- Contribuição: Atuou na criação de um “ambiente propício ao golpe”, manipulando informações e direcionando líderes das manifestações.
5. Wladimir Soares – O Agente Infiltrado
- Cargo: Agente da Polícia Federal.
- Ações: Repassou informações sobre a segurança do presidente eleito Lula e do vice Geraldo Alckmin. Os dados teriam sido usados em cogitações de assassinato por envenenamento ou outros meios.
- Atuação: Utilizou-se do acesso privilegiado como agente da PF para obter e divulgar informações confidenciais a favor dos golpistas.
As investigações continuam, com indícios de que os atos antidemocráticos foram planejados com antecedência e contaram com apoio logístico, financeiro e estratégico. O relatório da PF destaca o uso de redes sociais e grupos fechados para articular ações, além de ligações diretas com líderes políticos e setores estratégicos do governo anterior.
Foto: Agência Brasil