Perda de cabelo pós covid. Como tratar?

Estamos há mais de um ano convivendo com a covid-19, e além de incorporar à rotina as recomendações de higiene como lavar as mãos com frequência e utilizar álcool em gel, quem enfrentou a doença precisa agora lidar com as sequelas deixadas pela infecção.

Uma das maiores reclamações de quem já foi infectado pela Covid-19 é em relação a queda de cabelo.

De acordo com especialistas, a questão acontece devido a uma resposta inflamatória que interfere no ciclo capilar sinalizando para que os fios entrem em fase de queda, o que é chamado de “eflúvio telógeno” dentre os médicos.

Não só a Covid, mas outros vírus como o da dengue, influenza, HIV e infecções que causam febre como pneumonia, tuberculose e malária também podem estar associadas à queda de cabelo.

A queda se inicia em média de dois a quatro meses após a infecção. Existem relatos de quadros mais precoces, com início um mês após a doença.

Como a covid-19 pode afetar o ciclo normal do cabelo

A função do cabelo vai bem além da nossa autoimagem: passa por aspectos como tato, sensibilidade e proteção de orifícios e da pele contra a radiação ultravioleta (UV).

A grande maioria produz um fio de cada vez, num complexo processo de “fabricação” na raiz. Envolve divisão celular que gera células na base para o crescimento do cabelo, e depois elementos como glândulas produtoras de sebo para manutenção e flexibilidade, células geradoras de melanina para a coloração dos fios e papilas que cuidam do ciclo de vida dos fios. Arrancar um fio “pela raiz”, por exemplo, pode danificar essa “fábrica”.

De modo simplificado, o que identificamos como fio de cabelo é a “parte de cima” da estrutura iniciada na raiz, ou seja, enxergamos uma haste de células já mortas que foi se revestindo principalmente de queratina, proteína que garante a sustentação dessa estrutura com várias camadas.

Em geral, esse ciclo de vida dura de dois a sete anos e é dividido em três fases. Primeiro, o fio de cabelo cresce quase 1 cm por mês ao longo de três anos, em média, na chamada fase anágena. Em seguida, passa de duas a três semanas na fase catágena, momento em que deixa de ser “alimentado” na base por novas células, para de crescer e se prepara para ser substituído. A terceira e última é a fase telógena (ou repouso), que dura de três a quatro meses. É nela que o cabelo cai ao ser expulso pelo novo fio que está sendo formado no mesmo folículo piloso.

O problema é que esse ciclo pode sofrer distúrbios a partir de problemas emocionais, anemia, doença autoimune ou doença infecciosa, por exemplo. E daí pode surgir o chamado eflúvio telógeno, que antecipa o fim da vida do cabelo: uma proporção muito maior de fios muda da fase de crescimento para a fase de queda.

Um fator que tem sido percebido nos casos de queda de cabelo acentuada ligada à covid é a distância temporal entre a infecção e a perda de fios. Isso se dá porque o eflúvio telógeno costuma ocorrer três meses depois do fator que desencadeou essa condição de saúde e pode durar de três a seis meses.

Como tratar

O tratamento do eflúvio telógeno deve ser feito com acompanhamento médico, junto a um dermatologista. Depois dos exames, fazemos o tratamento com soluções tópicas, medicamentos orais e intradermoterapia capilar, com produtos injetáveis no couro cabeludo que irão estimular o crescimento e fortalecimento dos fios.

Ainda segundo a especialista, é importante começar o tratamento o quanto antes, já que os pacientes têm uma perda aguda e intensa dos fios. O acompanhamento com profissionais é fundamental para a recuperação da saúde do couro cabeludo.

Tratamentos realizados em salões de beleza e clínicas estéticas, tratam somente o fio, não sendo indicados para o eflúvio telógeno. É necessário realizar esse tratamento com médicos especialistas, que vão tratar o problema de dentro para fora.

 

 

 

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