Por Wagner Andrade
Para começar é necessário dizer que não se está aqui atribuindo a autoria do crime a ninguém, apenas fazendo um exercício de reflexão sobre o que diz a acusação em relação a Paula e sua participação no caso da morte de Gustavo, o fotógrafo e que acompanhei no Twitter do Tribunal de Justiça.
Antes de mais nada eu registro que lamento muito pela morte deste jovem.
Gustavo era conhecido pela sua profissão, mas reconhecido pelas suas virtudes.
Um jovem simpático, inteligente, bonito, de boa família e que foi cruelmente assassinado com 19 tiros.
Paula teria sido, sempre segundo a acusação, co autora do crime que teria sido executado por Juliano Biron.
Paula é uma linda jovem, que teve a atração de Gustavo por gozar de qualidades equivalentes, é muito simpática, inteligente, interessante e tudo isso fez com que tivessem um relacionamento.
Lembrando sempre que é segundo o que diz a acusação, Paula seria amante de Juliano Biron e, ao mesmo tempo, teve um relacionamento com Gustavo.
Juliano Biron recentemente retornou de uma Penitenciária Federal, local onde ficou por aproximadamente um ano.
Todos sabem que a função das Penitenciárias Federais é tentar manter presos alguns dos criminosos mais perigosos do país.
Inclusive consta nos jornais que Juliano seria um dos líderes da facção Os Manos e foi investigado em homicídios e no túnel que buscava uma fuga em massa do Presídio Central.
Segundo a Promotora, Paula seria só amante de Biron, mas namoraria Gustavo escondida, inclusive, no dia da morte, Gustavo estaria indo ao encontro de Paula de madrugada, para namorarem no carro, como já teriam feito outras vezes.
Apenas pelo que diz a acusação, já fica evidente o machismo em nossa sociedade.
Vejo muitas pessoas, inclusive mulheres, julgando Paula nas redes sociais, por ser amante de Biron e ter um relacionamento com o Gustavo, mas não vejo ninguém criticar Biron por ser casado e ter em Paula, sua amante.
E o que é pior, mesmo sendo apenas amante, ela não podia ter outros relacionamentos, tinha que se relacionar escondida, segundo consta no inquérito policial lido em Plenário.
A Promotora questionou qual seria o motivo que levaria uma mulher a querer a morte de um rapaz com quem estava tendo um caso amoroso correspondido?
Juliano Biron teria respondido que foi uma prova de amor e a Promotora questionou por qual razão Paula iria querer provar o amor dela para alguém que não sabia de sua relação com a vítima?
Será que ela queria mesmo a morte de Gustavo?
A Promotora questionou inclusive a carta de confissão, dizendo que quem quer confessar, chega e confessa.
Se o crime foi cometido por ciúmes, Paula teria alguma razão para ter ciúmes de Gustavo, que estava indo se encontrar com ela?
Uma morte com 19 tiros mostra uma fúria, mas qual motivo que Paula teria para ter fúria em relação a um rapaz que sempre ia ao seu encontro e inclusive iriam se encontrar para um relacionamento amoroso na noite da morte?
A Promotora ainda argumentou que a relação de Paula com Juliano, segundo consta dos autos, não era nada boa.
Vejam bem, aceitando apenas para argumentar que Paula tenha colaborado, como diz a acusação, levando Gustavo ao local aonde foi assassinado por Biron, caso a narrativa da acusação seja verdade, poderia Paula não colaborar?
Deveria Paula sacrificar a própria vida para defender a vida de Gustavo?
Não se está a acusar ninguém, mas se realmente foi Juliano Biron, que precisou de uma Penitenciária Federal para ficar preso, uma medida da Maria da Penha salvaria Paula?
Vejamos alguns trechos do que a Promotora disse sobre o relacionamento de Paula e Biron:
Porque a Paula mataria o Gustavo?”, se Juliano não sabia do relacionamento entre os dois. Como isso seria uma prova de amor? “Estranho esse raciocínio.”
Questiona qual seria a razão da ré matar alguém que lhe tratava bem, ao invés do homem com que mantinha uma relação conturbada.
Disse que constam nos autos provas de que Juliano era ciumento e já havia ameaçado Paula se ela o traísse.
Consta no Twitter que a Promotora mostrou provas que Juliano mantinha relação opressora contra Paula e que ele não era tão bom para ela quanto diz.
E não sendo Juliano, mas sendo um terceiro, um outro namorado qualquer, poderia Paula se opor a alguém que tem a capacidade de descarregar quase vinte tiros no seu namorado na sua frente?
Vejam, insisto, é só um exercício de reflexão sobre a versão da acusação.
Não estamos com isso dizendo que a narrativa da acusação é verdaderia, estamos apenas refletindo que, ainda que se aceite como verdade o que diz a acusação, ainda assim não é lógico supor que Paula tenha tido qualquer vontade de matar um jovem contra o qual ela nada tinha.
São apenas idéias sobre a versão acusatória, quando for a vez de Paula, poderemos falar sobre a tese da defesa que desconhecemos.
Mas tenham calma para julgar essa mulher.
Depois de ouvirem todas as versões, julguem.