A Operação Perfídia, conduzida pela Polícia Federal, investiga alegadas irregularidades nos recursos destinados à intervenção federal no Rio de Janeiro, no montante de R$ 1,2 bilhão. Notadamente, o general Walter Souza Braga Netto figura entre os investigados, embora não tenha sido alvo dos mandados de busca e apreensão executados na operação em questão. A investigação almeja esclarecer a possível prática de crimes que abrangem o patrocínio de contratação indevida, a dispensa irregular de licitação, a corrupção ativa e passiva, bem como a participação em uma organização criminosa.
O foco recai na contratação, ocorrida em 2018, da empresa americana CTU Security LLC pelo governo brasileiro, especificamente no contexto da aquisição de coletes balísticos com suposto sobrepreço destinados ao Gabinete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro. O mencionado Gabinete foi instaurado em resposta a um decreto presidencial que confiou às Forças Armadas a responsabilidade pela segurança pública do Rio, com o general Braga Netto nomeado como interventor.
As autoridades dos Estados Unidos identificaram as supostas irregularidades durante uma investigação relativa ao assassinato do presidente haitiano Jovenel Moises, em que a CTU Security LLC estava envolvida no fornecimento de logística militar. Subsequentemente, o Tribunal de Contas da União (TCU) reportou indícios de conluio entre empresas e suspeitas de conhecimento prévio da intenção de compra dos coletes por parte do Gabinete de Intervenção Federal do Rio de Janeiro, resultando em um suposto sobrepreço de R$ 4.640.159,40. O contrato com a CTU Security LLC foi celebrado em 2018 e a empresa recebeu o pagamento integral, posteriormente reembolsado após a suspensão do contrato pelo TCU.
Adicionalmente, a Operação Perfídia investiga a possibilidade de conluio entre duas empresas brasileiras atuantes no mercado de proteção balística, com contratos públicos de grande envergadura.
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom
