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O Presidente Collorido

Nesta semana relembro a nossa primeira eleição presidencial realizada através do voto popular após ditadura militar, estamos nos referindo a 1989, lembrando que os brasileiros não votavam para presidente desde 1960, quando Jânio Quadros foi eleito .

O Brasil de 1989 apontava uma inflação de 1.782,9%, algo surreal aos tempos de hoje, a economia estava totalmente indexada, o que realimentava a alta de preços. Os salários eram reajustados mensalmente conforme o índice da inflação que era quase ou até 84% ao mês de reajustes , não tínhamos política de reservas cambiais que estavam zeradas e contas públicas fora de controle ( surgiu na época a expressão ao novo presidente de caçador de marajás ao demitir/exonerar 360 mil funcionários públicos) além de ter nossa moeda nenhuma valorização ( acho que naquela época conseguimos ficar pior que a Argentina).

Olhando o passado , podemos dizer que nós Brasileiros sofremos naquela eleição hollywoodiana um marketing político em massa, sendo algo novo até o momento, inocentes na jovem democracia elegemos um presidente diante a rejeição nacional ao candidato da Esquerda Leonel de Moura Brizola, Luís Inácio surgiu como azarão indo ao 2º turno e Fernando Collor de Mello era o príncipe da Direita com ideias inovadoras ,egocêntrico sendo apresentado como apto por ser amado pelo povo de sua terra natal que era Maceió (Alagoas); estávamos encantados com o jovem moço de 40 anos que com elegância e eloquência ,discursava sem travas numa eleição que teve 22 candidatos a presidência .

As esperanças e euforias juvenil do Brasileiro, terminaram um dia antes da posse, o país foi surpreendido com a decretação de feriado bancário. Em uma estratégia maquiavélica Ibrahim Eris eleito Presidente do Banco Central, foi empossado antes do Presidente da República, como parte da estratégia para organizar a economia. Enfim o plano Collor atingiu 146 milhões de brasileiros além da extinção pelo governo de importantes incentivos , surgiu o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF); e a redução de praticamente todas as tarifas de importação que permitiu a entrada de produtos importados como bens de consumo e automóveis.

Mas o estrago moral e financeiro que atingiu a população foi o bloqueio de todos os ativos superiores a 50 mil cruzados novos, equivalentes à época a US$ 1.300, levando ao desespero em todos os níveis de classes sociais.

O novo Presidente se mostrou tirano, sendo natural seu abandono pelo povo, num governo marcado por alguns escândalos menores, como o assassinato do tesoureiro de campanha Paulo César Farias, a lavagem de dinheiro no famoso Jardim da Dinda, a compra de uma Elba e a denúncia de corrupção feita pelo próprio irmão de Fernando – Pedro Collor.

A classe política em tom revanchista e atendendo o apelo da população, através das manifestações dos “caras pintadas ”que levaram em todo o país milhões de jovens nas ruas, procedeu abertura de impeachment de Fernando Collor que não resistiu ao risco de perder a capacidade de continuar na política, vindo a renunciar em 29 de Dezembro de 1992.

A jovem Democracia rebelde ainda em sua tenra liberdade não queria correr riscos e aguardava por mudanças , por ironia Fernando Collor ainda circula no meio político sendo atualmente Senador da República, de atuação mediana sem ter ainda o apreço de seus pares e de quase a totalidade do Povo Brasileiro. Foi eleito como grande Presidente, mas foi a maior decepção que a Democracia nos trouxe.

Sobre o Autor : Advogado , Jornalista e Observador Político

Sobre : Eduardo na Política – Coluna voltada a reflexão política,

definição de termos políticos e história política

Instagram : @eduardonapolitica

e-mail: eduardonapolitica@gmail.com

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Eduardo Maluhy
Eduardo Maluhyhttps://realnews.com.br/
Advogado em Porto Alegre , Jornalista e Observador Político

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