Após a conturbada eleição do primeiro e segundo turno de Canoas, análises e projeções são feitas para o futuro da cidade conforme a escolha dos eleitores, que decidiram participar do pleito.
Uma observação que é realmente importante, independentemente da paixão política e por personalidades tradicionais da cidade do avião, sem dúvidas é a grande abstenção que de fato venceu as eleições pela segunda vez.
A abstenção na votação em 2024 tem muitos motivos, da falta de documentação, incentivo, decepção com políticos, falta de recursos, revolta ou protestos (…), são muitas as variáveis, esse ano em números oficiais da TRE Canoas tinha 166.869, votantes aptos, desses 92.716 não compareceram ao pleito – sem contar o voto branco e nulo.
A eleição do executivo foi marcada pela judicialização do debate, trocas de acusações e posições dos apoiadores, a pauta central foi o debate sobre a origem e consequências das enchentes, uma discussão que atualmente depois do recomeço da cidade que demostrou resiliência, torna-se um debate de “butéco”, isso porque após o resultado das urnas, o foco deve ser a expectativa de uma gestão que Canoas merece e precisa.
As dúvidas recentes sobre a situação do futuro prefeito eleito ainda circulam nas rodas de conversas pela cidade, os problemas judiciais do Ver. Airton Souza, indicam algumas possibilidades, que vai da incerteza de um afastamento durante seu mandato até, no caso extremo, a impossibilidade de diplomação. Em uma realidade jurídica brasileira, onde tudo é relativo – inclusive o conceito de democracia não é mesmo! (risos), fazer análises é praticamente um exercício de suposições e teorias da conspiração, o mais lógico nesse caso seria aguardar os fatos e manifestações oficiais de cada lado envolvido.
Pelo menos metade do eleitor canoense tem interesse no desfecho dessa história, para os outros que contribuíram para o número de abstenções, essas possibilidades parecem não fazer diferença, pois quem não vota não participa.
Superproteção ou reflexo do eleitor médio?
As eleições de 2024 ficarão marcada por fatos bem atípicos, situações como players e outsider, que trouxeram memoráveis situações e debates sobre o modelo tradicional e formal da politica e políticos, no Brasil a marca da eleição ficou fixada pela cadeirada envolvendo o candidato Pablo Marçal e José Datena, que disputavam a prefeitura de SP.
As candidaturas ao legislativo também foi marcado pela renovação do método, ou modus operandi, que candidatos relativamente jovens, sobretudo vinculados à direita e pauta Bolsonarista, que ampliaram o discurso de renovação com denúncias, provocações e instigação a revolta contra a política de esquerda e política tradicional.
Em algumas cidades – Canoas é um exemplo fiel disso – o resultado foi positivo, a nível de Estado e no Brasil, o PSD, UB e PL de Bolsonaro teve o êxito que projetaram já visualizando 2026, apresentando a população lideranças conhecidas pela mídia e trazendo “anônimos” ao cenário político.
Ainda sobre os políticos do PL, a estranha gravação do prefeito eleito de Canoas, Airton Souza, com dinheiro na cueca, ops! Na cintura (segundo o eleito), fato “típico de políticos vinculado ao PT” até pouco tempo, talvez o fato seja minimizado pelo futuro prefeito devido ao período que teve vínculo com partido dos trabalhadores em um passado não muito distante, fato esse ignorado pelos defensores de Bolsonaro, assim como o ciclo de apoio do futuro prefeito que não condiz com o discurso de moralidade politica dos apoiadores e seguidores do Capitão.
Embora a situação seja no mínimo duvidosa, a questão é minimizada quando debatida no calor e na paixão política, o que aqui no RS está cada vez mais grenalizado, a ponto de fatos como este, do prefeito democraticamente eleito, ignorar a lógica e obviedade do fato, que a maioria das pessoas conseguem entender (afinal no mundo real que sabemos o que acontece em cada eleição nas comunidades, infelizmente – opinião), o fato é que devido a disputa polarizada, apoiadores ignoram fatos que na maioria das vezes desabonam políticos, como processos de suspeitas de corrupção, afastamentos, e mesmo bloco de dinheiro em espécie sem nenhuma explicação plausível.
Entender a proteção exagerada de pessoas políticas, nos esclarece a situação administrativa/gestão do país, uma vez que cada grupo vitorioso defende apenas seu comandante e político, seja de direita ou de esquerda, prejudicando no geral a sociedade como um todo, afastando pessoas boas do cenário politico ou criando cada vez mais a manifestação através da abstenção ao voto. A superproteção de condutas de candidatos nos limitam a escolha do menos pior, o que tem sido a realidade do eleitor a cada eleição que passa.
Na análise mais racional, a verdade sempre foi que os políticos são reflexos dos seus eleitores, e temos visualizado uma imagem que não gostamos, mas não mudamos, afinal “o candidato do outro é bem pior que o meu”.
A realidade da saúde
Dias após a eleição ao executivo, parece que o canoense voltou a lembrar que a saúde em Canoas sempre esteve na UTI nos últimos 10 anos praticamente, isso porque a situação de fato nunca se normalizou ou foi resolvida pela gestão pública.
A pauta política durante a campanha se concentrou na crise das águas, desviando o foco da saúde, segurança e educação, que já era uma reivindicação da população antes das enchentes.
Nos últimos dias, os profissionais de saúde têm realizado diversas denúncias, referente a situação de falta de condições de trabalho, demissões em massa e falta de pagamento. O assunto já foi abordado pela RealNews meses antes da eleição, alertando para a fragilidade da pasta da saúde em Canoas, sobre tudo no período eleitoral – Leia aqui – https://realnews.com.br/a-pesquisa-para-prefeito-o-pragmatismo-upa-boqueirao-e-na-real/ – novamente a cidade ficou exposta nas mídias locais, que notificou uma possível situação de superlotação e falta de insumos no HNSG, assim como procedimentos atrasados no HU e manifestação de populares.
A saúde sempre foi um desafio em Canoas, desde a criação da Fundação de Saúde de Canoas, não conseguimos acertar o rumo e os atendimentos de forma adequada. A falta de recursos humanos, e após o fechamento e abertura parcial do HPS, potencializou uma nova crise na saúde ainda mais densa, pois a amaça de greve por parte de trabalhadores da saúde. O que se espera é uma resolução ainda nesta gestão, assim como melhor solução prometida pelo futuro prefeito eleito há duas semanas, que garantiu inovações e preservação dos recursos públicos para melhorar a saúde de todos.
Independente do gestor a população é uma só, e precisa que solução prática e rápida, afinal a saúde é a base de qualquer administração é uma prioridade para qualquer pessoa. Aguardamos tempos melhores, a cidade e povo já mostraram resiliência e tem se dedicado a reconstruir da melhor forma possível.
Falando em reconstrução.
A força e resiliência são qualidades que surgem nos momentos de dificuldades, é preciso entender que nossa transformação e recuperação começa pelo próprio indivíduo, expandido para a família e sua comunidade, preparar as futuras gerações para desafios e dificuldades é garantir um futuro fraternal e solidário.
Muita Luz a todos.