Embora cuidar de nossa saúde mental deva ser sempre uma prioridade, o rito de passagem cultural que marca o início de um novo ano favorece reflexões e decisões que visam melhorar nossa qualidade de vida, seja no campo pessoal, afetivo ou profissional — especialmente em um período em que precisamos nos reconstruir após tantas perdas.
E você, que está lendo: já parou para pensar naquilo que se repete em sua vida e causa tanto sofrimento psíquico? Estar cansado de um sintoma, queixar-se dele, é o primeiro passo para demandar uma mudança. Freud nos trouxe a ideia da dupla função do sintoma: ele tanto esconde quanto revela aquilo que foi recalcado, tornando possível sua ressignificação no processo de cura pela palavra, no trabalho analítico.
Lacan, por sua vez, ampliou essa perspectiva ao conceber o inconsciente como algo “estruturado como uma linguagem”. Ele se baseou no trabalho conceitual e analítico de Freud, que buscava moldar a psicanálise nos padrões científicos, mas acabou se deparando com o imponderável — nossos desejos e conflitos inconscientes, que se manifestam por meio da linguagem.
Ter a liberdade que o vínculo transferencial proporciona para “falar o que vier à cabeça” é algo maravilhoso! Essa prática facilita o processo de cura, permitindo-nos estabelecer uma nova relação com os significantes que nos constituem como sujeitos, aprendendo a falar de nós mesmos com mais propriedade.
Por tudo isso, a psicoterapia analítica foge de esquemas padronizados e motivacionais, já que prioriza a narrativa singular de cada analisando. Ao fim do percurso, essa individualidade o ajudará a encontrar sua própria forma de viver melhor.
Fica o convite: aposte na análise, inclusive como alternativa online. Feliz 2025!
(A coluna entra em férias e volta em fevereiro, mas o psicanalista segue trabalhando).