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O fim da era Quinteros e os desafios estruturais do Grêmio

A derrota por 4 a 1 para o Mirassol não foi apenas um tropeço acidental, mas a consequência de um processo técnico mal conduzido desde o início da gestão de Gustavo Quinteros no Grêmio. Em três meses de trabalho, o treinador não conseguiu implementar um modelo de jogo coerente com as características do elenco. Sua proposta baseada em linha alta e construção desde a defesa expôs a lentidão dos zagueiros e a fragilidade do sistema defensivo, enquanto a transição ofensiva ficou prejudicada pela ausência de articulação no meio-campo.

A insistência na ligação direta eliminou qualquer possibilidade de valorização da posse ou de construção apoiada, especialmente subutilizando jogadores com capacidade técnica para reter e distribuir jogo, como Braithwaite. A equipe apresentou um padrão de jogo desorganizado, com espaçamentos entre setores, pouca compactação e um time frequentemente desencaixado em fases defensivas e ofensivas.

Mais do que os resultados, o que decretou a queda de Quinteros foi a falta de evolução. O Grêmio não apresentou indícios de assimilação de ideias ou de melhora coletiva, mesmo após uma pré-temporada completa e diversas semanas de treinamento entre compromissos.

Agora, com a saída do treinador, o clube se vê na obrigação de fazer a escolha certa. A escolha do próximo comandante não pode ser apenas reativa. É necessário que a direção compreenda o perfil do elenco, suas limitações — especialmente em termos de intensidade, velocidade e profundidade, e busque um nome capaz de adaptar a estratégia ao material humano disponível. Neste momento o nome de Mano Menezes, surge como ficha 1 da direção gremista.

Seja qual for o novo treinador ele terá que entender que o clube vai ter poucas chances de grandes reformulações antes da janela de meio do ano, o Grêmio precisa urgentemente de estabilidade tática, recuperação da confiança e competitividade imediata. A margem de erro é mínima, e o foco deve estar em reconstruir o sistema de jogo, dando prioridade à organização defensiva e retomada do controle dos espaços em campo.

A demissão de Quinteros encerra um ciclo que começou mal e terminou pior. O desafio agora é evitar que a temporada siga o mesmo rumo.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio

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