O novo julgamento de Paula, que foi absolvida por unanimidade em Plenário, está agendado para março de 2026. Apesar da absolvição, um erro formal resultou na convocação de Paula para um novo julgamento.
Juliano Biron, condenado em 2020 a uma pena de vinte anos e oito meses pela morte de José Gustavo Bertuol Gargioni, fugiu do sistema prisional, sendo recapturado em setembro deste ano na Bolívia.
Em dezembro de 2023, Paula foi inocentada das acusações de ter participado do crime, com o Ministério Público alegando que ela teria atraído a vítima para ser assassinada por Juliano. No seu depoimento no Tribunal do Júri, Paula relatou que, ao descobrir que ela e Gustavo se encontrariam, foi agredida e obrigada a levar Juliano até o local do encontro.
O delegado de polícia, ouvido durante o julgamento, confirmou que Paula vivia em um relacionamento abusivo, sob constante vigilância e ameaças de Juliano. Ele também destacou que, nas raras ocasiões em que Paula conseguia escapar da vigilância, mantinha um relacionamento amoroso com Gustavo. Sustentou também que a vítima não foi torturada, como falsamente foi divulgado em parte da mídia.
“Paula não tinha motivos para querer a morte de Gustavo. Ela foi absolvida e será novamente”, afirmou Rodrigo Schmitt, advogado de Paula, que dividiu a sustentação com o advogado Jean Severo.
O julgamento anterior foi anulado porque, segundo o Ministério Público, os jurados reconheceram a autoria do crime, mas absolveram por clemência, o que contraria a tese da defesa, que se baseava na negativa de autoria. A redação da Ata, elaborada pela assessoria, não mencionou a tese da clemência, que foi central durante o interrogatório de Paula, onde ela, grávida e emocionada, alegou que se sentiu sem opção e temia por sua vida.
Durante o julgamento, foram apresentadas filmagens de Paula chorando no elevador do prédio logo após o crime e tentando saltar do carro, sendo puxada para dentro por Juliano. As conversas entre Paula e Gustavo também indicaram um relacionamento amoroso, com Gustavo se deslocando para o encontro.
O relacionamento de Paula e Gustavo era de romance e, segundo os depoimentos, não havia qualquer razão para que Paula quisesse a morte do jovem fotógrafo. O crime foi motivado pelos ciúmes de Juliano, que impôs a Paula a obediência a seus atos, levando-a a agir por medo.
A insistência do Ministério Público em recorrer da absolvição, com base em uma premissa falsa sobre a tese da defesa, levanta questões sobre a motivação para esse esforço, especialmente considerando a repercussão do caso. Gustavo era um jovem de família abastada e influente e, durante o mandato de Tarso Genro, atuou como fotógrafo do Palácio Piratini.
Esse contexto pode explicar a determinação em tentar reverter uma absolvição justa, desconsiderando o que foi decidido pelo Conselho de Sentença, que analisou cuidadosamente todas as provas do processo.
Estaremos acompanhando os desdobramentos do caso no próximo ano.



