Quando se está grávida, sempre surgem histórias de gravidez para contar de todos os lados, não é mesmo? Algumas “fofinhas” e outras que parecem ter saído de um filme de terror.
A gravidez é um momento lindo e mágico para a gestante e sua família. É um período que deve ser levado com muito cuidado e atenção, porém, muitas mulheres passam por experiêcias traumáticas e que muitas vezes, são fatais tanto para ela, quanto para o bebê.
Esse é um tema que não é muito discutido hoje em dia e por isso, acaba passando despercebido por quem não sabe o que é violência obstétrica ou que ela exista. A violência obstétrica nem sempre é tão clara, pelo contrário. Muitas vezes ela acontece de forma sutil, por isso, a melhor maneira de evitar esse tipo de situação, é saber o que é violência obstétrica.
O diálogo claro e aberto sobre esse tema é importante para que sejam desenvolvidos cada vez melhores mecanismos para a sua prevenção.
Mas afinal de contas, o que é violência obstétrica?
Violência Obstétrica é um termo utilizado para caracterizar abusos sofridos por mulheres quando procuram serviços de saúde na hora do parto. Tais abusos podem ser apresentados como violência física ou psicológica e são responsáveis por tornar um dos momentos mais importantes na vida de uma mulher em um momento traumático.
Não existe uma definição fechada para o termo, mas sim definições complementares apresentadas por diferentes organizações e governos. É importante notar que o termo “violência obstétrica” não se refere apenas ao trabalho de profissionais de saúde, mas também a falhas estruturais de hospitais, clínicas, e do sistema de saúde como um todo.
Violência obstétrica é um tipo de violência de gênero. Além de ser um tipo de violência que só afeta mulheres pelo simples fato de que apenas as mesmas passam pela experiência da gestação e do parto, atitudes desrespeitosas podem estar relacionadas à esteriótipos do que uma mulher deveria ou não fazer. Profissionais de saúde podem se sentir na posição de “ensinar uma lição” à uma determinada mulher que foge de uma determinada “normalidade aceitável”.
Uma outra maneira de explicar violência obstétrica é a colocar como os casos que caem nos espectros de atendimentos que acontecem cedo demais, com intervenções demais ou tarde demais, com intervenções de menos. O primeiro caso seria o da transformação de processo naturais em patológicos e, por conta disso, tratar a mulher com intervenções desnecessárias trazendo malefícios para a mãe e para o bebê. O segundo caso seria o caso da negligência ou impossibilidade de prover mãe e bebê com o atendimento necessário para garantir a sua saúde.
Exemplo de violência obstétrica:
- Opiniões pessoais agressivas e não solicitadas como julgar vestimenta, opção sexual, religiosa, musical ou quaisquer tipo de opinião pessoal que só diz respeito a gestante e seus familiares.
- Não informar corretamente a gestante o que será feito com ela ou com o bebê ou não comunicar a respeito das opções disponíveis, caso haja.
- Não respeitar o ritmo natural da mulher e de seu bebê quando não há urgência, simplesmente para cumprir protocolo da instituição ou do profissional contratado, ou apenas por pressa.
- Qualquer procedimento que não tenham respaldos ou que possa causar danos a gestante ou ao bebe.
- Na hora do parto, forçar a saída do bebê, empurrando-o para fora. ISSO É CRIME! Essa manobra se chama manobra de Kristeller e é uma técnica realizada com o objetivo de acelerar o trabalho de parto, em que é realizada pressão externa sobre o útero da mulher, com o objetivo de diminuir o período expulsivo.No entanto, e apesar dessa técnica ser bastante utilizada, não existem evidências que comprovem seu benefício, podendo, até, expor, tanto a mulher quanto o bebê, a riscos. A realização da manobra de Kristeller só deve acontecer caso a mulher deseje, caso contrário o parto deve acontecer no seu ritmo natural.
- Sedar a gestante em excesso também é uma forma de violência, pois o que uma gestante mais quer, é acompanhar o nascimento do seu bebê.
Como identificar, prevenir ou denunciar um caso de violência obstétrica
Normalmente, as definições presentes em documentos oficiais ou legislações que tratam de violência obstétrica – mesmo que não utilizando este termo específico – não são limitadoras. Não existe uma lista fixa de procedimentos ou situações que são condenadas ou proibidas. As definições existentes são construídas com termos mais subjetivos como “abuso”, “desrespeito”, “atendimento de qualidade”, entre outros. Algumas organizações ou meios de comunicação procuram divulgar situações mais comuns que acontecem com mulheres para que fique mais fácil que outras mulheres identifiquem se passaram por uma experiência de violência obstétrica.
Na questão do atendimento médico durante o pré-natal e o parto, a comunicação entre a equipe médica e a futura mãe é essencial. Isso torna possível lidar de maneira efetiva com as necessidades médicas que posam surgir e evita que a mulher passe por alguma experiência desagradável desnecessária.