A diversidade sexual, em movimento, possui uma potência libertadora, transformando pela força de seu desejo. Essa força atrai simpatias que nos ajudam na resistência aos preconceitos. Precisamos de união interna, pois o inimigo comum é a homotransfobia, em um país que mais nos mata. É fundamental ampliar nossas pautas e estabelecer estratégias de ação, especialmente considerando que nosso estado ainda se recupera das recentes catástrofes políticas e ambientais.
A quarta Parada de Santa Cruz trouxe um estímulo importante para enfrentarmos o desafio de unir esforços em torno de políticas públicas para nossa comunidade. Santa Cruz é o único município do interior que possui uma coordenadoria de Diversidade. Rubem Quintana e a ONG Desafios estão de parabéns pela organização e coesão, garantindo que todas as letras da sigla LGBTQIAPN+ tenham espaço e atuação.
Foi maravilhoso reencontrar Chaka Drag Queen, apresentadora da maior parada do mundo, em São Paulo. Ela foi uma das grandes atrações de nossa primeira Feira Baile. Em suas intervenções, demonstrou atenção a todos, destacando a importância de incluir lésbicas e pedindo que a cidade acolha travestis e demais LGBTs em suas famílias e celebrações natalinas, sem preconceitos.
Chaka lamentou o cancelamento da Parada de Camboriú devido à postura preconceituosa do prefeito, que considera nossas manifestações negativas para as chamadas “pessoas de bem”. Esse retrocesso não pode ser aceito, configurando-se como crime de homofobia.
Durante minha intervenção, destaquei a militância e o reconhecimento aos simpatizantes que ajudam a desconstruir preconceitos nas famílias, na sociedade e no trabalho, saudando especialmente as Mães da Diversidade presentes.
Como produtor e apresentador da Feira Baile da Diversidade, em parceria com a prefeita Marivane Ananha Rogério, ressaltei o potencial desse evento como um grande exemplo de empreendedorismo múltiplo em nossa comunidade. Lembrei também da importante parceria que tivemos nos últimos dois anos com a Parada de Luta, destacando a mensagem de seu líder, Roberto Seitenfus, que garantiu o foco no Mercosul em 2025.
A semana começou com vitória e acolhimento. Na Secretaria da Reconstrução, tivemos um encontro preliminar para debater uma carta que elaboramos coletivamente, buscando mitigar os sofrimentos da diversidade gaúcha diante da tragédia política e ambiental. Estavam presentes o vereador Giovani Culau, Inajara Rodrigues, Kate Lima (da diversidade da Prefeitura de Porto Alegre) e o assessor de gabinete Maister. O secretário Emanuel Hassen nos ouviu atentamente e comprometeu-se com um apoio que prioriza, inicialmente, a questão da moradia, avançando gradativamente nas demais demandas por políticas públicas, agravadas pelas cheias.
A ONG Desafios é signatária dessa carta em favor da reconstrução de nossa comunidade, e a parceria com Santa Cruz segue sendo fundamental em todas essas ações. Tenho a honra de voltar a essa cidade linda e acolhedora no dia 10 de dezembro, como palestrante na UNISC, no Fórum sobre Saúde Mental da População LGBTQIA+, representando minha atuação como psicanalista. Participarei de um painel ao lado de Ricardo Gomes, presidente da Câmara de Turismo LGBT+ do Brasil, discutindo possíveis parcerias para a Feira Baile da Diversidade.
Santa Cruz me inspirou a lançar uma campanha para criar um calendário de eventos que evite a sobreposição de paradas, como ocorreu no dia 24, com as paradas de Pelotas e Esteio.
Os desafios permanecem, tanto externos quanto internos, no movimento. É essencial que o sectarismo e os egos não despriorizem nossas pautas, nossas lutas e o crescimento de nossa visibilidade.