Durante o último debate eleitoral, Marco Alba tentou pintar um retrato elogioso de sua esposa, Patrícia Alba, ao afirmar que ela é deputada “por mérito próprio” e que está “dando um show” na defesa dos interesses de Gravataí. No entanto, essa afirmação está longe de refletir a realidade, e é importante que os eleitores enxerguem a verdade por trás das palavras.
É inegável que a política brasileira está infestada de desinformação, e, neste caso, Marco Alba não se eximiu de tentar enganar o eleitor. A realidade é que, ao contrário do que foi dito no debate, Patrícia Alba falhou em cumprir o papel de uma legítima defensora dos interesses de Gravataí. Basta observar os dados e os fatos concretos para desmontar essa narrativa de mérito.
Em suas emendas parlamentares, Patrícia Alba simplesmente ignorou Gravataí. Não há como justificar isso quando se é deputada por uma região. De acordo com os números divulgados, Patrícia deixou a cidade de lado em suas decisões mais importantes e preferiu destinar recursos para outras localidades. A omissão é gritante e absolutamente injustificável, especialmente para alguém que deveria ter um compromisso com os interesses locais.
É desonesto afirmar que ela está “dando um show” quando os números mostram justamente o contrário. Patrícia Alba destinou menos de 10% de suas emendas para Gravataí. Em 2022 e 2023, Gravataí não recebeu nenhuma emenda da deputada eleita com uma votação expressiva na cidade. Ai me pergunto: Será que a deputada Patrícia Alba só se lembrará de Gravataí se seu marido for eleito? Estaria ela disposta a abandonar a cidade que a ajudou a conquistar seu mandato, deixando-a sem emendas e projetos, por puro capricho político? É inaceitável que os interesses da população sejam reféns de disputas pessoais e rivalidades eleitorais.
Manipular informações para criar uma ilusão de competência é um desrespeito ao eleitorado e reflete o tipo de prática que, infelizmente, se tornou comum na política. Não se trata de “mérito próprio”, mas sim de apadrinhamento político e de uma completa desconexão com as necessidades reais da população.
Em um momento em que a confiança na classe política está em baixa, é dever de qualquer jornalista denunciar este tipo de engano. Marco Alba propagou desinformação e abusou da paciência dos eleitores, que merecem políticos comprometidos com a verdade e com ações concretas para melhorar suas vidas. Não podemos permitir que o discurso populista se sobreponha à realidade dos fatos. E os fatos são claros: Patrícia Alba falhou com Gravataí.
Da legalidade sobre a opinião
É importante lembrar, como ressalto em respeito aos princípios da intervenção mínima e da preponderância da liberdade de expressão, o entendimento do TSE reconhece que “as críticas políticas, ainda que duras e ácidas, ampliam o fluxo de informações, estimulam o debate sobre os pontos fracos dos possíveis competidores e de suas propostas e favorecem o controle social e a responsabilização dos representantes pelo resultado das ações praticadas durante o seu mandato” (REspe nº 0600057–54/MA, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, DJe de 22.6.2022).
Ademais, no processo eleitoral, “a difusão de informações sobre os candidatos – enquanto dirigidas a suas condutas pretéritas e na condição de homens públicos, ainda que referentes a fato objeto de investigação, denúncia ou decisão judicial não definitiva – e sua discussão pelos cidadãos, são essenciais para ampliar a fiscalização que deve recair sobre as ações do aspirante a cargos políticos e favorecer a propagação do exercício do voto consciente” (AgR-REspe nº 0600045-34/SE, Rel. Min. Edson Fachin, DJe de 4.3.2022).
Concluo: “a veiculação de críticas
incisivas, vigorosas e ácidas, mesmo sendo desagradáveis, não autoriza o
cerceamento automático ao exercício do direito à liberdade de expressão” (Ac. de
28.10.2022 no DR nº 060159085, rel. Min. Cármen Lúcia), bem como que, para que seja assegurado o direito de resposta, é preciso que as imputações sejam precisas (Ac. de 24.10.2006 na Rp n° 1284, rel. Min. Ari Pargendler.)