Ainda impactado pelo sucesso de marketing e de talentos associados à Primeira Feira e Baile da diversidade, afilhada da Parada de Luta, recebo o convite da amiga-irmã, Mocita, que patrocinou nosso evento, para ver Luciana Braga, no teatro São PEDRO, protagonizando justamente a simpatia feminina ícone do movimento LGBTQUIAPN+: a atriz e cantora Judy Garland, mãe de Liza Minelli.
Desconhecia como cantora o talento avassalador de Luciana Braga, cuja extensão vocal incorpora a diva americana. A atriz é anfitriã do próprio espetáculo, nos recebendo no palco, fazendo exercícios vocais. Brincando com a própria ansiedade, já antecipa o que tem de drama humano na vida dos grandes artistas. La Braga, num roteiro e texto emocionante, humorado, costura coisas de sua vida pessoal com a de Judy.
Os dramas, conflito com mãe, casamentos e separações, a pressão do show Business, aos altos e baixos associados com drogadição, vão tocando nossa alma com uma empatia pela trajetória meteórica de uma estrela que sai do palco da vida aos 47 anos.
Consolidar uma semana devolutiva aos apoios gerais e das simpatias femininas à nossa Feira e Baile da Diversidade e Parada, sentindo de perto o brilho de Judy, a musa inspiradora do movimento, na brilhante interpretação de Luciana Braga, foi demais.
A marca simbólica “Judy Garland” está na gênese de nosso movimento, na sua eclosão no embate de Stonewall, na nossa bandeira, com as cores que vem da inspiração de Gilbert Baker na cultura hippie, que era libertária pelo amor livre, contra a guerra do Vietnã, somando o simbolismo da canção “Over The Rainbow”, do filme “O Mágico de Oz”, que evoca um lugar pacifico, “além do arco-íris”, protagonizado por Judy Garland.
Para quem é militante, literalmente 19h diárias, como eu, que trabalhou nessa perspectiva, nada financeira, mais de meses, para entregar com minhas parcerias com a prefeita da Brigadeiro Sampaio, com o amparo incansável de Gil Cunha, respaldo de Roberto Seintenfuz, do “Desobedeça”, “Judy” foi de explodir o coração, já quase enfartado de ter percorrido da Redenção à Orla, com 150 mil pessoas, a ambulante de brilho afirmativo que foi a 16ª Parada de Luta.
Aproveito o gancho pra dizer aos que diminuem a importância do número expressivo na parada, “como maioria de curiosos e/ou debochados”: Os simpatizantes eram numerosos sim, mas não maiores que a própria comunidade LGBTQIAPN+, vinda de paradas do interior, lotando os hotéis do centro de Porto Alegre. A caravana vibrante não é só movida pelo glamour ou putaria, pois Roberto Seintenfuz não esqueceu de gritar que a luta continua contra a homofobia e transfobia, assim como do caminhão, fizemos coro com Luciana Genro, do P-Sol, gritando:I-NE-LE-GÍ-VEL!!
Tendo que dar spoiler, o final do espetáculo, abraçado, chorando com Mocita e seu lindo filho trans, Theo, senti a militância homenageada no texto que sublinha a importância marco do movimento, que foi o enfrentamento em Stonewall a repressão policial, com o ativismo fazendo o luto pela partida de sua Diva Judi, que como recitou Luciana, amava muito os gays, inclusive casando com um.
Corremos aos camarins pra tietar Luciana Braga, com beijos a abraços. Ousei e me autorizei a falar em nome da Parada de Luta DE 2024, de convida-la para trazer o brilho arco-íris para nossa festa de mobilização. E ela disse: “Me chama que eu venho, sim!”.