A maior operação já realizada no Brasil contra o PCC investiga a infiltração no setor de combustíveis, e o principal alvo e suspeito dessa operação é o empresário Mohamad Hussein Mourad, apontado também de liderar uma rede criminosa de empresas no nome de parentes e laranjas para um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e fraudes. A investigação aponta que ele estaria por trás de cerca de 100 empresas, incluindo usinas, transportadoras, locadoras, escritórios de advocacia, lojas de conveniência, 35 fundos de investimento e 17 distribuidoras de combustíveis.
Muitas dessas empresas têm indícios de serem fachadas com um volume financeiro enorme e que essas empresas eram principalmente uma rede familiar. O suspeito Mourad articulava a operação com o apoio de parentes, sócios, administradores e profissionais. Sua irmã, Amine, por exemplo, é dona de uma rede de conveniências, seu irmão preside distribuidoras de combustível, primos comandam fundos e locadoras e sua parceira está envolvida em empresas de ocultação patrimonial.
Rede criminosa
Um mandado de prisão foi aberto contra Mohamad Hussein sendo o principal suspeito de comandar uma vasta rede de lavagem de dinheiro vinculada à organização criminosa. Os nomes exatos dos postos de combustíveis não foram detalhados nas fontes, mas são ligados à Rede Boxter sob investigação por lavagem de dinheiro para o PCC.
A grande operação contra o PCC mostra que, além da facção criminosa, o esquema bilionário que vem envolvendo postos de combustíveis e Fintech contou com a participação de mais cinco grupos criminosos. Principalmente com o grupo Mohamad, que tem como seus integrantes principais incluindo familiares de Mohamad, sendo acusados, por exemplo, de fraudar bombas de combustíveis, adicionando metanol à gasolina e ao álcool, montando uma espécie de cartel.
O grupo Ricardo Romano e Potenza, que segundo a força-tarefa, ele tem envolvimento com o PCC e participava de esquema de sonegação fiscal, usando laranjas para ocultar a origem de seus bens. E também o grupo da família Cepeda Gonçalves, responsáveis pela Rede Boxter que possui postos de combustíveis. Já os Irmãos Salomão e o grupo Manguinhos, ambos conhecidos por lavarem dinheiro para criminosos e para o PCC, também passaram a operar em favor do grupo Mohamad.
Operação Carbono Oculto
As etapas e fases da Operação Carbono Oculto também deflagraram centenas de mandados de busca e apreensão, cerca de 350 alvos, pessoas e empresas e principalmente com alvos e mandados Judiciais cumpridos. A origem e Cadeia de Fraude do esquema envolvia a cadeia completa de combustíveis, a distribuição, venda nos postos e ocultação de ativos, atentando ao consumidor com adulteração de combustíveis e também a investigação constatou que centenas de empresas. Fintech, como bancos paralelos e mais de mil postos, foram usados para lavagem e dissimulação de valores.
Um dos elementos principais da investigação foi o uso de metanol para adulterar gasolina, prejudicando os consumidores e os postos de combustível utilizados para lavagem e movimentação de valores, inclusive sem movimentação real, servindo para ocultar recursos ilícitos.
O Fintech era usado para dificultar rastreamento de transações e ocultar a origem dos recursos com cerca.
São 40 fundos de investimento e com patrimônio estimado em 30 bilhões identificados como instrumentos de blindagem financeira com ativos como usinas, fazendas e imóveis de luxo. Empresários eram coagidos a vender usinas, fazendas e postos por valores abaixo do mercado; os bens ficavam registrados em nomes de laranjas, mas eram controlados por Mohamad Hussein Mourad.
Foto: Paulo Fridman/Reprodução/Getty Images Embed