O calendário das eleições de 2018 tem prazos a serem observados por candidatos, partidos, eleitores e pela própria Justiça Eleitoral. A disputa ocorrerá no dia 7 de outubro, em primeiro turno, e no dia 28 de outubro, nos casos de segundo turno.
As modificações introduzidas pela Reforma Política (Lei n° 13.487 e Lei nº 13.488), aprovada pelo Congresso Nacional em outubro de 2017, foram incorporadas ao calendário do pleito de 2018.
Cargos disputados nas eleições de 2018
Nas eleições de 2018, os eleitores vão eleger presidente da República, governadores dos estados, dois terços do Senado Federal, deputados federais e deputados estaduais ou distritais.
Veja as principais datas do calendário eleitoral:
Calendário das Eleições 2018
Data
Evento
1/1
Institutos de pesquisa de opinião pública ficam obrigados a registrar junto à Justiça Eleitoral suas pesquisas relativas às eleições ou aos possíveis candidatos.
1/4
O Tribunal Superior Eleitoral começa a promover propaganda institucional no rádio e na televisão.
7/4
Último dia para filiação partidária e registro de partidos.
9/5
Último dia para o eleitor que pretende votar requerer o título, alterar seus dados cadastrais ou fazer a transferência do domicílio eleitoral.
18/6
São divulgados os recursos disponíveis no Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC).
5/7
Os políticos com vistas à indicação de seu nome pelo partido podem começar a fazer propaganda intrapartidária.
7/7
Os agentes públicos ficam proibidos de praticar várias condutas, entre as quais remover, transferir ou exonerar servidor público. Também são vedadas a realização de inaugurações e a contratação de shows artísticos pagos com recursos públicos.
17/7
Período de habilitação do eleitor para voto em trânsito.
20/7
As convenções para a escolha dos candidatos devem ocorrer entre esta data e 5 de agosto. Além disso, não é mais permitida a realização de enquetes relacionadas ao processo eleitoral.
25/7
Os partidos e os candidatos deverão enviar à Justiça Eleitoral a partir desta data os dados sobre recursos financeiros recebidos para financiamento de campanha até 72 duas horas após o recebimento desses recursos.
15/8
Limite para os partidos e as coligações apresentarem junto à Justiça eleitoral o requerimento de registro de candidaturas.
16/8
Passa a ser permitida a realização de propaganda eleitoral, como comícios, carreatas, distribuição de material gráfico e propaganda na internet (desde que não paga), entre outras formas.
31/8
Início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão.
9/9
A primeira parcial da prestação de contas deve ser enviada para a Justiça Eleitoral.
17/9
A Justiça tem até esta data para julgar todos os pedidos de registro de candidatos que vão concorrer ao pleito.
22/9
A partir desta data, nenhum candidato pode ser detido ou preso, salvo em flagrante delito.
2/10
Nenhum eleitor pode ser detido ou preso a partir desta data, salvo em flagrante delito, em caso de sentença criminal condenatória por crime inafiançável ou por desrespeito a salvo-conduto.
4/10
Limite para a realização de debates no rádio e na televisão. Também termina a propaganda política feita através de comícios.
6/10
Data-limite para a distribuição de material gráfico e promoção de caminhadas, carretas, passeatas ou carros de som. Também é o último dia para o TSE divulgar comunicados e instruções ao eleitorado.
O cantor Gilberto Gil, ministro da Cultura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de 2003 a 2008, nega ter tido conhecimento de qualquer ato ilícito envolvendo o petista quando ocupava o cargo. Ele prestou depoimento ao juiz Sergio Moro, na manhã desta quinta-feira (9), como testemunha de defesa de Lula na ação que envolve o sítio de Atibaia (SP).
Questionado pelo advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin, se tinha contato permanente com Lula quando ministro, Gilberto Gil respondeu que sim. Perguntado se chegou ao seu conhecimento que o petista teria solicitado ou recebido vantagens indevidas, o artista disse que não.
Gil também afirmou desconhecer benefícios concedidos às empresas Odebrecht e OAS em troca de reformas no sítio de Atibaia, objeto da ação penal. Em seguida, Moro perguntou se o músico tinha conhecimento de envolvimento dos ex-ministrosJosé Dirceu e Antônio Palocci e do marqueteiro João Santanaem esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro. Todos foram condenados em primeira instância na Lava Jato. Gil respondeu que não.
“Tem conhecimento de que Palocci e João Santana são confessos em relação à prática de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro?”, questionou o juiz. “Tenho ouvido notícias a respeito”, disse o artista. “Mas na época não tinha conhecimento?”, prosseguiu Moro. “Não”, Gil respondeu.
O presidente da República, Michel Temer, vetou o Projeto de Lei complementar 76/18 (originário do PLP 500/18), que permitia a microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte excluídos por causa de dívidas tributárias o retorno, em 1º de janeiro, ao regime especial do Simples Nacional.
Segundo o texto do deputado Jorginho Mello (PR-SC), os interessados deveriam aderir ao Programa Especial de Regularização Tributária das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pert-SN), criado pela Lei Complementar 162/18, que autoriza o refinanciamento das dívidas fiscais das empresas.
Após consulta aos Ministérios da Fazenda e do Planejamento e à Advocacia-Geral da União, o presidente argumentou, na justificativa do veto, que o projeto ampliaria a renúncia de receita, contrariando as Leis de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/00) e de Diretrizes Orçamentárias para 2018 (Lei 13.473/17) e o artigo 113 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).
A comissão mista da medida provisória que reduziu o preço do óleo diesel (MP 838/18) aprovou nesta quarta-feira (8) o relatório do deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP).
O deputado não incluiu a prorrogação do prazo final do subsídio como anunciou ontem. Na terça-feira (7), ele disse que negociava com o Executivo a medida, mas o relatório apresentado hoje mantém o prazo final em 31 de dezembro de 2018.
A Medida Provisória 838/18 foi uma das respostas do governo federal à greve dos caminhoneiros em maio, que provocou uma crise de abastecimento de proporções nacionais.
De acordo com Jardim, o aumento dos gastos com subsídio – cerca de R$ 1,4 bilhão por mês, pelos cálculos do Executivo – não poderia sair do orçamento deste ano. E a inclusão na proposta orçamentária para 2019 poderia dificultar a aprovação da MP dentro do prazo.
“Não tínhamos como equacionar isso. Porque a equação que seria possível seria que isso estivesse no orçamento e não casa no tempo isso. É uma questão para ser vista após eleição”, afirmou Jardim. O custo da subvenção se manteve, assim, em R$ 9,5 bilhões.
A MP 838 determinou subvenção econômica de R$ 0,07 por litro de óleo diesel até o dia 7 de junho, e de R$ 0,30 o litro entre 8 de junho e 31 de dezembro de 2018. A medida visa reduzir o preço do combustível na refinaria, com efeito sobre o valor final do litro do diesel nos postos.
Incorporação
A MP 847/18 foi incorporada ao relatório. O texto restringe o subsídio ao diesel rodoviário, que é usado por caminhões, ônibus, caminhonetes e máquinas agrícolas. A primeira medida provisória não fez distinção do tipo de diesel, o que acabou fazendo a subvenção valer também para outras modalidades do combustível, como o diesel marítimo e o usado na geração de energia elétrica e no transporte ferroviário. A instalação da comissão mista para analisar a MP 847/18, prevista para hoje, foi cancelada.
Outra mudança da MP 847/18 incluída no relatório foi garantir a importação direta de diesel pelas distribuidoras. Assim, elas podem comprar diesel junto a importadoras ou por meio de empresa que faça a importação, a chamada importação “por conta e ordem”. No texto original da MP 838/18, uma modalidade de compra ficou com subvenção e a outra não, o que poderia criar “distorções na competição de mercado”, segundo o governo. Jardim rejeitou todas as emendas apresentadas.
ANP
Jardim colocou no texto a obrigação de a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) monitorar os estoques de óleo diesel nas distribuidoras antes e depois da subvenção, assim como os preços de compra e venda do produto. Esse acompanhamento, segundo Jardim é importante para eventual compensação às distribuidoras por comercializar o diesel com desconto de R$ 0,46 para encerrar a greve dos caminhoneiros.
As distribuidoras deverão comprovar os estoques existentes antes do início da subvenção (em 31 de maio) e a prática do desconto a partir de 1º de junho. Pelo texto, a agência vai divulgar relatório periódico sobre a política de formação de preços das distribuidoras.
Votação
Jardim espera que o texto seja votado na próxima semana no Plenário da Câmara dos Deputados e no fim do mês pelos senadores.
Foi criado um abaixo-assinado para que o candidato João Amoêdo do partido NOVO, participe dos debates na televisão. Lançado no ultimo sábado, a petição ja tem mais de 140 mil assinaturas.
Por ter baixa intenção de votos nas pesquisas ( cá pra nós, induzidas e que não representam de fato nada ), e não ter uma bancada no Congresso, Amoêdo corre o risco de não ser convidado para participar dos debates diante da grande quantidade de candidatos na disputa este ano.
“Se você concorda que é justo e democrático que todo candidato tenha o mesmo espaço nos veículos de imprensa e quer que novos candidatos participem dos debates, assine a petição e compartilhe” disse João Amoêdo em seu Twitter
Se você quer que eu participe do debate da Band, pressione nas redes sociais com #JoãonaBand. Se todo mundo pedir, fica mais difícil para a Band dizer não.
Todo candidato deveria ter o mesmo espaço nos veículos de imprensa. Só assim o cidadão poderá escolher o melhor candidato.
Na próxima Quinta-Feira dia 9 ocorre o primeiro debate na TV pela Band, e segundo Amoêdo, o apresentador Ricardo Boechat, adiantou que ele não será convidado porque sua coligação não tem no minimo 5 Deputados Federais e Senadores. “Como isso seria possível se essa é nossa 1ª eleição nacional? Não vamos fazer como a velha política e coligar por tempo de TV. #JoãoNaBand” , disse em seu Twitter.
Nota da redação:
Bom não é de hoje que venho falando sobre a manipulação que ocorre nestas pesquisas eleitorais, a população tem que entender uma coisa, não será pesquisando 1000 pessoas que vamos ter um parâmetro de contagem de votos a nível de milhões de pessoas. Essa eleição será bem atípica. e devemos votar com consciência e não por pesquisa eleitoral. Não vote em quem esta na frente nas pesquisas, elas não são confiáveis, elas são compradas e segmentadas de acordo com a vontade e o beneficiamento que cada empresa ganha com as mesmas, não pense que por candidato A ou B esta na frente que é o melhor, nem sempre quem esta liderando as pesquisas é a melhor opção, não pense que candidato C ou D por não estar bem posicionado nas pesquisas não chega lá, esses candidatos podem chegar, basta você que esta lendo esta matéria, usar as ferramentas que tem e pesquisar. Seja mais criterioso nesta eleição, o Brasil só vai mudar quando votarmos com inteligencia, quando pesquisarmos de fato e entendermos as propostas dos candidatos e votarmos com a consciência, e não por números de pesquisas forjadas em escritórios para beneficio próprio.
general Antonio Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice-presidente ao lado de Jair Bolsonaro (PSL) nas Eleições de 2018, afirmou em um evento nesta segunda-feira (6) que o Brasil herdou “indolência” da cultura indígena e “malandragem” do africano. O político esteve em uma reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul, na Serra do Rio Grande do Sul, quando deu a declaração.
“Essa herança do privilégio é uma herança ibérica. Temos uma certa herança da indolência, que vem da cultura indígena. Eu sou indígena, minha gente. Meu pai é amazonense. E a malandragem, Edson Rosa (vereador de Caxias do Sul), nada contra, mas a malandragem é oriunda do africano. Então, essa é o nosso cadinho cultural. Infelizmente, gostamos de mártires, líderes populistas e dos macunaímas”, afirmou Mourão, em trecho gravado pelo jornal Pioneiro.
O vice de Bolsonaro ainda afirmou que “existe o famoso complexo de vira-lata dentro do nosso país” e que “temos uma herança cultural”, onde “tem muita gente que gosta do privilégio”.
Após a repercussão de sua fala, Mourão disse foi mal interpretado e que em momento algum fez referência a indígenas e africanos de forma pejorativa. Afirmou ainda que não é racista, reforçou sua origem indígena, e disse que “o brasileiro precisa conhecer a sua origem para as coisas boas e não tão boas”.
Mourão afirmou que a polêmica está sempre presente em suas palestras, e que ele reafirma tudo por acreditar que “nós brasileiros temos heranças culturais boas e ruins” e que isso vale, na opinião dele, para as pessoas brancas que ocupam cargos públicos e tentam obter vantagens e privilégios em suas funções. Ou seja, disse que não se trata do negro, do índio ou do branco, e sim de uma personalidade cultural que precisa se entendida e mudada.
Após as convenções partidárias e a definição dos vices, os eleitores assistem a mais uma tentativa do PT de manter o nome do ex-presidente Lula na chapa, a despeito de ele vir a ser enquadrado na lei da Ficha Limpa e, por isso, impedido de disputar a presidência.
Nesta segunda-feira, o petista desistiu de um pedido de soltura feito ao Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa de Lula entendeu que, se
esse pedido fosse julgado, a discussão sobre elegibilidade poderia ser antecipada durante a análise deste recurso.
Uma decisão final do STF sobre elegibilidade agora obrigaria o PT a riscar Lula da chapa e nomear oficialmente outro candidato. E o ex-presidente, mesmo que muito provavelmente perca o direito de
concorrer, quer registrar seu nome para disputar a presidência no dia 15 de agosto e esticar ao máximo a situação de candidato.
Uma sucessão de recursos e batalhas judiciais vai dominar o debate político nas próximas semanas. Mas o próprio PT sabe que as chances de Lula se manter no páreo são remotíssimas. Tanto é que, no domingo, o partido já sinalizou qual será a chapa que substituirá Lula: o paulista Fernando Haddad e a gaúcha Manuela D’ávila (PCdoB).
Luís Felipe Manvailer era mais um autoproclamado “cidadão de bem”. Nas redes sociais, declarava-se fã de Bolsonaro e do MBL, bradava contra a corrupção e insultava o que chamava de “comunistas”. Imagens que revelam o professor espancando a esposa chocaram o Brasil nesta semana
O professor universitário de Biologia Luís Felipe Manvailer chocou o Brasil com as imagens do circuito interno do condomínio onde morava que o mostram agredindo a mulher, a advogada Tatiane Spitzner, de 29 anos, antes que ela aparecesse morta na calçada, depois de cair do apartamento no quarto andar.
São imagens fortes, que o mostram dando tapas e chutes nela e a arrastando pelos cabelos.
O crime aconteceu na madrugada de 22 de julho, em Guarapuava, no Paraná. A 340 quilômetros dali, perto da fronteira com o Paraguai, ele bateu o carro e foi preso. Interrogado, disse que bateu o carro porque a imagem da mulher caindo do apartamento não lhe saía da cabeça. Segundo Manvailer, ela se jogou.
Ao receber as imagens, a Polícia Civil reforçou a suspeita de que ele a jogou e o indiciou por feminicídio, o crime que prevê penas maiores para homens que matam a mulher em razão do gênero.
Um especialista em tecnologia da informação de São Paulo, que conhece muito de rede social, ao ver a violência com que agiu, começou a pesquisar o comportamento de Luís Felipe Manvailer na internet.
Como verificou em outros casos, como o do médico Denis Furtado, conhecido como Doutor Bumbum, apontado como responsável pela morte de uma paciente em que fez preenchimento nas nádegas, acreditava que Luís Felipe tivesse perfil conservador, fosse um ativista de direita na internet.
O especialista usou uma ferramenta que localiza as atividades públicas nas redes sociais. E não deu outra: Luís Felipe curtia postagens de Eduardo Bolsonaro, comentava em publicações de Kim Kataguiri e Mamãe Falei, e em páginas como Caneta Desesquerdizadora e em publicações que atacam os defensores dos direitos humanos. Vibrou muito quando Lula foi condenado.
É o perfil típico do “cidadão de bem”, que apoiou o impeachment de Dilma, bradou contra a corrupção e insultava as pessoas com pensamento progressista, diferente do dele. Veja algumas postagens:
Curioso em que, ao mesmo tempo em que atacava o que lembrasse esquerda, postava mensagem de amor à esposa:
O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) resolveu comprar briga com entidades de defesa do meio ambiente, a pretexto de apoiar pescadores da região da Costa Verde. O parlamentar entrou com um mandado de segurança na Justiça Federal a fim de obter autorização para a prática de pesca amadora na Estação Ecológica de Tamoios (Esec Tamoios), em Angra dos Reis, unidade de conservação federal de proteção integral, onde é proibido qualquer tipo de intervenção humana. O Ministério Público Federal no Rio, em parecer sobre o caso, afirmou que Bolsonaro quer “um verdadeiro salvo-conduto de pesca emitido pelo Judiciário”, algo “impensável” do ponto de vista jurídico. Também está em análise, desde março deste ano, pela Procuradoria Geral da República, em Brasília, se houve uma suposta prática de crime ambiental por parte do deputado.
— O mandado de segurança é pessoal, personalíssimo, só favorece ele. Se ele quisesse favorecer outras pessoas, que ajuizasse uma ação popular, por exemplo, ou uma ação civil pública por alguma associação. Os pescadores têm associações e nunca pleitearam isso — explicou o procurador da República Maurício Manso.
Foi depois de uma multa de R$ 10 mil aplicada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), em janeiro do ano passado — quando foi flagrado pescando num barco no costão da Ilha de Samambaia, que integra a Esec Tamoios —, que o deputado federal abriu fogo contra os fiscais do Ibama, analistas ambientais e procuradores. De acordo com relatório de fiscalização do órgão, o parlamentar argumentou que tinha autorização para pescar em qualquer ponto da Baía da Ilha Grande. Inconformado, ele chegou a ligar para o então ministro da Pesca, Luiz Sérgio (PT-RJ), ex-prefeito de Angra, que o aconselhou a deixar o local.
— Estávamos numa patrulha normal quando encontramos a embarcação do deputado, que não quis se identificar. Mas o reconhecemos de imediato. Ele tentou argumentar que estava num momento de lazer, mas explicamos que a proteção era integral e, por esta razão, era proibida qualquer tipo de atividade. Ele foi arrogante e prepotente — lembrou o então chefe do escritório do Ibama em Angra, José Augusto Morelli, que não atua mais como fiscal de campo desde o episódio.
Colônia de pescadores nega apoio
O deputado alega que foi humilhado pela fiscalização, ressaltando que não há placas de aviso na Ilha de Samambaia:
— Esse pessoal do Ibama é arbitrário. Eu estava só com uma varinha de pescar, não usava arrastão, nem arpão. Isso que eles fazem é um absurdo. Na região há cerca de 15 mil pescadores humildes sendo impedidos de trabalhar. Eu mesmo só estava pegando umas cocorocas. Podia comprar um pescado na peixaria, mas queria aproveitar meu lazer. Tenho casa lá. Simples, não é como a de outros colegas. Além disso, não havia placas no local. Apesar de eu saber que lá não era permitido pescar, pois fiz um requerimento de informações ao Ministério da Pesca, achei um absurdo a proibição.
Apesar de afirmar que está defendendo os pescadores, o presidente da Colônia dos Pescadores Z18 de Paraty, Márcio de Alvarenga Oliveira, nega tal apoio por parte do parlamentar:
— A gente vem lutando pelo pescador, cria da região, que sustenta a família da pesca artesanal. Temos 1.100 associados. Nós somos profissionais e estamos fazendo um acordo (termo de compromisso) com o pessoal da Esec Tamoios para pescar em determinados pontos, sem interferir no meio ambiente. No início, não entendíamos a importância da preservação da região. Realmente, não se pode abrir espaço para embarcações grandes. As nossas são canoas, sem potência para ir mais longe. Essa pessoa (Jair Bolsonaro), que não gosto nem de citar o nome, está brigando porque foi flagrada por lá degradando. Ele não nos representa — afirmou Márcio.
O assunto se arrastou numa disputa jurídica até a Procuradoria Geral da República, em Brasília, onde Bolsonaro estaria sendo chamado para prestar esclarecimentos. A procuradora Monique Cheker, da Procuradoria da República em Angra dos Reis, que declinou da atribuição por causa do foro privilegiado de Bolsonaro, analisou a importância da reserva.
— A Estação Ecológica de Tamoios é uma das áreas com mais restrições em termos ambientais, pois tem como propósitos a pesquisa científica e o monitoramento da região. Foi criada pelo decreto 98.864/90, do ex-presidente José Sarney, reforçado por uma lei em 2000 que amplia este caráter de proteção .
Dois projetos de lei para a região
Coincidência ou não, após o bate-boca entre o deputado e os fiscais, foram propostos dois projetos de lei na Câmara dos Deputados. Um deles, por ironia, é do deputado federal Luiz Sérgio, ex-ministro da Pesca e ex-prefeito de Angra, sobre a liberação de embarcações particulares, pesca artesanal ou amadora, além da utilização das praias por banhistas, na Esec Tamoios. O outro é de iniciativa do deputado Felipe Bornier (PSD-RJ), também com o mesmo propósito. Os projetos foram apresentados por deputados aliados do governo.
Para a procuradora da República Monique Cheker, os dois projetos são inconstitucionais e um retrocesso ao novo Código Florestal:
— Ambos tiram a proteção ambiental da Estação Ecológica de Tamoios. Estaríamos andando para trás. Há outras ilhas na região liberadas para a pesca. Por que autorizar logo numa unidade de proteção integral?
Régis Pinto de Lima, chefe da Esec Tamoios, gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ressalta que a importância da área se deve à implantação das usinas nucleares:
— A estação foi criada em consequência do programa nuclear brasileiro como uma espécie de compensação ambiental. Se, por acaso, ocorrer algum efeito nocivo proveniente das usinas, é na estação que os pesquisadores serão capazes de detectar os impactos ambientais e reverter o processo.
Atualmente, a estação conta com apenas duas analistas ambientais fiscalizando a área. Como o único barco está inoperante, o remédio é monitorar os barcos pesqueiros acima de dez metros ou 50 toneladas apenas por meio do sistema de rastreamento de embarcações por GPS. Trata-se de um programa recentemente instalado nos computadores da Esec Tamoios, pelo qual é possível perceber se há pesca no local, autuando de imediato os infratores. O Ibama também passa por dificuldades para fiscalizar, pois conta apenas com um fiscal para patrulhar um terço do litoral do estado do Rio com um barco.
Os pensamentos obsessivos sobre o passado sexual de sua namorada acabaram com o primeiro relacionamento sério de Zachary Stockill. Demorou até que ele descobrisse que seu problema tinha um nome – e que milhares de outras pessoas também sofrem disso. Abaixo, ele conta sua história.
Eu tinha vinte e poucos anos e, pela primeira vez, estava apaixonado.
Uma noite, minha namorada e eu fizemos o que vários novos casais fazem no começo de seu relacionamento – começamos a falar sobre o nosso passado. Abordamos as relações prévias que nós dois tínhamos tido.
Mudou uma chavinha na minha cabeça.
Nada do que ela falou era fora do normal, nenhum detalhe era chocante, incomum. Mas algo havia mudado.
De repente, eu só conseguia pensar em seu histórico romântico.
Eu cresci em uma cidade pequena em Ontário, no Canadá. Meus pais tiveram um casamento incrível e, na maior parte do tempo, eu também tive uma relação ótima com eles. Não tive problemas relacionados à minha saúde mental ou emocional – não tive depressão, ansiedade, TOC (transtorno obsessivo-compulsivo).
Amava mulheres.
Aos oito anos, tive duas namoradas! Tive relacionamentos típicos de escola.
Na universidade, conheci e me apaixonei por uma mulher diferente de todas as que eu havia conhecido antes. Ela era extremamente inteligente, linda, artística e curiosa.
Mas quando ela falou sobre sua vida prévia, um sentimento que eu nunca havia experimentado tomou conta de mim.
A maioria de nós tem uma impressão sobre como é ciúme “normal”. Sentir um incômodo quando seu parceiro atrai a atenção de alguém num bar ou algo do tipo.
A maioria das pessoas não gosta da ideia de imaginar seu parceiro com outra pessoa, como um ex, mas o que eu estava sentindo era completamente diferente.
Meu histórico romântico era mais prolífico que o dela, mas a ideia de que ela tivesse tido relações íntimas com outra pessoa que não eu começou a me dar coisas.
Eu não sabia que o que eu estava sentindo é chamado às vezes de “ciúme retroativo”. Eu ainda aprenderia muito mais sobre isso.
Comecei a imaginar cenas da minha namorada com seu ex, como se tivessem acontecendo em tempo real, bem na minha frente. Era como se ela estivesse me traindo.
Seu passado de repente se tornou o meu presente.
Vemos casos em que a pessoa está fixada nos relacionamentos prévios de seu parceiro. Ciúme é algo que muita gente reconhece, mas esse tipo de ciúme é diferente. A pessoa às vezes tem flashbacks de coisas que ela não viu, de que nunca participou. Isso leva a um ciclo obsessivo de pensamentos e um desejo alucinante de chegar à “verdade” do que “realmente aconteceu” entre o parceiro e seu ou sua ex. Podem acabar importunando o parceiro e, em alguns casos, o relacionamento pode se tornar abusivo. Se você é uma pessoa que está obcecada com seu parceiro ou com o passado de seu parceiro, você deve buscar ajuda profissional.
Eu focava em um detalhe trivial, pintando uma imagem vívida daquilo. E ainda adicionava outros detalhes, além de fazer eventos insignificantes virarem algo gigante na minha cabeça.
Se saíssemos para comer, eu ficava imaginando se ela e seu ex tinham ido ao mesmo restaurante. Se andássemos em frente a um hotel, eu de repente imaginava se eles tinham tido relações sexuais lá.
Os relacionamentos que ela teve antes do nosso eram a primeira e última coisa que eu pensava no dia – de manhã, quando acordava, e a à noite, antes de dormir.
As redes sociais são um poço de informações para essa questão. Há histórico de posts e comentários e imagens do passado do seu ou da sua atual. E eu mergulhei naquilo. Tornei-me um detetive online
Averiguei fotos antigas, de antes de termos nos conhecido, li comentários, tentando entender quem eram determinadas pessoas, como eles se encaixavam na sua vida, se ela tinha omitido alguma aventura de seu passado.
Essas eram as coisas que eu fiz privadamente, mas também tem as coisas que eu fiz diretamente no nosso relacionamento.
Tenho vergonha de como agi naquela época.
Briga com o passado
Questionava minha namorada incessantemente. Tentava fazê-la se sentir culpada por ter tido relacionamentos ruins no passado. Eu era hipócrita, considerando que meu passado era semelhante ao dela. E ela mal ligava para os meus relacionamentos prévios.
Foi muito difícil para ela. Tente imaginar seu parceiro constantemente brigando com seu passado, te julgando. Depois te fazendo sentir mal sobre isso, obcecado com coisas que não importam mais. Coisas bobas, insignificantes. Acontecimentos dos quais você não teria motivos para se envergonhar.
Apesar disso, minha namorada se mantinha tranquila e amorosa, deixando claro que eu ocupava um lugar especial em seu coração. E isso ajudava por um tempo – até que os mesmos pensamentos e questões voltassem, com intensidade renovada.
Virou um ciclo vicioso de pensamentos que eu não queria ter, da minha namorada me tranquilizando e, com isso, um pouco de alívio. Depois, voltava tudo para o início.
Nosso relacionamento durou alguns anos, mas eventualmente terminou. Meu ciúme foi um fator central para o término.
Depois que terminamos, me senti culpado e envergonhado durante um longo tempo. Repassava determinadas cenas do nosso relacionamento na minha cabeça e sofria: brigas desnecessárias, esse tipo de coisa. Me sentia culpado por ter sido tão idiota. Não parecia que aquela pessoa era eu. Eu sabia que era eu, mas sentia que havia sido sequestrado por um diabinho. Pode parecer melodramático, mas eu realmente sentia como se havia perdido o controle.
Me abrir com amigos e familiares e até com terapeutas não foi frutífero. Ninguém parecia entender. O conselho mais comum era: “supere”.
Comecei a pesquisar no Google frases como “obcecado pelo passado da namorada” e eventualmente me deparei com a expressão “ciúme retroativo” em fóruns de internet. As pessoas pesquisam a torto e a direito no Google, mas não sabem que há um nome para essa condição. Não era e não é um termo comum.
Pessoas que sofrem de ciúme retroativo caem em um “loop” de pensamentos obsessivos, emoções doloridas, ações irracionais e, por fim, ódio de si. Pelo que li, muitos psicólogos acreditam que entra no espectro de desordens obsessivo-compulsivas.
Nos fóruns de internet, encontrei algumas pessoas que mostravam compreensão e empatia, mas a maioria da retórica ali era tóxica – há muitos homens em fóruns online que parecem odiar mulheres. Há muitos que justificam seu ciúme e usam os fóruns para falar mal de mulheres. E aquilo foi confuso. Era o primeiro lugar em que as pessoas sabiam do que eu estava falando – mas, ao mesmo tempo, um ambiente de misoginia e negatividade.
Outras pessoas nos fóruns apontavam para o extremo oposto: para eles, qualquer um que tinha problemas com o passado do parceiro ou parceira atual era uma pessoa má agindo irracionalmente. Eu discordo.
Não consegui encontrar uma comunidade dedicada ao assunto e queria dar um jeito nisso.
Sentia que precisava de equilíbrio espiritual, então fui a retiros de meditação e comecei a aprender mais sobre budismo. Foi um passo importante para diminuir meu ego. Depois, comecei minha própria pesquisa.
Em seguida, comecei um blog e escrevi um livro – escrito sob um pseudônimo, porque ainda tinha vergonha. A reação ao livro foi imensa. Então, resolvi criar um curso online.
Hoje, mantenho um site onde pessoas podem procurar ajuda e dicas para lidar com ou superar essa condição.
Mais de 120 mil pessoas visitaram meu site no ano passado, de quase todos os países do mundo. E quase metade são mulheres.
Eu achava que ciúme retroativo era algo ligado ao homem e ao ego heterossexual masculino, mas não é o caso. Mulheres hetero, lésbicas e homens gays – pessoas de todas as idades, da adolescência à velhice – entram em contato comigo.
Também recebo muitos emails de pessoas da Arábia Saudita e da Índia, países onde as pessoas não são tão abertas quanto à sexualidade. Acho que quando começar a fazer vídeos no YouTube, terei uma resposta ainda maior.
Os parceiros de quem sofre de ciúme retroativo me mandam emails de partir o coração, perguntando o que podem fazer para ajudar o parceiro a superar o problema. Mas eu sempre enfatizo que quem deve resolver o problema é a pessoa, não seu parceiro. Sei da minha própria experiência – minha namorada não conseguia curar meu ciúme retroativo, não importa o quanto tentasse.
Se alguém está lendo isso e se reconhecendo, a primeira coisa que eu diria é: “Não assuma que você tem algo com o qual tem que viver para sempre. Não é verdade”.
É absolutamente possível superar ciúme retroativo. Eu sou prova viva disso.
Em relação à minha ex, é uma longa história. Tivemos algumas conversas difíceis, mas estamos OK agora. Eu a considero uma amiga, e acho que ela sente o mesmo por mim. Olhando para trás, não consigo imaginar minha vida sem aquele relacionamento, sem tê-la na minha vida. Ela me inspirou a crescer de muitas maneiras que eu não pensava ser possível.
O canadense Zachary Stockill não é um psicólogo ou terapeuta. Ele diz ter passado muito tempo “pesquisando, escrevendo e pensando sobre ciúme retroativo”, mas que não tem as credenciais de psicólogo ou de trabalho social.
Em seu site, ele recomenda começar terapia e um “plano de desenvolvimento pessoal”. Uma das dicas que dá para quem quer começar a tratar o problema, por exemplo, é exercer a gratidão por coisas do seu dia. Depois disso, eleger cinco coisas, entre seu parceiro e você, pelas quais você se sente grato também.
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