A necessidade crescente por conhecimento médico confiável, aliada aos avanços tecnológicos e ao desejo de gerar ainda mais impacto social, tem impulsionado uma geração de profissionais que enxerga a medicina para além do consultório. A possibilidade de atuar em áreas como indústria, empreendedorismo e academia, amplia as oportunidades de carreira, valoriza diferentes perfis e contribui para a construção de um sistema de saúde mais inovador, colaborativo e alinhado às transformações da sociedade.
Foi a vontade de ampliar seu impacto que motivou o cardiologista Ricardo Moraes a mesclar o consultório com a área corporativa. Hoje, além da clínica, Moraes atua como Diretor Médico da Afya, hub de educação e tecnologias para prática médica. “Sempre gostei do cuidado direto com o paciente, mas percebi que, atuando no consultório, eu conseguia impactar um número limitado de pessoas. Já em projetos de educação médica, inovação e negócios, você consegue influenciar milhares de médicos e, indiretamente, milhões de pacientes”, afirma.
Segundo ele, a formação médica é uma vantagem importante na indústria da saúde. “A capacidade de ler e interpretar ciência com profundidade, o raciocínio clínico estruturado e a empatia desenvolvida no atendimento ao paciente são habilidades muito valorizadas em ambientes corporativos”, diz.
Para quem deseja seguir por esse caminho, Ricardo reforça a importância da mentalidade aberta: “É preciso aprender um novo idioma, o das empresas, sem perder a essência do médico, que é ética, foco no paciente e compromisso com a ciência”.
Outro caminho cada vez mais presente na trajetória de médicos é o do empreendedorismo. O radiologista Gustavo Meirelles, Vice-Presidente Médico da Afya, tem o tema como parte fundamental de sua carreira. Fundador da Comunidade Inovação em Saúde, que estimula a transformação do setor, e da Ambra Saúde, startup especializada na gestão de imagens médicas na nuvem, Meirelles também atua como mentor e sócio de outras iniciativas na área.
“Empreender em saúde é uma forma de gerar soluções para problemas reais, com impacto direto no cuidado. A vantagem do médico é entender profundamente essas dores”, explica. Na Afya, com o apoio de Eduardo Moura, Diretor do Research & Innovation Center, ele também atua como promotor do intraempreendedorismo entre docentes e alunos das 33 faculdades de medicina da companhia, que somam 24 mil estudantes e 4 mil professores espalhados pelo país.
Essa aposta em inovação resultou no Programa de Inovação e Empreendedorismo Afya, uma iniciativa estratégica voltada a estimular alunos de graduação a desenvolverem ideias e projetos próprios com foco em saúde, educação e tecnologia. A proposta é oferecer uma trilha estruturada, como uma atividade extracurricular, na qual os estudantes participam de mentorias, workshops e validações práticas com usuários reais. Ao final do ciclo, os projetos mais promissores são apresentados em um Demoday nacional, com a possibilidade de receber investimento direto da Afya e avançar para programas de aceleração.
Na outra ponta da formação médica, a carreira acadêmica também oferece oportunidades de impacto e legado. Diretor Médico da Afya e professor da Unigranrio | Afya, o obstetra Marcos Vianna vê na docência uma missão essencial. “Ser médico e educador é a chance de multiplicar conhecimento, valores e práticas que impactam diretamente à saúde da população. A academia permite que a experiência do cuidado seja compartilhada, atualizada e aprimorada por meio da formação de novas gerações”, afirma.
Além do ensino, a atuação acadêmica abre portas para projetos de pesquisa, extensão e inovação, integrando teoria e prática. “A universidade é um espaço para desenvolver pensamento crítico e soluções reais para os desafios da saúde. É ali que nasce uma medicina mais humana, baseada em evidências e conectada com a sociedade”, completa.
Ao expandir suas frentes de atuação, os médicos de hoje moldam uma nova identidade para a profissão: mais plural, integrada e conectada com os desafios contemporâneos da saúde. Seja no ambiente corporativo, no universo do empreendedorismo ou na formação acadêmica, o exercício da medicina ganha novas camadas de impacto. E essa transformação não representa um afastamento do cuidado, mas sim sua ampliação: um compromisso que continua sendo com o paciente, mas que agora se estende a todo o ecossistema de saúde.