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Exposição de releituras de Quarto de Despejo emociona estudantes na Casa de Cultura de Gravataí

Mostra reúne releituras da obra de Carolina Maria de Jesus produzidas por alunos de Gravataí e Cachoeirinha e integra a programação do Mês da Consciência Negra

 

A Casa de Cultura de Gravataí amanheceu mais viva nesta terça-feira (18). Pelas salas, corredores e telas coloridas, ecoavam passos curiosos, olhares atentos e vozes jovens que buscavam compreender — e sentir — a força da escritora Carolina Maria de Jesus, cuja vida e obra seguem iluminando caminhos. Estudantes das escolas municipais Paulo Freire e Jardim Florido, além da escola Portugal, de Cachoeirinha, ocuparam o espaço com emoção e encanto, dando início à Exposição de Releituras Quarto de Despejo, que segue aberta ao público de 18 a 30 de novembro, na Casa de Cultura, com entrada gratuita.

O encontro reuniu o secretário adjunto de Cultura, Giulliano Pacheco; a coordenadora da Casa de Cultura, Ângela Xavier; a vice-diretora da E.M.E.F. Paulo Freire, Carolie Wink; a diretora da E.M.E.F. Jardim Florido, Bianca Menger; e a professora e organizadora do projeto, Amanda Lazari, que acompanharam de perto o mergulho dos alunos no universo literário de Carolina.

Em uma fala potente e sensível, Ângela Xavier lembrou que a autora continua sendo farol para tantas vidas:

Celebrar Carolina Maria de Jesus é celebrar a potência da voz negra que rompeu barreiras e transformou a literatura brasileira. Esta exposição nos conecta com a força dessa mulher que, com coragem e sensibilidade, registrou o cotidiano das favelas, denunciou desigualdades e afirmou sua própria humanidade em um país que tantas vezes lhe negou espaço.”

Giulliano Pacheco destacou a magia que os equipamentos culturais carregam — lugares onde arte, memória e afeto se encontram e transformam. Segundo ele, “o espaço cultural é, acima de tudo, um lugar de formação, acolhimento e fortalecimento da cultura”.

O secretário adjunto ainda chamou atenção para a qualidade técnica e o colorido encantador das telas, que pareciam conversar com as crianças, convidando-as a imaginar, refletir e criar. Em seguida, agradeceu às escolas envolvidas pela parceria que fortalece a educação e a sensibilidade artística no município.

A professora Amanda Lazari, que conduz o projeto com dedicação e afeto, compartilhou a importância dessa vivência para os alunos:

 

“Trazer Carolina Maria de Jesus para dentro da sala de aula e, agora, para dentro da Casa de Cultura, é oferecer aos alunos a chance de reconhecerem histórias reais, intensas e necessárias. Eles se identificam, se emocionam e aprendem a olhar o mundo com mais sensibilidade e consciência.”

Integrando a programação do Mês da Consciência Negra da Secretaria Municipal de Cultura, a exposição reafirma o compromisso de Gravataí com a valorização da memória, com o enfrentamento ao racismo e com a ampliação dos espaços de expressão e pertencimento.

 

Sobre Carolina Maria de Jesus

Carolina Maria de Jesus (1914–1977) é uma das vozes mais luminosas da literatura brasileira. Mulher negra, catadora de papel e moradora da antiga favela do Canindé, transformou dor, resistência e cotidiano em palavras que atravessam gerações. Seu livro Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada (1960) revelou ao Brasil e ao mundo a força de sua escrita direta, visceral e profundamente humana. Sua obra segue viva, pulsante, inspirando projetos que unem educação, arte e esperança — como o que hoje floresce em Gravataí.

A exposição fica aberta para visitação de 18 a 30 de novembro, na Casa de Cultura, com entrada gratuita.

 

 

 

Foto: Divulgação

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Peter Jaques
Peter Jaqueshttp://realnews.com.br
Peter Jaques é jornalista e criador de conteúdo apaixonado por contar histórias autênticas — do jornalismo esportivo à cobertura musical independente. Já atuou como repórter na Real News, acompanhando de perto as emoções do Sport Club Internacional, e também deu voz à cena alternativa em projetos como Preto No Metal e Motim Underground. Formado em Jornalismo pela UNIFRAN, une reportagem, locução e produção digital para criar conteúdos que informam, conectam e emocionam. Entre o campo e os palcos, sua escrita se destaca pelo olhar crítico e pela capacidade de envolver o público, sempre valorizando a experiência humana por trás de cada história.
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