O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu ter instado um empresário a propagar mensagens questionando a integridade das urnas eletrônicas.
“Eu enviei para o Meyer [Meyer Nigri, fundador da Tecnisa], qual é o problema? O [então presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto] Barroso havia se manifestado no exterior [sobre a rejeição da proposta de voto impresso na Câmara, em 2021]. Sempre defendi o voto impresso”, declarou Bolsonaro.
As declarações foram feitas ao jornal Folha de S. Paulo durante um voo de Brasília a São Paulo, nesta quarta-feira. Bolsonaro estava a caminho da capital paulista para realizar procedimentos médicos. Segundo o advogado Fábio Wajgarten, o ex-presidente foi internado no Hospital Vila Nova Star para exames de rotina.
As mensagens trocadas entre Meyer e Bolsonaro vieram à tona por meio do blog de Daniela Lima. No texto atribuído ao ex-presidente, ele orienta o compartilhamento de notícias falsas. Nigri responde então: “Já repassei para vários grupos!”. Veja a transcrição da conversa abaixo.
Meyer Nigri é um dos oito empresários que foram alvo de mandados de busca e apreensão devido a conversas em um aplicativo de mensagens sobre um suposto plano de golpe de Estado. Na segunda-feira (21), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu à Polícia Federal mais 60 dias para conduzir investigações relacionadas a Nigri.
“A prorrogação do prazo solicitada pela Polícia Federal é justificada, pois em relação ao investigado Meyer Joseph Nigri, há necessidade de dar continuidade às diligências, uma vez que o relatório da Polícia Federal confirmou a existência de vínculos entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo a disseminação de várias notícias falsas e prejudiciais à democracia e ao Estado de Direito”, afirmou Moraes.
No mesmo dia, Moraes decidiu arquivar as investigações contra seis empresários, mas manteve as investigações em andamento contra Nigri e Luciano Hang, proprietário da Havan.
“Sobre o segundo empresário, o relatório aponta a necessidade de extrair e analisar o material apreendido em seu celular, devido à ausência das senhas fornecidas pelo investigado. Consta, de acordo com informações da polícia, que a perícia técnica ainda está trabalhando no processo de identificação das referidas senhas”, acrescentou o ministro.
Investigação da PF No âmbito da investigação sobre um grupo de empresários que discutiram um possível golpe de estado via WhatsApp, a Polícia Federal encontrou uma mensagem do contato “PR Bolsonaro 8”, que ataca, sem evidências, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Supremo Tribunal Federal (STF) e o instituto de pesquisa Datafolha.
A Polícia Federal convocou o ex-presidente para prestar depoimento em 31 de agosto sobre o assunto. Esse será o quinto depoimento de Jair Bolsonaro em investigações conduzidas pela PF. Ele já foi convocado para prestar esclarecimentos sobre:
As joias doadas pelo governo saudita; Os atos golpistas de 8 de janeiro; A suspeita de fraude nos cartões de vacinação; O suposto plano de golpe denunciado pelo senador Marcos do Val.
Veja a transcrição da troca de mensagens entre Meyer e Bolsonaro, que foi revelada pela jornalista Daniela Lima:
PR Bolsonaro 8: O ministro Barroso está percorrendo o exterior falando sobre o atual processo eleitoral brasileiro como algo seguro e confiável. O pior é que ele mente sobre o que foi tentado aprovar em 2021: o voto impresso ao lado da urna eletrônica. Ele se reuniu com líderes partidários, e o voto impresso foi derrotado. Isso é chamado de INTERFERÊNCIA. O comportamento desses três ministros do TSE/STF prejudica a democracia e apenas aumenta a suspeita de fraudes preparadas para as eleições. O DataFolha infla os números de Lula para dar respaldo ao TSE no anúncio dos resultados eleitorais. COMPARTILHE AO MÁXIMO.
Meyer Nigri: Já compartilhei em vários grupos.
Meyer Nigri: Quanto tempo, não nos falamos. Como você está?
Meyer Nigri: Abraços de Veneza.
Descobertas do Inquérito
As mensagens divulgadas revelam um diálogo entre Bolsonaro e Meyer Nigri, onde o ex-presidente orienta a disseminação de conteúdo questionando a legitimidade das urnas eletrônicas. No texto, Bolsonaro critica o ministro Barroso por sua abordagem do processo eleitoral no exterior, acusando-o de distorcer a tentativa de aprovar o voto impresso em 2021. Ele expressa preocupação com a interferência na democracia e a suspeita de fraudes nas eleições.
Meyer Nigri responde positivamente, afirmando que já compartilhou a mensagem em vários grupos. Além disso, a troca de mensagens também revela um breve reencontro entre os dois, com Meyer indagando sobre a saúde de Bolsonaro e enviando saudações de Veneza.
Envolvimento de Empresários
Meyer Nigri não é o único empresário envolvido nessa controvérsia. A investigação está focada em um grupo de oito empresários que discutiram alegações de um suposto golpe de Estado através do WhatsApp. Alexandre de Moraes, ministro do STF, decidiu estender o prazo das diligências envolvendo Nigri, alegando a existência de vínculos entre ele e Bolsonaro, incluindo a disseminação de notícias falsas que ameaçam a democracia e o Estado de Direito.
No entanto, Moraes optou por arquivar as investigações contra seis dos empresários, mas manteve as investigações sobre Nigri e Luciano Hang, dono da Havan. A decisão foi baseada na necessidade de análise técnica do material apreendido, incluindo a obtenção das senhas dos dispositivos dos investigados.
Depoimentos e Inquéritos Anteriores
Essa não é a primeira vez que Bolsonaro é convocado a prestar depoimentos em investigações conduzidas pela Polícia Federal. Ele já foi questionado sobre assuntos variados, desde as joias doadas pela Arábia Saudita até acusações de envolvimento em supostos planos de golpe.
Agora, Bolsonaro enfrenta mais um depoimento agendado para 31 de agosto, relacionado à investigação sobre o grupo de empresários e suas discussões no WhatsApp. A Polícia Federal descobriu mensagens no celular de um dos empresários, identificado como “PR Bolsonaro 8”, que propagavam teorias sem evidências sobre a integridade das instituições e processos eleitorais.
Enquanto as investigações continuam a lançar luz sobre esses eventos, a controvérsia em torno do envolvimento de Bolsonaro e empresários em discussões de possíveis golpes e disseminação de notícias falsas continua a alimentar debates e preocupações sobre a democracia e o Estado de Direito no Brasil.



