O secretário da Receita Federal, José Tostes, perdeu seu cargo trinta e sete dias após membros do governo Bolsonaro tentarem entrar no país ilegalmente com um conjunto de joias presenteado pelo regime da Arábia Saudita à primeira-dama Michelle Bolsonaro, sem declará-lo na alfândega.
Antes da queda de Tostes, quatro tentativas foram feitas para tentar entrar com as joias no país, e o presidente Jair Bolsonaro nomeou Julio Cesar Vieira Gomes, um auditor fiscal de carreira e especialista em direito tributário, para chefiar a Receita em seu lugar. A escolha de Julio Cesar já era conhecida anteriormente, mas foi vazada no dia 3 de dezembro de 2021, juntamente com a notícia de mudanças importantes nas secretarias do Ministério da Economia.
Tostes, que já era aposentado da Receita, era bem avaliado pela área técnica em geral, mas estava em conflito com a família Bolsonaro por conta das investigações da prática de “rachadinha” na Assembleia do Rio de Janeiro contra seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro. Guedes, o então ministro da Economia, ofereceu a Tostes um cargo na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Paris, e anunciou a criação de outros dois cargos de adido da Receita na Índia e em Bruxelas. No entanto, Tostes nunca assumiu o cargo em Paris.
Julio Cesar atuou para liberar as joias apreendidas pela Receita, mas sem sucesso. Em 30 de dezembro de 2022, um dia antes do término do mandato de Bolsonaro, ele foi indicado pelo presidente para assumir um cargo na Embaixada brasileira em Paris, mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reverteu a nomeação no início do governo Lula.