Eugênio Andres: a história de um produtor artesanal de fumo em corda

Eugênio Andres, juntamente com sua esposa, filho e nora, reside em Arroio do Tigre, a 245 km de Porto Alegre. Eugênio Andres produz fumo em corda há mais de 52 anos e também é o fundador da marca Fio de Ouro, que é uma marca de fumo em corda. No ano de 1971, Eugênio resolveu começar a produzir fumo em corda. No primeiro ano, a produção foi de 3.000 quilos. Depois, ele começou a comprar o fumo e fabricar em sua própria empresa, vendendo na região de Cruz Alta, Santa Rosa, Santo Ângelo, divisa com a Argentina, Soledade, Passo Fundo, Erechim, Vacaria, Santa Catarina e Paraná. O processo é feito todo no depósito e envolve diaristas, esposa, filhos e nora.

A família planta a semente Jaguari gigante. Atualmente, o filho Marco é o proprietário da firma, mantendo a mesma marca que sempre foi reconhecida, Fio de Ouro, e que mantém clientes desde o início das atividades de venda, feita por Eugênio e seu filho sempre juntos.

Primeiro, o fumo é colhido na lavoura, os talos são retirados e é deixado de 2 a 3 dias num estaleiro para amarelar e murchar. Depois, é feito o trabalho da corda, colocando-se as folhas e fazendo a corda, que é apertada pela cambota e enrolada em sarilho. Nos primeiros 7 a 8 dias, a corda é virada 3 vezes ao dia e leva em torno de 30 a 60 dias para ficar pronta. Para o consumo, é conservado com uma água que sai do próprio fumo, que se chama guarapa. Depois de fervida, ela se torna o mel de fumo, usado para conservar o fumo, podendo ficar até 2 anos. Quanto mais tempo no mel, melhor, esse processo é para conservar o sabor e também a vida útil do fumo. A produção de fumo em corda requer muita dedicação, explica Eugênio, pois esse tipo de fumo dá trabalho o ano todo. Ele é artesanal, trabalhoso e contínuo, pois a cada 15 a 20 dias, é necessário virar e passar mel novamente. Isso exige paciência, atenção e muito capricho.

Eugênio sempre prezou pela qualidade e quer manter a credencial da marca para o futuro, o que é importante em qualquer negócio. Eles vendem o fumo em corda em 100 gramas, meio quilo, um quilo, rolos de 15 a 20 quilos. A produção vai de dezembro a abril e o estoque é mantido durante o ano. A venda anual da empresa é de aproximadamente 8.000 a 10.000 quilos, sendo que há alguns anos atrás chegava em torno de 25.000 quilos. Eugênio e Marco têm 8 famílias que são parceiros e que plantam e colhem o fumo em corda para revender para a firma Eugênio Andres.

“Sou amante do fumo de corda”, conta seu Eugênio aos 75 anos. “Ele me ajudou a manter minha família e dar um futuro melhor a eles. O que ganhei não dá para levar em conta. O melhor de tudo foi as amizades que fiz em todo o Brasil. Sempre trabalhei com humildade, capricho e de forma honesta. Já recebi visitas de fora do país, holandeses, americanos, franceses, japoneses e chineses, de empresas fumageiras que, por curiosidade, vêm experimentar o fumo, que em outros países não têm. A família plantou 22 mil pés de fumo em corda e vai colher em torno de 1.500 quilos devido à seca. Me sinto muito feliz e realizado fazendo aquilo que gosto”, encerra Eugênio.

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