Dei o meu melhor, como aconteceu com o personagem de Macaulay Culkin no clássico Esqueceram de Mim (1990). No filme, após ser literalmente pisoteado pela própria família que tratou ele como se não fosse ninguém, o garoto é deixado para trás. Não por maldade explícita, mas por descaso. E isso diz muito.
Antes que o Bradesco transformasse essa história em um texto publicitário açucarado, havia ali uma verdade incômoda: as pessoas deixaram de sentir. E quando os adultos deixam de sentir, as crianças sentem por eles. Sentem tanto que se isolam. Hoje, muitas vezes, em jogos de celular, telas e silêncios.
Na propaganda recente, o ator dar a entender que a criança do filme era “cheia de esperança”. Não era. Kevin era um menino cheio de raiva, abandono e frustração.
Um garoto que precisou aprender a se virar sozinho porque foi esquecido. Só depois de enfrentar o medo, o perigo e a solidão é que ele entende o valor da família justamente na noite de Natal.
O erro nunca esteve na criança. O erro foi de uma mãe que acordou atrasada, correu para viajar e esqueceu que havia colocado o próprio filho de castigo no porão. Mas, como sociedade, preferimos lembrar apenas do final feliz. É mais confortável. Eu sei como é.
No entanto, a vida real não tem trilha sonora de Natal nem vizinhos gentis para salvar o dia. Crianças esquecidas hoje crescem carregando marcas que não aparecem em comerciais de banco.
Encerrando este ano, desejo um Feliz Natal. Vou tirar alguns dias para descansar e retorno na segunda semana de janeiro, com novidades e ainda mais garra para lutar por uma saúde mais digna para nós, os pobres. Também trarei novas matérias, passando pelo entretenimento e por outras áreas que precisam ser discutidas com humanidade.
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