O cenário de negócios nos Estados Unidos segue aquecido em 2025. O país abriga cerca de 33,2 milhões de empresas, sendo 99,9% de pequeno porte, segundo dados do Clearly Payments. Essas pequenas empresas empregam quase metade da força de trabalho norte-americana, atuando em setores como varejo, serviços, manufatura e construção.
O cenário também representa oportunidades para imigrantes. Com mais de dois milhões de brasileiros vivendo atualmente nos EUA, conforme o Itamaraty, o país se consolida como destino preferido de quem deseja empreender e, ao mesmo tempo, obter residência permanente. O visto EB-5 é o principal caminho legal para esse perfil, já que conecta empreendedorismo à concessão do green card.
Segundo o USCIS, a emissão de vistos EB-5 cresceu 42% entre 2023 e 2024, e o Brasil já é o 7º país com mais concessões, de acordo com o EB5 Brics. “A nova administração de Donald Trump sinaliza intenção de incentivar o empreendedorismo, o que pode beneficiar programas como o EB-5”, afirma o brasileiro Daniel Vasconcelos, Business Broker da First Choice Business Broker, uma das principais firmas de intermediação de negócios nos EUA, com atuação na Flórida e em Massachusetts.
O visto EB-5 exige um investimento mínimo de US$ 800 mil e a geração de empregos formais nos Estados Unidos. “O investimento é feito em empresas credenciadas pelo governo americano, chamadas de Regional Centers, que conduzem grandes projetos financiados por esse programa”, explica o advogado de imigração Gustavo Nicolau, da Green Card US. “Embora essas empresas sejam credenciadas, o governo não atua como garantidor ou fiador em nenhum aspecto do negócio”, ressalta.
Já o visto E-2, alternativa viável para brasileiros com dupla cidadania de países que mantêm tratado comercial com os EUA, permite empreender com aportes a partir de US$ 100 mil. Apesar de possibilitar viver e trabalhar no país gerenciando o próprio negócio, o E-2 não garante um caminho direto para o green card. “O E-2 facilita uma chegada rápida nos EUA e, como regra, permite que a pessoa viva e trabalhe no país por cinco anos, com chance de renovação do visto”, afirma Nicolau. “Embora não se trate de um green card, é possível solicitar — durante a vigência do E-2 — a residência permanente, que, se aprovada, pode ser concedida já em solo americano.”
O nível de investimento exigido de imigrantes não difere significativamente das condições enfrentadas por empreendedores americanos: segundo a Guindante Financial, 30% dos proprietários de pequenos negócios nos EUA afirmam ter investido entre US$ 100 mil e US$ 500 mil para iniciar suas operações.
A escolha do setor é um ponto a ser estudado. “Se você é dono de um hotel no Brasil, faz mais sentido adquirir algo relacionado nos EUA. Isso aumenta a coerência do processo migratório”, explica Vasconcelos. “Já quem tem perfil empreendedor, com histórico em negócios variados, pode investir com mais liberdade.”
Além da intermediação de negócios, Vasconcelos orienta seus clientes na seleção de segmentos com maior potencial de retorno. Entre os destaques estão o setor de franquias, que movimentou US$ 858 bilhões em 2023, segundo a International Franchise Association, além de áreas como limpeza comercial e residencial (US$ 78 bilhões por ano) e cuidados domiciliares a idosos (US$ 45 bilhões), que crescem rapidamente.
Entre as estratégias mais seguras está a aquisição de empresas já em funcionamento. “Você compra o chamado ‘goodwill’, ou seja, a reputação da marca, a carteira de clientes, a estrutura pronta e, muitas vezes, consegue acesso facilitado a financiamentos nos EUA. É um caminho mais seguro do que começar do zero”, diz Vasconcelos.
“Franquias já em operação são ideais porque oferecem suporte, marca consolidada e menor risco”, afirma. Negócios considerados simples, como lavanderias ou serviços de manutenção, também são boas apostas: “Eles podem não ser glamourosos, mas geram receita estável e são muito procurados.”
Segundo Vasconcelos, o sucesso de um investidor depende diretamente de planejamento e informação. “Mais do que nunca, é essencial buscar orientação e entender as opções. As políticas atuais favorecem quem está preparado para empreender com responsabilidade. Caso contrário, o mercado e o governo não perdoam.”
Vasconcelos diz que empreender nos EUA é mais do que um caminho para a imigração legal: “Trata-se de uma decisão estratégica com potencial de garantir estabilidade financeira e crescimento pessoal duradouro”, afirma.