O debate promovido pela Acigra, entre os candidatos à prefeitura de Gravataí, revelou muito mais do que simples propostas políticas. Sobretudo, mostrou o contraste gritante entre quem está focado no futuro da cidade e aqueles que parecem presos a um passado repleto de ressentimentos. Como diria o icônico Cazuza, foi uma verdadeira “metralhadora cheia de mágoas”, principalmente no comportamento de Marco Alba.
Desde o início, ficou claro que a aliança silenciosa entre Marco Alba e Bordignon estava destinada a transformar o evento numa emboscada contra o atual prefeito, Luiz Zaffalon. A dobradinha entre os dois, especialmente quando não houve qualquer ataque mútuo, fez parecer que Bordignon, do PT, era o verdadeiro vice de Alba, o que levanta questionamentos sobre a integridade dessa aliança. A neutralidade entre os dois, somada ao foco no ataque a Zaffalon, evidenciou um comprometimento implícito de Marco Alba com a esquerda, algo que já havia dado sinais claros no passado, ao ter escolhido um vereador de esquerda como vice em sua chapa anterior.
Zaffalon, por sua vez, manteve-se sereno e comedidamente focado no futuro de Gravataí. Não se deixou abalar pelos ataques constantes de seus adversários e apresentou propostas concretas, como a continuidade do projeto das escolas militares, algo que incomodou particularmente Bordignon, que preferiu atacar a ideia sem oferecer uma alternativa viável para a educação. Isso, vindo de alguém que atua na área educacional, é no mínimo decepcionante.
O que mais surpreendeu foi a postura agressiva de Marco Alba. Ao invés de usar o tempo do debate para discutir projetos e soluções, ele optou por um comportamento beligerante e emocionalmente instável, destilando ataques pessoais a Zaffalon. Alba o qualificou com adjetivos depreciativos, como “covarde”, “arrogante” e “mentiroso”, revelando um profundo rancor e uma clara falta de controle emocional. É difícil imaginar como alguém que não consegue manter a compostura num debate público pode ter a capacidade de liderar uma cidade com sabedoria e equilíbrio.
Enquanto Alba se atrelava a um passado conturbado, tentando desesperadamente justificar suas gestões anteriores e, ao mesmo tempo, atacando pessoalmente Zaffalon, o atual prefeito permaneceu no controle da situação. Ele respondeu a todos os ataques com firmeza, mas sem perder a razão ou baixar o nível, demonstrando maturidade política e uma visão clara para o futuro de Gravataí.
Bordignon, por outro lado, pouco acrescentou ao debate, especialmente ao não mencionar os escândalos pessoais que o envolvem, como as conversas comprometedoras com uma adolescente. Nem ele, nem Alba tiveram a coragem de trazer essas questões à tona, preferindo focar em ataques a Zaffalon, enquanto ignoravam suas próprias fragilidades morais.
Dito isso, caso algum dos candidatos se sinta ofendido pela minha análise democrática, que reflitam: o eleitor merece mais do que um show de rancores e mágoas, merece propostas concretas e líderes que saibam manter o controle.
Da legalidade sobre a opinião
É importante lembrar, como ressalto em respeito aos princípios da intervenção mínima e da preponderância da liberdade de expressão, o entendimento do TSE reconhece que “as críticas políticas, ainda que duras e ácidas, ampliam o fluxo de informações, estimulam o debate sobre os pontos fracos dos possíveis competidores e de suas propostas e favorecem o controle social e a responsabilização dos representantes pelo resultado das ações praticadas durante o seu mandato” (REspe nº 0600057–54/MA, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, DJe de 22.6.2022). Ademais, no processo eleitoral, “a difusão de informações sobre os candidatos – enquanto dirigidas a suas condutas pretéritas e na condição de homens públicos, ainda que referentes a fato objeto de investigação, denúncia ou decisão judicial não definitiva – e sua discussão pelos cidadãos, são essenciais para ampliar a fiscalização que deve recair sobre as ações do aspirante a cargos políticos e favorecer a propagação do exercício do voto consciente” (AgR-REspe nº 0600045-34/SE, Rel. Min. Edson Fachin, DJe de 4.3.2022).