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Do Desespero à Sobrevivência: Como a Última Janela Salvou o Grêmio

Restando apenas quatro rodadas para o fim do Brasileirão, o Grêmio vive uma rara sensação de alívio em uma temporada marcada pelo drama constante. A vitória contra o Vasco, na Arena, fez o time abrir sete preciosos pontos para o Z4. E agora, diante do Botafogo, no Rio, o Tricolor tem a chance de selar matematicamente sua permanência — desde que repita o desempenho seguro da última rodada e conte com um tropeço do Vitória.

Mas mais do que falar do jogo, é preciso reconhecer o ponto-chave dessa arrancada: a última janela de transferências, que, pela primeira vez na gestão Alberto Guerra, mostrou planejamento, qualidade e impacto imediato. É quase irônico: depois de três anos de erros, contratações aleatórias, dívidas crescentes e um elenco constantemente em colapso, foi justamente na reta final que a direção conseguiu montar um grupo capaz de evitar a quarta queda à Série B.

Noriega, contratado como volante, virou solução improvisada — e eficiente — na zaga, em um setor que vivia em estado de alerta. Marcos Rocha, experiente e vencedor, estabilizou o lado direito. Arthur devolveu cor, vida e inteligência ao meio-campo, tornando-se o protagonista absoluto desse time. Carlos Vinicius, de começo desacreditado, virou goleador determinante, com oito gols em 11 jogos. E nomes como Balbuena e Willian, mesmo prejudicados por lesões, mostraram em poucas partidas que elevariam o nível do time se tivessem continuidade.

Se estes reforços estivessem disponíveis desde o início — ou, ao menos, tivessem escapado das graves lesões — a briga gremista certamente seria por Libertadores, não por sobrevivência. Ainda assim, garantir uma vaga na Sul-Americana já é uma conquista considerável para quem passou a maior parte do campeonato flertando perigosamente com o desastre.

Por isso, pela primeira vez, cabe um reconhecimento à gestão Guerra: a janela funcionou. Tarde, muito tarde — mas funcionou. Esses acertos não podem ser exceção; precisam virar regra. O Grêmio tem nas mãos um exemplo claro de que qualidade técnica, experiência e perfil adequado fazem toda a diferença.

Agora, a missão é simples e urgente: manter a Série A no bolso, encerrar a temporada com dignidade e transformar essa evolução pontual em planejamento real. Porque, se depender apenas de milagres de última hora, nenhuma diretoria sobrevive — e nenhum torcedor aguenta.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio

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